sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Cartão de Natal e presente!










Cartão de Natal e presente!



Dra. Lilian...


Talvez para a senhora não seja nada, mas quero que saibas que te agradeço por me dar chance de voltar a trabalhar!!
E que tenhas um final de ano, começo de ano e por toda vida "muitas alegrias",

Obrigadaaaa mesmo!!!

Beijos,

Feliz  Natal e Ano Novo!!!


VA



E digo, são esses pequenos momentos que fazem da medicina uma mina de diamantes. Cada paciente que melhora é um diamante que ganho...
Ser médico é assim, anos de estudo, trabalho e sacrifício são compensados em um momento, com um cartão de Natal, dizendo: "- Obrigada doutora, eu estou melhor, eu posso voltar trabalhar! Do que parecia o impossível surge o possível...

LRG








quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Raiva







Raiva



Sabe aquela hora que você precisa falar com alguém e ninguém atende o celular e quem atende não pode falar naquela hora. Foi exatamente o que aconteceu alguns minutos atrás. Se eu estivesse morrendo morria mesmo, porque as tentativas que fiz para me comunicar com alguém foi em vão. Minhas irmãs, minha prima, meu amigo não atenderam ao meu telefonema e minha mãe atendeu e disse que estava no meio do trânsito e não podia atender o telefone. Nossa que desesperadora essa situação. O jeito foi vir até o computador e escrever na esperança que ele fale comigo! Esperança inútil, mas pelo menos eu falo com ele, quero dizer escrevo e dasabafo... Uma coisa que sempre fiz desde pequena foi escrever, escrever infinitos diários, era naquelas folhas de papel que eu acabava com meu estresse... Agora escrevo aqui, já que vivo no século XXI! Voltando ao fato ocorrido, quando sento e começo a escrever, o telefone começa a tocar, e ligaram todos aqueles com quem eu queria falar e que não puderam atender... Só que eu já não tinha vontade de falar com ninguém, já estava aqui feliz da vida entre minhas amigas letras, palavras, frases... 
  

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Natal e o Menino







O Natal e o Menino

O Natal está chegando,
Trazendo sua magia
Papai Noel trabalhando,
De noite e de dia!

Já escolhi o meu presente,
E pedi ao Papai Noel,
Eu vou ver o meu brinquedo,
Embrulhado num lindo papel!

Em alguém lugar,
Um menino vai nascer,
E trará uma mensagem,
De amor, paz, bondade  e bem querer!

Seu nome é menino Jesus,
E ficará sempre em nossos corações,
Por dizer que não há nada melhor que o “bem”,
O amor e a paz entre todas as nações!

sábado, 17 de novembro de 2012

Primavera!





Primavera



E então, após quarenta anos vivendo nesse mundo, meus olhos puderam ver, como se fosse a primeira vez, a primavera! Não, não que eu estivesse com algum problema nos olhos que me impedisse de a enxergar, mas era como eu não a visse, devia estar muito ocupada com outras coisas, mas o milagre aconteceu! E eu dei Graças à Deus por poder vê-la, e minha vida valeu à pena por esse fato, ver a primavera!
E por onde eu passo, admiro a natureza, com as árvores todas em flor, e é um festival de cores das mais variadas possíveis! As cores são tão vivas que parece que não existe lápis ou tinta que possam a reproduzi-las e o espetáculo se faz presentes todos os dias perante meus olhos. Elas são flores rosas e lilás, roxas, amarelas, laranjas, brancas, vermelhas, etc. E isso aconteceu neste ano de 2012. Posso dizer que o ano passado eu estava impossibilitada de ver qualquer tipo de flor ou cor, enxergava tudo preto e branco depois que meu amigo Flavio partira desse mundo sem ao menos dizer "tchau", sem o poder fazer, não tivera tempo para dizer. Mas a vida é sábia e me faria ver a primavera no próximo ano...
Não fosse um outro amigo, o Pedro, mostrar-me as flores um tempo antes de toda tragédia acontecer, talvez estaria apreciando a primavera agora. Nós andávamos pela rua à pé ou de carro e ele ia me mostrando as flores, as árvores, e perguntando o nome delas eu não sabia dizer e então, ele falava: "- Esse é um Ipê, essa é uma bananeira, e assim por diante... O pior de tudo, é que pouco guardei na memória o nome das árvores, folhas, passarinhos, conchinhas do mar, tartarugas que ele via, mostrava-me e dizia o nome. Eu vou ter que arrumar um jeito de aprender o nome de toda essa natureza! E para terminar não posso deixar de dizer uma frase de um escritor que gosto muito, Antoine Saint- Exupéry: " Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."   

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Paciente Trinta e Oito: A Harpa!








Paciente Trinta e Oito: A Harpa!



E se fosse pelas orações dos meus pacientes era para e eu estar muito bem! Não que eu esteja mal, mas estamos sempre querendo algo mais por nós ou por alguém que amamos e necessita de algo... Alguns pacientes sempre entram ou saem dizendo que estão "rezando", "orando", "meditando", "pedindo à Deus, aos anjos, aos santos pelo meu bem estar, que às vezes penso que eu deveria estar num paraíso, ou senão era para eu estar muito, muito, muito mal se não fosse as orações dos meus pacientes. Seja como for está bem assim e nada tenho que reclamar visto o que vejo pelo mundo. E como diz aquele ditado antigo: "- Nada está tão ruim que não possa piorar" é melhor ficar em silêncio.
O Raul contou uma história especial de sua vivência. Achei bonita e por isso resolvi relatar. Ao invés das orações tradicionais, segundo ele, um dia ouviu uma voz interior dizendo que gostaria que ele tocasse harpa como forma de oração. Ele nem conhecia o instrumento musical, não era músico, achou tudo aquilo uma loucura! Porém, tudo foi se encaminhando e do nada lhe ofereceram uma harpa para ele comprar, ele ficou impressionado. Segundo ele, a harpa é um instrumento musical difícil de ser encontrado para vender. Ele comprou, não sabia nem o que fazer, trouxe o instrumento para casa e começou a aprender tocar. E foi se aprimorando no estudo de como tocar harpa. Agora Deus o chama quando quer que ele toque harpa como forma de  oração  e isso acontece geralmente a noite. E então, ele disse que reza por mim tocando harpa. Fiquei emocionada! Quando ouviria isso na minha vida? Nunca esperei por algo tão inusitado! O mais intrigante é que o paciente não tinha nenhuma doença neurológica grave, exames neurológicos normais, era apenas uma queixa de dor de cabeça. Às vezes, no meio da noite, ele está dormindo, mas Deus o chama para tocar harpa e então, ele toca e volta a dormir...
Resolvi pesquisar sobre a harpa e descobri que foi inventada pelo povo egípcio para tocar melodias que agradavam os deuses, mas segundo a Bíblia, seu fundador foi Jubal. A harpa, juntamente com a flauta é um dos instrumentos mais antigos do mundo. 
E foi assim que meu paciente encontrou seu jeito de rezar e está bem mais feliz...   



