quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Chuva de Granizo!



Chuva de Granizo



Era bom era,
Que uma chuva de granizo
Caísse agora!
Fizesse o barulho que quero fazer,

E que falasse por mim,
Caísse por mim,
Batesse por mim,
Corresse por mim...

Faz tempo que não vejo chuva assim!
Que vem do nada,
Que limpa tudo,
E faz barulho na calçada!

Não deixa ninguém sair de casa,
Causa um apagão,
Deixa todo mundo quietinho,
Calados e com os pés no chão...

Ah, chuva da minha infância!
Eu não sabia por que o gelo caía...
E tudo era tão divino...
Era boa toda aquela magia...

Infância e chuva é uma grande gargalhada,
Com pedras de gelo uma piada,
Lava a alma e faz música,
Faz tocar uma balada!

sábado, 18 de agosto de 2012

Mar!




Mar


Faz tempo que não te vejo,
Que não piso na tua areia,
Que não mato meu desejo,
De em tuas ondas me jogar.


Mar enfeitado com sol ou luar,
É sempre minha alegria!
De noite ou de dia,
Uma doce melodia!

Quero logo é te ver!
E nas tuas ondas fazer graça,
Perde-me junto à maresia,
Pisando na areia descalça!

E ao te ver, mar!
Sinto que também sou natureza!
Que minha vida é com certeza,
A manifestação dessa beleza.

Preciso estar na sua frente,
Tomar um banho de mar frio,
Para saber que ainda existo,
Para além daquele rio...

Eu quero, quero sentir o arrepio
Depois de sair das suas  águas frias,
Eu quero, quero sentir cócegas,
Quando pisar na sua areia macia...

Quero aguçar todos os meus sentidos,
Ficar te olhando e pensando,
Como é lindo seu céu,
E colocar tudo isso no papel...


  








Amor!


Ah meu amor!
Tão longe você está...
Diga-me, diga-me,
Onde andarás?

Faz tempo que não te vejo,
Como você faz falta!
O tempo se arrasta,
A tristeza me assalta!

Porque tem que ser assim?
Esse mistério sem fim?
O futuro incerto...
Pareço estar num deserto...

Porque não posso ver?
Além do que os meus olhos veem?
Porque não posso ir
Onde minhas pernas não alcançam...

Minha cabeça dói,
De tentar pensar onde você está...
Pensamento sem fim...
Que o cansaço destrói...

Sinto-me tão perdida,
Nesse mundo tão surreal,
E é seu sorriso de criança,
Que faz minha vida ideal...

Sem você para me entender,
Nada posso fazer,
Apenas caminhar sozinha,
E esperar para ver...



Minha amiga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)





