terça-feira, 18 de outubro de 2011

Dia do Médico 18 de Outubro





Medicina com amor!




Lembro-me até hoje o dia que decidi ser médica, tinha cinco anos de idade. A partir deste dia nunca mais tive dúvidas e jamais pensei em fazer outra coisa até o dia do vestibular. Igual ao Nelson Freire que nasceu com o piano dentro dele e minha irmã nasceu com a arquitetura dentro dela, nasci com a Medicina dentro de mim. Como eu tinha bronquite asmática estava sempre fazendo inalações, tomando medicamentos e injeções, assim que pude, convenci minha mãe trazer a seringa com agulha da farmácia quando eu ia tomar alguma injeção. Ela confiou, e a partir daquele dia, minhas bonecas levaram todas uma injeção. Como elas eram de plástico, a marca do furo ficava, e cada uma tinha vários  furinhos. Além disso, eu tinha minha caixa de remédios. Todos os remédios que eu tomava, pedia para minha mãe não jogar o vidrinho fora e os guardava para depois brincar... Eu nunca pensei em ser médica por "status" ou dinheiro, minha única intenção era, e é ajudar pessoas.  Escolhi a Neurologia por dois motivos: primeiro porque a amo, e segundo porque é uma especialidade difícil, quase não há cura para as doenças, as pessoas ficam deficientes... Deve ser difícil ter uma doença neurológica, então, achei que essas pessoas eram as que mais precisavam de mim... Sempre peço a Deus que me ajude que me inspire fazer o melhor para cada um dos meus pacientes. Quando eu era pequena, por volta dos sete anos de idade, minha série preferida era "A incrível jornada da doutora Meg Laurel" (The Incredible Journey of Doctor Meg Laurel), com a atriz Lindsay Jean Wagner, a mesma que fazia a série "A Mulher Biônica". Era uma médica, brilhante e corajosa,  que nos anos 30 tinha deixado o conforto e a segurança de Boston para cuidar da população de uma pequena cidade do interior. Lá foi ela, sozinha, conduzindo uma carroça com os medicamentos que dispunha da cidade grande no bagageiro. Vivia simplesmente em uma casinha da cidade, não cobrava nada por seu atendimento. Eu amava assistir essa série. Foi assim que cresci. Não é fácil ser médico. Temos que conviver com o ser humano, a doença e a morte. Fico triste por não valorizarem os médicos como eles deveriam ser valorizados. Trabalhamos muito, fazemos coisas terríveis para aprender, estudar e atender os pacientes. Na faculdade, temos que estudar muito... São noites e noites sem dormir. Quantas vezes eu dormi sentada com o livro nos braços estudando, e toda hora que acordava, lia um pouquinho, e voltava a dormir. Na residência médica, fazemos coisas absurdas, ultrapassamos os limites do corpo. Já cheguei entrar de plantão em uma quinta feira e sair na segunda à noite. Quando já era impossível se manter em pé, dividíamos os horários no plantão, era uma hora e meia para cada um descansar na madrugada. Já descansei no chão na UTI com um colchonete, em sofá de dois lugares onde os pés as pernas ficavam para fora. Já descansamos em cima da maca, sentados e apoiados com a cabeça em cima de uma mesa. Uma vez, quando tudo já estava calmo, dividimos uma poltrona para três pessoas na UTI.  Os médicos deveriam ser mais valorizados, mas vamos levando, tirando "água de pedra" como muitos dizem por aí... Acredito que sejam poucos os médicos que escolheram a medicina visando dinheiro, status, ou que a família tenha imposto. A maioria escolheu a medicina pelo amor ao próximo, e hoje é nosso dia! Parabéns a todos os médicos que exercem a medicina com o mais sublime amor...  


Nenhum comentário:

Postar um comentário