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Show do Cantor Roberto Carlos







Show do cantor Roberto Carlos



É tudo foi calmo, como um belo final de tarde de domingo. O céu parecia  brincar, entre sol, pingos de chuvas, céu azul e céu escurecido pronto para uma tempestade que não aconteceu... Estacionei o carro onde um moço que começou a falar comigo no farol corria me indicando, para ele era muito importante que eu paresse naquele lugar onde ele poderia levar uns trocados... Ele correu tanto entre carros e gentes que eu pensava: "- Só mesmo a agilidade das pernas de um homem jovem..." Estacionei o carro sem ver direito aonde estava o estacionando, não sei se o lugar era permitido, não pensei nisso, eu estava me atrasando e precisava chegar na minha cadeira dentro do Ginásio do Ibirapuera em São Paulo.
O temporal que se formava, era de pensarmos que iriamos ficar presos dentro do ginásio ao término do show, fato que eu não estava nem um pouco preocupada. Lá estava eu caminhando, sem guarda-chuva, tentaram me vender uma capa de plástico mas não aceitei, se estivesse chovendo ao fim do show viria na chuva mesmo já estava decidida...
O meu portão de entranda, quinze, ficava logo a minha frente, entrei e pela minha surpresa, achei o Ginásio pequeno. Há muitos anos, talvez alguns vinte,  tinha estado lá no mesmo show do Roberto Carlos, nunca havia voltado e na minha memória o ginásio era enorme, tão grande que já estava ciente que veria o Roberto como um bolinha branca na multida, um floco de neve, mas pela minha surpresa minha memória tinha errado, ou talvez mudado, não sei, fato é que o lugar não era tão grande assim e minha cadeira era bem perto do palco. Enquanto que há vinte anos parecia que um oceano separava minha cadeira numerada do palco.
Tudo transcorreu em perfeita paz, enquanto o Roberto se preparava para entrar todo de branco, vendedores de água, pipoca, crepe, refrigerante e cerveja passavam oferecendo para quem quisesse comprar. Pensei comigo: "- É, essa é uma lindas tarde de domingo..."
Os expectadores eram variados desde jovens, não tão jovens, terceira e quarta idade. Todos queriam ver e ouvir o Roberto, aquele homem que canta o amor, a paz, Jesus Cristo, a natureza, suas músicas, além de letra de músicas são poemas transbordados de um homem que um dia sonhou o amor e dias de paz...
Foi então, que ele chegou meio encabulado, todo de branco, cabeludo e disse: "- É um prazer enorme estar aqui! E cantou, cantou, cantou como sempre cantou, músicas que fazem parte da nossa história, da história do nosso povo, do Brasil!
Eu conheci o Roberto desde pequenininha, na época das cassetes... Meu pai nos levava passear todas as tardes de domingo ao som da música do Roberto Carlos, era o cantor predileto dele, da minha mãe, acabou sendo o nosso, meu e da minha irmã, década de setenta tínhamos por volta dos cinco e quatro anos.
O tempo passou, o Robertou ficou, e ficará eternamente na nossa história, falando do que ele tem no coração "o amor", Graças à Deus! 

sábado, 10 de novembro de 2012

Mundo Particular!







Mundo Particular


Saudades de você e do nosso mundo particular,
Onde dávamos nomes aos peixes, aos frutos aos bicho do nosso jeito,
Frutos do mar eram "os putos de mar",
Tudo era tão nosso e particular que ficava difícil entender em qual língua falávamos....


Era engraçado entrar num elevador cheio de gente
e  falar coisas que que ninguém poderia entender...
só mesmo nós dois...
e o sorriso era certeiro, a gargalhada vinha de dentro para fora...
Nosso dia estava salvo, só o olhar de um para o outro dizia tudo...


Nossos padrões eram inconvencionais, nossos dircurssos não eram para outros entenderem,
Eram para estar de acordo entre nós...
Danava-se o mundo afora, se o nosso mundo era suficiente para nos fazer completamente felizes...
Tudo era sintonia porque os laços invisíveis que nos ligavam eram fortes demais para que qualquer chuvisco os quebrassem, era telepatia...

Procuro encontrar "nossa sintonia", nesse mundo mudo que nos separou, eu prometo que não vou desistir e um dia sabererei em que estrada a tua cruza com a minha....
Amor E Terno como diz o titulo de um llivro de meu escritor predileto: "Rubem Alves" de Boa Esperança, Minas Gerais...

Paciente Trinta e Sete: Criança






Paciente Trinta e Sete: A Criança


Eu peguei a próxima ficha de atendimento médico para chamar o paciente pelo nome: "- Ana Maria!" Eis que entra no consultório sozinho um senhor de seus setenta anos. Ele disse: "- Boa tarde doutora, minha criança não pode vir!  Pensei sem falar nada para o senhor na minha frente: "- Não acredito! marcaram uma criança na minha agenda!" A vida inteira me confundiram com neuropediatra, neurologista especializado em cuidar de crianças". Então, eu tenho que explicar que não, que sou neurologista só para adultos... Eles ficam decepcionados e dizem "- Não, não acredito... A doutora tem um jeito tão meigo, tão doce que pensei que fosse médica de crianças..." E então, eu penso com os "meus botões": " - Nem que eu fosse uma bala de coco eu seria pediatra ou neuropediatra!". O engraçado é quando a pergunta é outra: "- Você opera as cabeças também?" Nesse caso a pergunta é mais uma eresia do que qualquer outra coisa, pois eles sabem que a resposta será "não". É difícil imaginar alguém doce, delicada, meiga abrindo a cabeça de alguém com uma espécie de furadeira. Apesar de que uma mulher pode sim ser neurocirurgiã sem nenhum problema... Resolvi perguntar a idade da criança: "- Quantos anos ela tem?" Porque teria que fazer como algumas vezes fiz, pedir desculpas e dizer que não atendo crianças e pedir para remarcar  a consulta, mas esta criança era um pouco mais velha tinha "apenas" oitenta e um anos  e estava com doença de Alzheimer! Perguntei para o senhor o que ele era da paciente achando estranho que fosse sua cônjuge, pois era estranho aquela alegria toda e dedicação de uma pessoa que estava cuidando de seu cônjuge com ointenta e um ano com Alzheimer, não que não exista, mas é raro... Não, não era sua esposa, era sua tia... E ele continuou com sorriso no rosto: "- Ontem doutora, ela passou o dia inteiro em outro planeta!" Então perguntei: "- Como assim?" Ele respondeu: "- Ah, doutora ela estava viajando, não era nem aqui na Terra, era longe, bem longe, no meio dos planetas, estrelas etc." Pensei comigo: "Ah que bom! Pelo menos com doença de Alzheimer podemos viajar para outro planeta e ainda acreditar que é verdade...!  Dependendo da vida que se tenha tido é uma boa saída... 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Juventude do Século XXI