Minha amiga na UTI

Recebo um telefonema de uma amiga, perguntando se eu tinha notícias de outra amiga em comum. Calmamente respondo: “- Ainda não consegui falar com ela hoje...”. Nos dias de hoje a vida é assim, uma correria, todo mundo de lá para cá de cá para lá... Logo em seguida minha amiga responde: “- Você não sabia, ela está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva)”. Fiquei perplexa e disse: “- Como assim na UTI? Falei com ela ontem estava tudo bem...“.
E a vida é assim, um dia estamos bem, no outro estamos na UTI, por isso cada vez mais me convenço que temos de viver o presente como o melhor momento, não dá para esperar por dias melhores, dias melhores, dias melhores... Ilusão! Pura ilusão!
Eu como médica, posso entrar a qualquer hora do dia nos hospitais.  Assim que conseguisse terminar todos os meus pacientes eu correria para o hospital ver minha amiga. E assim fiz, deveria ser mais ou menos sete horas da noite quando peguei meu carro na direção de São Paulo. Depois de tentar cortar caminho para me livrar do trânsito caótico de São Paulo consegui chegar ao hospital já me conscientizando que veria minha amiga, com roupa de hospital, numa cama de hospital, talvez com olhos abertos, talvez com olhos fechados, assustada ou rindo para a situação, pálida ou com boa aparência, cheia de aparelhos ou apenas uma máscara de oxigênio. E foi assim que fui me preparando para encontrar minha amiga de tantos papos, conversas, risadas, choros...
Ao chegar à recepção do hospital me identifiquei como médica, falei que tinha um paciente na UTI que precisava visitar.  A recepcionista disse: “- Pode ir!”. Pensei comigo, tudo bem posso ir, mas onde fica a UTI desse hospital. Depois de perguntar a moça disse tem UTI no sexto andar e segundo andar com cara de brava, mas se você esperar vou tentar localizá-la através do sistema no computador.  Depois de esperar a boa vontade da recepcionista mal humorada que não estava nem aí para nada, ela pediu o nome da minha amiga. E então veio o pior, eu não sabia o nome completo dela, porque a chamamos por parte do nome. Ela é daqueles casos que nunca podemos imaginar que o nome dela verdadeiro é aquele... Depois de muito pensar, analisar lembrei-me do nome ou parte dele.  Porém, na busca no computador não aparecia o nome. Não podia ser, se ela estava ali, estava ali, talvez eu desconhecesse parte do nome dela, tentei ligar para outras amigas e quando você precisa falar com alguém urgente, o celular da pessoa chama até cair na caixa postal, ou já vai direito para a caixa postal ou fica mudo, etc. Então, a recepcionista mandou que eu verificasse na internação, nada feito! Não a encontraram... O jeito foi me encaminhar até a UTI, primeiro numa e depois na outra. E assim fiz, não conhecia aquele hospital, mas de cara não goste, pensei: “- Ai meu Deus”! Onde minha amiga está? Encontrei a porta da UTI apertei o interfone expliquei a situação e a voz falou do lado de lá: “- Pode entrar!”. Até então, não haviam me pedido nenhuma identificação de médica e eu andava lá igual à uma barata tonta pelo o hospital que brinca ser hospital.
Abri a porta da UTI, não havia ninguém no corredor. Eu entrei, lavei as mãos, olhei as placas e me dirigi a UTI adulto.  Chego à porta da UTI desesperada para encontrá-la, e naquela sala enorme cheia de leitos, vou olhando leito por leito na esperança de encontrar minha amiga.
Eu particularmente não gosto de UTI, nunca seria médica intensivista. Imagina só uma grande sala uma cama do lado da outra, um pior que o outro, não se pode levantar, não se pode ir ao banheiro, preso àqueles aparelhos eletrônicos. O paciente ali, vendo toda aquela confusão, parada aqui, parada ali... Já estava sufocada de procurar minha amiga olhando todos aqueles rostos desesperados e sozinhos dos pacientes, quando apareceu uma assistente da UTI e me perguntou: “-Quem você está procurando?”, então expliquei: “- Eu sou médica e estou procurando uma amiga que está internada nesta UTI”. Disse-lhe o provável nome completo. Ela procurou, procurou e nada! Perguntou: “- Mas como ela é?" Então comecei a descrevê-la e mais ou menos o que tinha acontecido e porque ela estaria lá. Não, não tinha nenhuma moça assim com essas características em nenhuma das UTIs.
Saí da UTI sem saber o que pensar... Cadê minha amiga? Desapareceu? Nunca esteve aqui? Já esteve e foi para o quarto? Está sequestrada? Sentei no sofá fora da UTI para descansar em estado de “choque”, o que fazer? Um velhinho sentado no sofá da frente olhava para mim. Nesse momento lembre-me de todas as pessoas que procuram seus entes queridos desaparecidos em hospitais, IMLs etc. Não é uma experiência nada fácil e agradável. Resolvi recorrer ao telefone celular de novo, quem sabe estaria dando o nome errado no hospital. Enfim consegui localizar alguém que poderia resolver meu problema. Não ela não estava internada naquele hospital, informação errada! Ela estava internada em outro hospital da mesma rede daquele em que eu estava... Apesar de querer vê-la, estava cansada demais e aceitei, meio a contra gosto, a informação que ela estaria bem.  Voltei para casa com saudades da minha amiga e pedindo à Deus por sua saúde...  Ainda vamos dar muitas risadas juntas...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sala de Aula!


Sala de Aula

E naquela sala de aula, naquele dia, havia uma riqueza de experiências vividas relatadas por cada aluno! Eu fazia parte da turma e pude viver um momento que jamais poderia esquecer na minha vida. Falo no passado, porque  aquele momento já foi, não existe mais, talvez nunca  mais exista a medida que formos conhecendo um ao outro, mas estávamos ali  para compartilhar o motivo que nos levará para aquela sala de aula.
A professora pediu para que cada aluno se apresentasse, dissesse seu nome, idade e o motivo que o levará até à faculdade de direito!  E daquele momento saíram relatos incríveis, e sorrisos e gestos enfim, um momento ímpar em nossas vidas.
Descobrimos que éramos um grupo totalmente heterogêneo num mesmo curso, muito diferente da sensação que tive quando entrei na faculdade de medicina. Eu era muito jovem, adolescente, assim como todos os alunos da classe.  A faculdade de medicina era de dia, ninguém trabalhava, éramos apenas estudantes, diferentes dos alunos do curso de direito noturno onde a idade dos alunos variava de dezessete a talvez sessenta ou mais, alguns não quiseram falar a idade... Ali ficou provado que não existe idade para quem quer estudar, não existe idade para quem tem um sonho, porque sonho não tem idade.    O dinheiro também não é motivo para frear uma pessoa que quer estudar ou que tem um sonho que necessite de dinheiro, pois há sempre um jeito, podem-se financiar os estudos e depois pagar o curso quando se formar!  
Homens, mulheres, jovens, adultos, terceira idade não há idade para o ser humano na sua condição de alma.  Não há diferença entre raça, cor, condição econômica, o sonho é livre, gratuito, basta acreditar e por em prática! Mesmo que erremos ou não consigamos levar o sonho em frente podemos falar: “- Eu sonhei e tentei!”.   Nada mais bonito que dar o primeiro passo em busca do conhecimento...
Percebi também que é possível mudar! Não precisamos bater na mesma “tecla” a vida inteira... E porque “não” a mudança? E porque não transformar água em vinho? Mudamos a cada instante de nossas vidas. A vida é alquimia, transformação, é mudar para o que julgamos melhor para nossa evolução como seres humanos. E como é bom percebermos que o homem não para, que o homem pode vencer obstáculos, pode questionar, pode filosofar, pode mudar!  Pode haver milhares de pessoas que passam pela vida apenas vivendo,mas fico feliz quando vejo pessoas seguindo, enfrentando a preguiça, o desânimo, o medo, a idade, as doenças, as condições socioeconômicas em que se encontram e talvez uma dificuldade de aprendizado inerente ao esforço da pessoa, mas talvez por condições da própria saúde. Não é todo mundo que nasce um gênio, mas o sonho, a força de vontade, todos podem ter!  