Juventude do Século XXI


´
Lá estavam eles, os jovens do século XXI, para quem está pelo menos no "meu meio do caminho" como é o meu caso, na década dos quarenta  anos de idade, era ao mesmo tempo curioso e engraçado ver os adolescentes todos ali reunidos. Uma situação inusitada, se misturar no meio dos adolescentes, para quem a muito tempo passou por esses anos e pouco contato tem com esses jovens.
Lembrei dos meus tempos de adolescência, e comecei a pensar: "- Algo mudou? Adolescente é sempre adolescente não importa a época em que estejamos? Claro, eu espero que muita coisa tenha mudado! Afinal, todos estamos em evolução, a humanidade caminha a cada dia...  Como eu sou teimosa, logo comecei a pensar, pensar, para poder extrair experiência daquele evento único na minha vida! Foi então que notei que a "velha" calça jeans azul meio desbotada predominava na vestimenta dos jovens homens e mulheres! E voltando vinte anos atrás no tempo, também era a calça jeans azul que usávamos naquela época... A calça jeans veio e ficou! A maioria dos jovens estavam usando calças jeans de vários tipos... Foi então que notei uma diferença, as cores se misturavam, e muitas vezes não se combinavam, sapato vermelho e bolsa azul, casaco verde e sapatilha rosa... Era uma diferença! na minha época as cores tinham que combinar! Sapato preto, cinto preto e bolsa preta! Por quê? Foi então, que notei, que a maioria das meninas tinham as unhas pintadas de cor azul, quando há vinte anos atrás pensaríamos pintar nossas unhas de azul? Eu particularmente gosto de ver minhas unhas pintadas de azul... E minha observação foi além e encontrou algo realmente peculiar, uma menina, tinha quatro unhas das mãos pintadas, mas a unha do dedo anular estava pintada de vermelho! Mas, era só de uma mão? Eram as duas mãos com esse detalhe? E foi então que percebi o detalhe, a unha do quarto dedo de ambas estavam pintadas de vermelho...  Aquilo para mim queria dizer algo, não sei se estou certa ou errada: "- Sim mudamos! Pintamos as unhas de azul! Podemos também pintá-las de vermelho! E também podemos pintá-las ao mesmo tempo de azul e vermelho, por quê não?
E foi então que percebi que a velha calça jeans azul era a mesma, ao mesmo tempo que a cor das unhas eram diferentes, a maioria das meninas tinham unhas pintadas de azul, diferente da minha época onde o vermelho predominava...  Lembrei que há dez anos ousei, pintei as unhas de branco, e um amigo meu, o Claiton, disse-me: "- Lili, o que você fez, colocou as pontas dos dedos em uma lata de tinta branca?!" Demos juntos tantas risadas... E lembro desse episódio até hoje...   
  

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia dos Mortos




Dia dos Mortos


Meu filhinho de cinco anos, indo no carro para escola, perguntou-me porque hoje era feriado, então eu respondi: "- Filho, é porque aqui no Brasil no dia dois de novembro é dia de todos as pessoas que já morreram..." Ele ficou pensando e disse, só murmurou: "- Ah mãe, dia de todos os mortos... Então é dia do Flavio!". E então respondi: "- É filho, dia do Flavio...".  E ficamos quietos, que mais eu poderia dizer...
Na véspera do feriado ele veio para mim é falou todo contente: "- Mãe, mãe, amanha é dia dos mortos, dia do Flavio, da minha bisavó!" Olhei para ele e não entendi aquela alegria toda, e perguntei: "- Filho, mas porque você acha que é um dia feliz?". Ele respondeu com toda inocência da criança porque seus "sentidos", como diz o filósofo e escritor Rubem Alves, ainda não foram pintados por este mundo, "pré-moldado", "viciado", onde "uma andorinha não faz verão": "- A mamãe, deve ser um dia feliz para ele, porque o meu dia, "dia das crianças" é um dia feliz para mim, "dia das  mães" é um dia feliz para você, e dia dos mortos deve ser um dia feliz dara eles! Perplexa respondi: "- É filho, não sei, pode ser que seja um dia feliz para eles! Você tem toda razão! Porque não? Mas onde você acha que ele está? Ele respondeu: "- No céu mãe, no céu!
E fiquei pensando que não saberia dizer se hoje, dia dois de Novembro seria um dia feliz ou triste para os mortos... Eu sei que para a maioria das pessoas é um dia triste por causa da saudade, mas será que realmente triste? Não sei, não poderíamos dizer, tudo o mais seria especulação pelo menos para a maioria neurologista. Resolvi então, acreditar nas crianças, que são puras de coração, deve ser um dia alegre para os mortos, e se eu chorar vai ser de saudades, apenas saudades...   

domingo, 23 de setembro de 2012

Paciente trinta e seis: O Laudo e o CD!









O Laudo e o CD



Existem pacientes sem limites, sem senso crítico, inoportunos. Eles chegam sem avisar, sem consulta marcada, trazendo um papel balançando na mão e solicitando um encaixe para consulta. Às vezes conseguem, outras vezes não e outras fezes nem passam pela recepção ficam me esperando na porta do posto de saúde.  
Eu chego ao meio da confusão tendo entrar no posto de saúde, a porta sempre está interrompida por pessoas paradas nela. Depois começo a ser seguida por um paciente que vem falando no meu ouvido no meio da multidão: “- Oi doutora, eu sou o João, a senhora lembra-se de mim”? Viro para trás olho para cara dele, e tenho a certeza que   não lembro! Então falo: “- Senhor um momento, eu tenho que assinar o ponto, pegar o receituário azul e pegar os prontuários”. Mas na maioria das vezes eles continuam falam e tentando explicar que paciente que são e o que querem...  Depois de muito sacrifício consigo chegar ao consultório e ele entra junto, passa na frente de todos e vai dizendo que quer um laudo, porque ele precisa de um laudo. Os outros vinte pacientes que esperam nos bancos começam a se irritarem e reclamarem porque o tal homenzinho passou na frente de todos! Imagino eu fazendo o tal laudo e vinte e duas pessoas indignadas gritando e reclamando que eu passei o tal paciente na frente de todos! Prefiro não arriscar e peço para que ele se dirija até a recepção e pegue a senha dele, porém ele não volta...
No dia seguinte lá está ele, tinha conseguido a permissão da chefia que eu fizesse o tal laudo, mas como sempre, não queria esperar.  Assim que sentei na cadeira ele já foi falando: “- O laudo doutora o laudo!”. Respondo: “- Está bem, está bem eu vou fazê-lo assim que possível”!  Logo em seguida avistei o seu prontuário com a cópia do laudo.
Após ter saído o segundo paciente resolvi chamar o paciente do laudo. Quando ele entrou, eu já estava escrevendo seu documento, e ele pedia desculpas por me atormentar fora de sua hora. Quando lhe entreguei o laudo pronto, ele diz: “- Desculpe doutora, preciso de dois laudos originais iguais para solicitar linhas de ônibus diferentes”! Nesse momento fiquei “verde” de raiva, mas eu só conseguia pensar: “- É só mais um laudo, é só mais um laudo, e estará tudo resolvido!”.
Quase terminando de escrever o segundo laudo o paciente abre a mochila, e começa a procurar algo dizendo: “–Doutora eu sei que é muito serviço, que é muita confusão, todos esses pacientes aí fora para a senhora atender, mas eu vou te dar um CD maravilhoso lindo de “morrer”, você vai se apaixonar, é uma música mais linda que a outra... É MP3 doutora, seu carro tem MP3?”. Respondi: “-Sim, tem, obrigada!”.
Chegando ao meu carro lembrei-me do CD pirata que havia ganhado do meu paciente, olhei a capa, era uma seleção de músicas de uma radio FM que costumo escutar com cento e cinquenta e cinco músicas!  Coloquei para escutar e realmente as músicas eram lindas! Algumas eu escutava inteiras outras eu só passava para saber que música que tinha no CD, mas cheguei a casa bem antes que as músicas terminassem...
O paciente tinha acertado na escolha, eu realmente tinha adorado o CD!  


sábado, 22 de setembro de 2012

O Hospital








O Hospital




E hoje passando pela rua que sempre passo todos os dias aqui em Santo André, eu olhei para o lado direito no lugar do Hospital em que minha avó morreu e nada havia apenas um terreno! Tinha sumido, tinha sido demolido do dia para a noite. Tudo para baixo em restos no chão, o quarto e a UTI em que a vovó ficou antes de partir da o lado de lá...
Tudo agora não passam de memórias nada mais!
Vou continuar passando pela mesma rua e olhando para o mesmo lugar e independente do que ele possa vir a ser agora, vou lembrar-me do último dia da minha avó naquela cama da UTI. Naquele dia, parecia que havia melhorado, estava feliz, beijou minhas mãos, deu risada, eu pensei que havia uma possibilidade, que ela havia melhorado apesar dos seus oitenta e nove anos e de seu corpinho composto só de pele e osso, tão branquinha como neve...
Já em casa, passado umas três horas em que eu a visitará, senti um frio no estômago nada bom, passado alguns minutos o telefone toca, eu atendi e já sabia do que se tratava, a vovó tinha falecido. E foi nesse ar de tristeza que começamos a preparar tudo para o final. E disse tudo sabemos que o que restará será a saudades, saudades, saudades que nunca poderá ser “matada” e ela continuará a ir com a gente por todo nosso caminho.
A saudade não larga do pé não, não adianta chutar, falar saía para lá, eu não te vejo, vira e volta ela aparece... Faz quatorze anos que minha avó sumiu naquela cama de UTI de um hospital que não existe mais... Lembro-me do sorriso vespertino dela naquele e promessas que tudo estava bem, mas fato é que a morte estava se aproximando da minha avó.
Agora, lembrei-me também do meu paciente no Instituto do Coração. Depois de tantas lutas, meses de internação, colocando o senhor cujo nome não me lembro da cama para a poltrona, da poltrona para a cama... Toda equipe tinha feito o máximo para o velhinho ficar bem e ter a alta programada par o dia seguinte. Ele estava bem, brincava com todo mundo, e sua esposa iria trazer salgadinhos para todos comemorar a saída de seu marido da semi-intensiva. E na agitação da amanhã no hospital, cada um fazia uma coisa, eu prescrevia e preparava a alta do velhinho, enfermeiras preparavam medicamentos, assistente trocavam as fraldas dos pacientes, dava-lhes banho no leito. E no meio da agitação e confusão, olhamos para o velhinho já de alta sentado no seu leito, roxo igual uma uva. Foi uma gritaria total, para tentar reanimar o paciente. Nada feito! Ele não quis esperar a festa partiu, e assim, a esposa foi avisa, e não vieram salgadinhos e nem bolinhos. E aquele dia foi de silêncio da semi-intensiva do INCOR.  Lembro-me de ter ido ao banheiro fechado a parta e ter derramado algumas lágrimas, pois eu tinha acabado de falar “bom dia” para ele...
Eu fico pensando nessa melhora pré-morte, o que seria isso? Como o organismo se organiza para tal? Ele melhora talvez para despedir das pessoas, falar algo que tenha que falar e então, fechar os olhos e deixar saudades...

 



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Os Gêmeos



Os Gêmeos



E foi no dia 18 de Setembro de 1939 que os gêmeos nasceram em uma pequena aldeia de Portugal. A casa feita de paredes de pedras e chão de madeira, por debaixo casa a loja dos animais, vacas, bois... Os partos eram feitos nas casas não em hospitais. Se tudo viesse a favor da natureza era uma beleza e todos comemoravam o nascimento do bebê, mas caso algo estivesse contra a mesma ou o bebê morria, ou a mãe morria ou ambos morriam... Era tudo se Deus quisesse mesmo e hoje será que continua sendo assim?
O primeiro menino nasceu quieto, não chorou, julgaram-no morto o deixando em um canto para ver se eles conseguiam salvar o segundo bebê. O segundo bebê nasceu outro menino, nasceu chorando dando realmente sinal de vida! Pelo menos um bebê tinha vida, mas que já tido como morto o primeiro bebezinho começou a chorar e resmungar avisando que havia um engano, ele também estava vivo! 
Os bebês foram arrumados, trocados, nomes foram dados: Joaquim e José e a alegria se instalou na pequena aldeia com os dois meninos gêmeos.
Os meninos não eram iguais, o Joaquim, era sério, magro, cabelos castanhos, olhos verdes e com personalidade mais reservada. O José era a alegria em forma de menino, gordinho, olhos azuis, cabelos loiros e trazia sempre um sorriso no rosto. O Joaquim era o coroinha da Igreja, já o José dançava divinamente um bailinho português.
E foi assim que os gêmeos cresceram na pequena aldeia atrás das serras no norte de Portugal com muito amor e harmonia!
Os gêmeos cresceram, saíram da aldeia foram para cidade grande trabalhar, no Porto, como nada é igual o José arrumou patrão bondoso, Joaquim patrão severo sem muita piedade de lidar com meninos pobres da aldeia.
Vislumbraram o oceano e novas terras, pegaram o navio vieram para o Brasil. Eles lutaram muito para vencer na vida, e houve muito azeite, bacalhau no meio da história, e festas portuguesas, e trabalho duro...
E por incrível que pareça a vida como ela é, vendo a alegria do gêmeo loiro, de rosto vermelho, que adora dançar nos bailinhos de música portuguesa, ceifou-lhe a vida de seu filho primogênito de forma brusca, instantânea e idiota, numa queda de moto sem que nem para que...
A alegria espontânea do José foi levada junto com a morte de seu filho Alexandre, nome do avô... O José não dançou mais nos bailinhos portugueses, ficou triste, chegou a ficar deprimido, mas teve que continuar na estrada da vida. E então, com o passar da vida a gente aprende aceitar o inaceitável porque não há maneira de resolver o problema. Se o problema não tem solução resolvi está...
E foi assim, que dia 18 de Setembro, os gêmeos diferentes completaram setenta e três anos. E a vida continua para os que amam, para àqueles que em meio as dificuldades, continuam a “nadar, e a nadar, e a nadar...”.