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A Saga das Lagartixas!





A Saga das Lagartixas



E por incrível que apareça matei duas lagartixas. Eu peço desculpas por elas do fundo  do meu coração...  Juro que jamais pensaria em matá-las, mas elas se colaram debaixo dos meus pés... Queria eu estar tranquila, e elas longe de mim... Mas estavam firmes esperando um espaço para que eu as pisasse.  A primeira foi uma bege tonta, idiota de bordados pretos pelo corpo¸ quase me matou do coração quando a pisei na porta do banheiro, com luzes da casa todas apagadas... Ao sentir aquela coisa mole, borrachuda debaixo do meu pé, gritei do fundo do meu ser para que aquela coisa desaparecesse! Era de madrugada, todo mundo que estava dormindo na casa se levantaram assustados, mas mais assustada estava eu com aquele bicho mole tonto na frente dos meus olhos, só de pensar que tinha pisado nela meu corpo se arrepiava por inteiro, meu coração estava disparado, estava em estado de choque, pulava de um lado para o outro e chorava com nojo e dó da lagartixa, ela não poderia sobreviver àquela pisada na sua cabeça! E então, eu pensava como neurologista. Logo pensei na cabeça esmagada. Ela não tinha chances de sobrevivência... Estava lá parada, não sei se viva ou morta...  
Por pior que possa ser, ainda levei bronca do meu pai que pensou que algo pior tivesse acontecido e não apenas o fato de eu ter pisado numa lagartixa. Minha conseguiu a pegar, e jogá-la numa sacada com plantas que fica ao lado do banheiro de nossa casa.
Depois de um copo de água com açúcar e de lavar bem o pé debaixo do chuveiro voltei para cama e dormi.
Quando acordei no dia seguinte, e olhei pela janela, lá estava ela inerte na terra. Porém eu ainda tinha esperança que ela estivesse viva... Os dias foram passando, e toda vez que passava pela sacada e olhava para lá via a lagartixa no mesmo lugar, na mesma posição, então concluí que ela não tinha sobrevivido ao trauma... Foi então que resolvi arrumar um monte de folhas de plantas e jogar em cima do bicho de forma que eu não mais a visse, com aqueles olhos esbugalhados. Não sei o que aconteceu com ela, se ela se desintegrou, virou pó, realmente não sei, mas sei que ficou lá pequeno no jardim da sacada de um apartamento no sétimo andar...
Não bastasse todo esse episódio, jamais imaginaria que “a saga das lagartixas” iria continuar, onde já se viu lagartixas nas alturas, em apartamentos! O pior é que o fato se repetiu, eu estava deitava na minha cama, mas tinha frio nos pés, levantei-me para ir até o guarda-roupa pegar uma meia, e novamente pisei em algo fofo, gritei desesperada, todos da casa acordaram, eu saí correndo não queria nem ver no que eu tinha pisado... Procuraram mas não encontraram nada... Acredito que essa deva ter sobrevivido ou ido morrer em algum canto da casa...
Agora aprendi a lição, não saio mais descalça na madrugada pela casa, para ir beber água na cozinha, colocar meias ou ir ao banheiro, meu chinelo fica do lado da minha cama, se possível acendo as luzes e olho para o chão... E não é que por incrível que pareça estes dia me levantei para beber água na cozinha, calcei os chinelos, acendi a luz do corredor que dá para a cozinha, olhei para o chão e já estava lá uma toda bege tatuada de preto com aqueles olhos grandes marrons, a saga continua...