domingo, 16 de setembro de 2012

Receita da avó e Chocolate


Receita da avó e Chocolate



Eu estava dormindo, mas a tosse chegou para me visitar. Aquela tosse que faz coceira na garganta, que atrapalha reuniões, peças de teatro, cinema, aulas, consultas, etc. Você faz de tudo para se livrar dela, mas nada tem solução, ou raramente tem... Tenta-se beber um copo d’água, chupar uma bala, mas a coceira na garganta insiste em ficar e provocar tosse e mais tosse. O jeito é pedir licença e ir para fora do recinto tossir, tossir, tossir, sem parar... Então foi o que fiz, fora do quarto podia tossir a vontade se não fosse meia noite. Foi nessa hora que me lembrei da receita da minha avó Etelvina. Ela dizia: “- Para tosse passar, é só comer um pedaço de chocolate!”. Fui até o armário peguei um pedacinho de chocolate preto e para que não tivesse erro, um pedacinho de chocolate braço, e os dissolvi separadamente cada um...
Deitei e nada de tosse. Pensei: “– Será que resolveu?”. Dito e feito, tinha dado certo! Sentia o gostinho do chocolate na minha boca e ao mesmo tempo lembrava-me do esconderijo secreto de chocolates da minha avó Etelvina na sua casinha de pedras numa aldeia em Portugal, foi século passado, ela já partiu, mas a receita ficou conosco.
Não sei por qual razão o chocolate cessa a tosse. Eu vou pesquisar, ver se há fundamentos neste fato, mas quando estava comendo o pedacinho de chocolate e me lembrando da minha avozinha sorrindo e feliz, meu corpo aqueceu e a tosse foi mesmo embora, adormeci...  

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Chuva de Granizo!



Chuva de Granizo



Era bom era,
Que uma chuva de granizo
Caísse agora!
Fizesse o barulho que quero fazer,

E que falasse por mim,
Caísse por mim,
Batesse por mim,
Corresse por mim...

Faz tempo que não vejo chuva assim!
Que vem do nada,
Que limpa tudo,
E faz barulho na calçada!

Não deixa ninguém sair de casa,
Causa um apagão,
Deixa todo mundo quietinho,
Calados e com os pés no chão...

Ah, chuva da minha infância!
Eu não sabia por que o gelo caía...
E tudo era tão divino...
Era boa toda aquela magia...

Infância e chuva é uma grande gargalhada,
Com pedras de gelo uma piada,
Lava a alma e faz música,
Faz tocar uma balada!

sábado, 18 de agosto de 2012

Mar!




Mar


Faz tempo que não te vejo,
Que não piso na tua areia,
Que não mato meu desejo,
De em tuas ondas me jogar.


Mar enfeitado com sol ou luar,
É sempre minha alegria!
De noite ou de dia,
Uma doce melodia!

Quero logo é te ver!
E nas tuas ondas fazer graça,
Perde-me junto à maresia,
Pisando na areia descalça!

E ao te ver, mar!
Sinto que também sou natureza!
Que minha vida é com certeza,
A manifestação dessa beleza.

Preciso estar na sua frente,
Tomar um banho de mar frio,
Para saber que ainda existo,
Para além daquele rio...

Eu quero, quero sentir o arrepio
Depois de sair das suas  águas frias,
Eu quero, quero sentir cócegas,
Quando pisar na sua areia macia...

Quero aguçar todos os meus sentidos,
Ficar te olhando e pensando,
Como é lindo seu céu,
E colocar tudo isso no papel...


  








Amor!


Ah meu amor!
Tão longe você está...
Diga-me, diga-me,
Onde andarás?

Faz tempo que não te vejo,
Como você faz falta!
O tempo se arrasta,
A tristeza me assalta!

Porque tem que ser assim?
Esse mistério sem fim?
O futuro incerto...
Pareço estar num deserto...

Porque não posso ver?
Além do que os meus olhos veem?
Porque não posso ir
Onde minhas pernas não alcançam...

Minha cabeça dói,
De tentar pensar onde você está...
Pensamento sem fim...
Que o cansaço destrói...

Sinto-me tão perdida,
Nesse mundo tão surreal,
E é seu sorriso de criança,
Que faz minha vida ideal...

Sem você para me entender,
Nada posso fazer,
Apenas caminhar sozinha,
E esperar para ver...



Minha amiga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)





Minha amiga na UTI

Recebo um telefonema de uma amiga, perguntando se eu tinha notícias de outra amiga em comum. Calmamente respondo: “- Ainda não consegui falar com ela hoje...”. Nos dias de hoje a vida é assim, uma correria, todo mundo de lá para cá de cá para lá... Logo em seguida minha amiga responde: “- Você não sabia, ela está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva)”. Fiquei perplexa e disse: “- Como assim na UTI? Falei com ela ontem estava tudo bem...“.
E a vida é assim, um dia estamos bem, no outro estamos na UTI, por isso cada vez mais me convenço que temos de viver o presente como o melhor momento, não dá para esperar por dias melhores, dias melhores, dias melhores... Ilusão! Pura ilusão!
Eu como médica, posso entrar a qualquer hora do dia nos hospitais.  Assim que conseguisse terminar todos os meus pacientes eu correria para o hospital ver minha amiga. E assim fiz, deveria ser mais ou menos sete horas da noite quando peguei meu carro na direção de São Paulo. Depois de tentar cortar caminho para me livrar do trânsito caótico de São Paulo consegui chegar ao hospital já me conscientizando que veria minha amiga, com roupa de hospital, numa cama de hospital, talvez com olhos abertos, talvez com olhos fechados, assustada ou rindo para a situação, pálida ou com boa aparência, cheia de aparelhos ou apenas uma máscara de oxigênio. E foi assim que fui me preparando para encontrar minha amiga de tantos papos, conversas, risadas, choros...
Ao chegar à recepção do hospital me identifiquei como médica, falei que tinha um paciente na UTI que precisava visitar.  A recepcionista disse: “- Pode ir!”. Pensei comigo, tudo bem posso ir, mas onde fica a UTI desse hospital. Depois de perguntar a moça disse tem UTI no sexto andar e segundo andar com cara de brava, mas se você esperar vou tentar localizá-la através do sistema no computador.  Depois de esperar a boa vontade da recepcionista mal humorada que não estava nem aí para nada, ela pediu o nome da minha amiga. E então veio o pior, eu não sabia o nome completo dela, porque a chamamos por parte do nome. Ela é daqueles casos que nunca podemos imaginar que o nome dela verdadeiro é aquele... Depois de muito pensar, analisar lembrei-me do nome ou parte dele.  Porém, na busca no computador não aparecia o nome. Não podia ser, se ela estava ali, estava ali, talvez eu desconhecesse parte do nome dela, tentei ligar para outras amigas e quando você precisa falar com alguém urgente, o celular da pessoa chama até cair na caixa postal, ou já vai direito para a caixa postal ou fica mudo, etc. Então, a recepcionista mandou que eu verificasse na internação, nada feito! Não a encontraram... O jeito foi me encaminhar até a UTI, primeiro numa e depois na outra. E assim fiz, não conhecia aquele hospital, mas de cara não goste, pensei: “- Ai meu Deus”! Onde minha amiga está? Encontrei a porta da UTI apertei o interfone expliquei a situação e a voz falou do lado de lá: “- Pode entrar!”. Até então, não haviam me pedido nenhuma identificação de médica e eu andava lá igual à uma barata tonta pelo o hospital que brinca ser hospital.
Abri a porta da UTI, não havia ninguém no corredor. Eu entrei, lavei as mãos, olhei as placas e me dirigi a UTI adulto.  Chego à porta da UTI desesperada para encontrá-la, e naquela sala enorme cheia de leitos, vou olhando leito por leito na esperança de encontrar minha amiga.
Eu particularmente não gosto de UTI, nunca seria médica intensivista. Imagina só uma grande sala uma cama do lado da outra, um pior que o outro, não se pode levantar, não se pode ir ao banheiro, preso àqueles aparelhos eletrônicos. O paciente ali, vendo toda aquela confusão, parada aqui, parada ali... Já estava sufocada de procurar minha amiga olhando todos aqueles rostos desesperados e sozinhos dos pacientes, quando apareceu uma assistente da UTI e me perguntou: “-Quem você está procurando?”, então expliquei: “- Eu sou médica e estou procurando uma amiga que está internada nesta UTI”. Disse-lhe o provável nome completo. Ela procurou, procurou e nada! Perguntou: “- Mas como ela é?" Então comecei a descrevê-la e mais ou menos o que tinha acontecido e porque ela estaria lá. Não, não tinha nenhuma moça assim com essas características em nenhuma das UTIs.
Saí da UTI sem saber o que pensar... Cadê minha amiga? Desapareceu? Nunca esteve aqui? Já esteve e foi para o quarto? Está sequestrada? Sentei no sofá fora da UTI para descansar em estado de “choque”, o que fazer? Um velhinho sentado no sofá da frente olhava para mim. Nesse momento lembre-me de todas as pessoas que procuram seus entes queridos desaparecidos em hospitais, IMLs etc. Não é uma experiência nada fácil e agradável. Resolvi recorrer ao telefone celular de novo, quem sabe estaria dando o nome errado no hospital. Enfim consegui localizar alguém que poderia resolver meu problema. Não ela não estava internada naquele hospital, informação errada! Ela estava internada em outro hospital da mesma rede daquele em que eu estava... Apesar de querer vê-la, estava cansada demais e aceitei, meio a contra gosto, a informação que ela estaria bem.  Voltei para casa com saudades da minha amiga e pedindo à Deus por sua saúde...  Ainda vamos dar muitas risadas juntas...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sala de Aula!


Sala de Aula

E naquela sala de aula, naquele dia, havia uma riqueza de experiências vividas relatadas por cada aluno! Eu fazia parte da turma e pude viver um momento que jamais poderia esquecer na minha vida. Falo no passado, porque  aquele momento já foi, não existe mais, talvez nunca  mais exista a medida que formos conhecendo um ao outro, mas estávamos ali  para compartilhar o motivo que nos levará para aquela sala de aula.
A professora pediu para que cada aluno se apresentasse, dissesse seu nome, idade e o motivo que o levará até à faculdade de direito!  E daquele momento saíram relatos incríveis, e sorrisos e gestos enfim, um momento ímpar em nossas vidas.
Descobrimos que éramos um grupo totalmente heterogêneo num mesmo curso, muito diferente da sensação que tive quando entrei na faculdade de medicina. Eu era muito jovem, adolescente, assim como todos os alunos da classe.  A faculdade de medicina era de dia, ninguém trabalhava, éramos apenas estudantes, diferentes dos alunos do curso de direito noturno onde a idade dos alunos variava de dezessete a talvez sessenta ou mais, alguns não quiseram falar a idade... Ali ficou provado que não existe idade para quem quer estudar, não existe idade para quem tem um sonho, porque sonho não tem idade.    O dinheiro também não é motivo para frear uma pessoa que quer estudar ou que tem um sonho que necessite de dinheiro, pois há sempre um jeito, podem-se financiar os estudos e depois pagar o curso quando se formar!  
Homens, mulheres, jovens, adultos, terceira idade não há idade para o ser humano na sua condição de alma.  Não há diferença entre raça, cor, condição econômica, o sonho é livre, gratuito, basta acreditar e por em prática! Mesmo que erremos ou não consigamos levar o sonho em frente podemos falar: “- Eu sonhei e tentei!”.   Nada mais bonito que dar o primeiro passo em busca do conhecimento...
Percebi também que é possível mudar! Não precisamos bater na mesma “tecla” a vida inteira... E porque “não” a mudança? E porque não transformar água em vinho? Mudamos a cada instante de nossas vidas. A vida é alquimia, transformação, é mudar para o que julgamos melhor para nossa evolução como seres humanos. E como é bom percebermos que o homem não para, que o homem pode vencer obstáculos, pode questionar, pode filosofar, pode mudar!  Pode haver milhares de pessoas que passam pela vida apenas vivendo,mas fico feliz quando vejo pessoas seguindo, enfrentando a preguiça, o desânimo, o medo, a idade, as doenças, as condições socioeconômicas em que se encontram e talvez uma dificuldade de aprendizado inerente ao esforço da pessoa, mas talvez por condições da própria saúde. Não é todo mundo que nasce um gênio, mas o sonho, a força de vontade, todos podem ter!  

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A Saga das Lagartixas!





A Saga das Lagartixas



E por incrível que apareça matei duas lagartixas. Eu peço desculpas por elas do fundo  do meu coração...  Juro que jamais pensaria em matá-las, mas elas se colaram debaixo dos meus pés... Queria eu estar tranquila, e elas longe de mim... Mas estavam firmes esperando um espaço para que eu as pisasse.  A primeira foi uma bege tonta, idiota de bordados pretos pelo corpo¸ quase me matou do coração quando a pisei na porta do banheiro, com luzes da casa todas apagadas... Ao sentir aquela coisa mole, borrachuda debaixo do meu pé, gritei do fundo do meu ser para que aquela coisa desaparecesse! Era de madrugada, todo mundo que estava dormindo na casa se levantaram assustados, mas mais assustada estava eu com aquele bicho mole tonto na frente dos meus olhos, só de pensar que tinha pisado nela meu corpo se arrepiava por inteiro, meu coração estava disparado, estava em estado de choque, pulava de um lado para o outro e chorava com nojo e dó da lagartixa, ela não poderia sobreviver àquela pisada na sua cabeça! E então, eu pensava como neurologista. Logo pensei na cabeça esmagada. Ela não tinha chances de sobrevivência... Estava lá parada, não sei se viva ou morta...  
Por pior que possa ser, ainda levei bronca do meu pai que pensou que algo pior tivesse acontecido e não apenas o fato de eu ter pisado numa lagartixa. Minha conseguiu a pegar, e jogá-la numa sacada com plantas que fica ao lado do banheiro de nossa casa.
Depois de um copo de água com açúcar e de lavar bem o pé debaixo do chuveiro voltei para cama e dormi.
Quando acordei no dia seguinte, e olhei pela janela, lá estava ela inerte na terra. Porém eu ainda tinha esperança que ela estivesse viva... Os dias foram passando, e toda vez que passava pela sacada e olhava para lá via a lagartixa no mesmo lugar, na mesma posição, então concluí que ela não tinha sobrevivido ao trauma... Foi então que resolvi arrumar um monte de folhas de plantas e jogar em cima do bicho de forma que eu não mais a visse, com aqueles olhos esbugalhados. Não sei o que aconteceu com ela, se ela se desintegrou, virou pó, realmente não sei, mas sei que ficou lá pequeno no jardim da sacada de um apartamento no sétimo andar...
Não bastasse todo esse episódio, jamais imaginaria que “a saga das lagartixas” iria continuar, onde já se viu lagartixas nas alturas, em apartamentos! O pior é que o fato se repetiu, eu estava deitava na minha cama, mas tinha frio nos pés, levantei-me para ir até o guarda-roupa pegar uma meia, e novamente pisei em algo fofo, gritei desesperada, todos da casa acordaram, eu saí correndo não queria nem ver no que eu tinha pisado... Procuraram mas não encontraram nada... Acredito que essa deva ter sobrevivido ou ido morrer em algum canto da casa...
Agora aprendi a lição, não saio mais descalça na madrugada pela casa, para ir beber água na cozinha, colocar meias ou ir ao banheiro, meu chinelo fica do lado da minha cama, se possível acendo as luzes e olho para o chão... E não é que por incrível que pareça estes dia me levantei para beber água na cozinha, calcei os chinelos, acendi a luz do corredor que dá para a cozinha, olhei para o chão e já estava lá uma toda bege tatuada de preto com aqueles olhos grandes marrons, a saga continua...

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A vida, o laço e a fita!








A vida, o laço e a fita!


A vida é um laço!
Cada dia alguns passos,
Vivemos vários momentos,
Cada tempo seu compasso...

Eu aqui vou vivendo,
Nesta grande bola azul,
Que gira ao sabor do vento
Igual a um catavento...

A vida é um laço,
Que às vezes vira fita,
Outras vezes nos irrita,
Outras vezes vale por um abraço...

A vida que de laço,
Às vezes vira fita,
E de fita vira laço,
Deixando-a mais bonita...

De todas as formas,
Que a vida se apresenta,
Com sua alegria e tristeza,
A cada dia amo mais sua beleza...

Eu dou um passo,
A vida desfaz o laço,
Então eu viro fita...
E a vida me leva ao espaço...

E entre ser laço e fita
Tropeço no meu passo
E me descompasso
E volto a ser laço ou fita...

Quando venço meu cansaço...
Eu refaço o laço,
E minha vida se transforma,
Como as lágrimas de um palhaço...

Serei eu mais forte como laço?
Serei eu mais frágil como fita?
Essa vida esquisita,
É branca e preta e colorida...



quinta-feira, 19 de julho de 2012

Fotografia: Chutando para o gol!


Chutando para o gol!


 
E tudo se transformou quando recebi a foto do meu filho jogando futebol com o tio dele, Nelson, em Portugal. Faz uns dias que não vejo meu filho porque ele escolheu ficar com os avós de férias em Portugal, mas olhando a foto percebi que ele está muito feliz! 
Pensei que a maior felicidade que uma mãe pode ter é ver seu filho feliz... Não importa se para isso ela tenha que ficar longe de seu amor profundo, nascido de dentro dela mesmo... Eu tinha que trabalhar não podia ficar com ele em Portugal... Ele decidiu, tinha mais coisas a fazer em Portugal, resolveu ficar e está feliz!
Fiquei pensando agora em quantas mães deram seus filhos, não por falta de amor, mas por amor demais... Por querer que eles fossem felizes, essas mães abriram mão do filhinho ao seu lado e fizeram o sacrifício de ficar longe deles... Por isso, nunca devemos julgar ninguém, nem uma mãe que dá seu filho, pois talvez ela o ame tanto que ache que ele será mais feliz em outras condições, com outras pessoas, longe de tais situações...
O amor, amor verdadeiro, escolhe vários caminhos... O amor não é como as pessoas pintam por aí, com coração de pelúcia e ursinhos, o amor verdadeiro, é aquele que se ama tanto que a única felicidade é ver o outro feliz e bem independente de nós...
O amor verdadeiro é doação!
O amor verdadeiro não é toma lá dá cá, porque ele não cobra, ele não está a venda, ele não tem preço!
O amor verdadeiro é aquele que colocamos todo o nosso "eu" e nossos "desejos" para ver a pessoas que amamos felizes!
O amor, o amor, é tão lindo! É ver um menininho chutando com toda força para o GOL! 





terça-feira, 10 de julho de 2012

Paciente Trinta e Cinco! Um abraço!




Um abraço!



Filomena entrou no consultório quase não podendo segurar sua cabeça que se mexia de lá para cá e de cá para lá. Fora os movimentos incessantes de sua cabeça que insistia em dizer “não”, “não”, “não” sem ela querer, o seu rosto também se movimentava contra sua vontade. Os olhos abriam e fechava, a testa enrugava sem ela querer, havia movimentos em sua boca fazendo com que sua fala fosse quase incompreensível.  Muitas vezes eu não entendia o que ela dizia, mas eu nada falava, para não chateá-la... E olhando nos seus olhos, com sua fala enrolada, movimentos chatos que não a deixavam em paz, mesmo assim a compreendia profundamente.  Porque eu amei aquela paciente, baixinha, olhos grandes estalados, cabelos ruivos despenteados. O amor que emanava de mim como médica que queria ajudar aquela mulher era imenso. Ela estava nervosa, com medo de injeção, eu dizia que não era nada, era só uma dorzinha e que tudo iria ficar bem.
Comecei as aplicações em sua face, e depois pescoço, mas em cada injeção eu pedia a Deus que ela melhorasse... Ela não conseguia ficar parada, mas nada me intimidava, eu iria fazer os pontos de aplicação com a medicação a fim de que esses movimentos dessem uma trégua para aquele amargurado que mal podia entender porque tais movimentos haviam se instalado em seu corpo...
Quando tudo terminou, eu só pedi a Deus que pelo menos ela melhorasse um pouco... Ela nunca tinha tentado as aplicações...
Então, ela com toda a face cheia de pontinhos de sangue, ela perguntou para mim: “- Doutora, eu posso te dar um abraço?”. Eu sei que ela me podia sujar toda de sangue, mas eu disse: “- Claro que pode!”. E a abracei torcendo para que tudo ficasse bem ou pelo menos um pouco melhor...

domingo, 8 de julho de 2012

Verdades!







Como é bom arrancar a tinta que nos pintaram o sentido como diz o poeta português "Fernando Pessoa".
Não, eu não quero saber o que você acha certo, nem errado!

Acho que já vivi o suficiente para saber o que eu quero achar bonito ou feio! Não estou aqui para saber o que o “mundo” acha, se é mais importante o que "eu acho" para minha felicidade! O que importa se eles adoram o verde, se eu gosto do azul?
Dá licença, mundo que muda a qualquer hora, nos engana e diz que já vale nada o que foi outrora! Eu respiro, eu sinto, eu posso sentir o que me agrada ou não... Não adianta me dizer que a laranja é mais gostosa que o limão?
Eu posso acreditar um dia na sua vida e dizer que ela é a melhor do mundo. Eu posso te agradar, mas não me peça para achar que sua vida é a única exclusivamente maravilhosa!
Eu tenho apenas esse minuto, eu tenho o presente, não peça que eu finja, pois não vou fingir. Não vou rir se quiser chorar, e não vou chorar se quiser rir.
Vou dizer gritando bem alto que detesto cozinhar exceto que em um momento eu realmente goste... Pode ser quem sabe fazendo uma cocada, um dia...
E se você acha que o estilo musical sertanejo é horrível eu posso te dizer que gosto! Você pode me achar brega, fora da moda, e eu vou dar uma grande gargalhada para você!
Se você falar para mim que jiló é a comida dos deuses eu vou acreditar e experimentar, mas não me faça amar jiló!
E o dia que eu estiver realmente triste e revoltada não me venha dizer que as coisas são assim porque simplesmente são porque eu vou te odiar!
Eu posso morrer porque quem eu amar. Posso arrancar meu coração é te dar, mas não aceito  que me enganes!
Oh mundo! Não seja mau comigo, eu não vou ligar! Não mesmo!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Nossa vida!













Nossa Vida!


É do jeito que eu gostaria de viver!
Sim, é nossa vida,
Minha e tua,
Intensa e bem vivida!


Que interessa minha vida?
Se ela é o que eu sempre sonhei!
Verdadeira ou falsa?
É tudo que imaginei!


Estou sonhando?
Não quero saber...
Entre o dormir
E o viver...


Eu estou vivo e vivo
Minha vida do jeito...
Que sempre sonhei...
E me deleito...


Entre a realidade e a ilusão,
Entre ser ou não,
Talvez uma questão...
Tudo sem razão...


Vida, se me quer vivo,
Alimente esse sonho meu,
E faça todos esses dias,
Como os de Julieta e Romeu!


Eu te digo vida!
Essa é minha vida
É a que eu quero ser vivida,
Desculpe se é atrevida...


Quero fechar os olhos
E ir ao sonho teu,
Sabendo que a minha vida
Somos desse jeito, você e eu!


Verdade ou mentira,
O que interessa?
É o amor!
O amor que tem pressa...


terça-feira, 3 de julho de 2012

Futuro!



Futuro


De nada você me interessa!
Não interessa nada!
Você não existe!
Você é uma farsa e mais nada!


Oh futuro!
Não me venha com sermão!
Eu te digo não!
Tu és um vilão!


]
O que eu tenho é o presente!
Esse sim anda comigo,
Nem que insistas
Você é meu inimigo!



Futuro eu não quero,
Não quero saber de ti!
Já me basta todo tempo!
Em que estivesse me perseguir!


Futuro você não existe!
E és como um ladrão,
Entra sorrateiro,
E nos corta a mão!


Eu já te disse,
Você nada me interessa,
Sai daqui, eu não te ligo!
E vá depressa!


Não quero pensar em você,
Você nunca me diz nada!
Pois você não existe!
Você é uma cilada!


Eu fico com o presente!
Esse sim é meu amigo,
É o que eu tenho, é o que sei,
É o meu abrigo!



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Afazeres Domésticos!








Afazeres domésticos!


Já havia desconfiado, mas realmente nunca admitido publicamente: “- Sou péssima nos afazeres domésticos!” Isso inclui praticamente tudo! Não vai ter jeito sempre, o pão vai sair tostado “negro”, o arroz empapado, o doce queimado, os bolos sem fermento.  Eu estou me lembrando do dia que resolvi fazer um mouse light que tinha aprendido no curso de nutrição no HCFMUSP, tudo no liquidificador parecia que tudo estava bem! Coloquei o mouse no recipiente e os levei à geladeira. Resultado do dia seguinte: mouse duro parecia uma bala de goma! Foi então que fui procurar o erro, havia jogado as gelatinas incolores direto no liquidificador, não sabia que tinha que dissolvê-las primeiro em água, desisti de fazer mouse...
Já faz algum tempo, estávamos no Guarujá, eu ia preparar os mistos quentes para o jantar no forno. Tudo mundo esperando, primeira leva: todos queimados! Preparei tudo de novo, pães de forma, presunto, queijo e tomate; segunda leva: “comestíveis”... Até o brigadeiro e bicho do é que eram minhas especialidades: saíram duros! Estou para testar a cocadinha que eu fazia divinamente...
O pior acabou de acontecer, fui esquentar meu último pastel de nata de Portugal na chapada quente e o calor dela queimou a manga do meu roupão todo fofo cor-de-rosa de ursinhos da any any. Estou enfurecida!
A máquina de lavar esta lá, presa com todos os meus pijamas, e não quer soltar a água para liberá-los, a água não sai da máquina, e os pijamas estão lá sendo lavados há um dia.
Não sei o que acontece comigo e os afazeres domésticos, é uma união que não combina... É uma história trágica!  

        

sábado, 30 de junho de 2012

O avião





Avião


Você é tão grande,
Você é tão poderoso,
Voa nos ares,
Todo pomposo!


Estou aqui dentro,
Nada posso fazer,
Apenas olhar o céu,
E adormecer...


Avião, voa, voa,
E leva-me rapidinho,
Para os braços do meu amor,
Que são cheios de carinhos...


Que boba essa poesia,
Sobre uma moça e um avião,
Que sonha que ele voe depressa,
Para perto de sua paixão...


O avião ainda no chão,
Esperando o sinal,
Não sou mais eu, sou eu e ele...
Somos um só afinal!


Estou aqui no céu,
Nas nuvens de algodão!
Já sinto saudades,
Do meu pedacinho de chão...


Tenho medo de estar aqui,
Tenho medo de avião...
Resta-me fingir,
Que seguro a sua mão...