sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano Novo





Ano Novo




A noite já começa aparecer

Lá fora uma fina chuva cai

São as lágrimas do ano que se vai

E quando caem no chão

Deixam a esperança no meu coração

A esperança para o Ano Novo que se inicia

Que seja um ano bom e cheio de alegrias

Que traga paz para nossas vidas

Nesta noite tão bonita elevo meu pensamento em oração

Peço para todas as pessoas queridas

Felicidades, paz, saúde e muitas realizações para suas vidas!


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Feliz Aniversário! Happy Birthday!


Querido,
Honey,

Foi como uma brisa rápida,
Livre, veio e voltou,
Assim foi você,
Vida breve que nos cativou...
Imagino você por aqui
Onde a saudade me levou,

Sempre me lembrarei do seu sorriso,
Assim como o sorriso que em minha alma deixou,
Deixo aqui minhas palavras,
Unidas com muito amor,
Risadas de alegria,
Nunca mais esquecidas por quem te amou
You'll be here forever

Do you know? We love you...
End is only a word...

Always is eternal
Love is magic
Only you are unique
End, this word is just a start...


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Primeira Janela




O Cão e a Janela


Foi numa manhã ensolarada
Que vi uma cena tão bela
Estava o cão tranquilo
No parapeito de uma janela.


Era mês de Novembro,
Em Lisboa Portugal
Enfeitava uma janela
Um cão como nunca vi igual

Ele era de cor marrom
Com coleira no pescoço
Estava tão comportado
Que parecia um moço

Fotografei rápido o momento
Para não incomodar o singelo cão
Que  apreciava de sua janela
A paisagem da estação...



quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Paciente Dezenove!


Eu voltei!



A princípio não reconheci a paciente que entrou no consultório. Ela tinha o cabelo raspado e um lenço vermelho na cabeça com alguns desenhos em preto, no peito uma corrente prateada com um pingente de Jesus com os braços abertos, réplica do Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Ela entrou contente e disse: "- Doutora, eu voltei!". Não podia imaginar de onde, e nem sequer me lembrava dela, ou talvez não lembrasse por causa do lenço amarrado na cabeça. Eu disse: "Ah, voltou! E como você está? Tudo bem? Eu pensei que ouviria algo terrível, mas estava errada! Ela disse: " - Doutora, eu já fui, já operei a cabeça, e já estou de volta!".  Mesmo assim não conseguia lembrar de nenhum paciente que eu havia mandado para neurocirurgia. E ela continuou: " Doutora, eu tenho vontade de dar-te um abraço, mas você vai pode achar que estou louca! Eu sofria a um ano de uma dor de cabeça horrível, parecia que eu tinha um botijão de gás dentro dela. Eu tinha andado de médico em médico, pronto socorro em pronto socorro, e então te encontrei você me pediu uma tomografia computadorizada da cabeça... Doutora, você não acredita, não me deixaram vir embora, fiquei internada na mesma hora que o exame terminou, eu tinha um tumor na minha cabeça... Eu pensei: "Ai, meu Deus, tumor...”. Peguei os exames que ela havia trazido em uma sacola cheia deles. Comecei a olhar os exames e realmente o tumor era enorme, parecia que ela tinha uma bola de tênis dentro da cabeça, mas para minha felicidade, o tumor era um meningeoma, tumor benigno! Porém, era tão grande que já estava comprimindo o outro lado do cérebro. Ela realmente deveria ter tido muita dor de cabeça e  ninguém deu muita atenção para as queixas dela...
O pior, ou melhor, não sei dizer. Logo após a cirurgia ela começou a ver Jesus de várias formas. Jesus deitado, Jesus sentado, Jesus chorando lágrimas de sangue. Ela disse que era muito real, mas ninguém mais via, ficaram sem saber se era real ou imaginário, e acabaram dando uma medicação para alucinação. Ela acreditou, os médicos acreditaram que foi devido à manipulação do cérebro  durante a cirurgia, e o padre também acreditou que era mesmo Jesus. O filho dela, de vinte e um anos de idade que é "especial", como ela diz, e nunca havia sorrido, quando a mãe voltou para casa começou a sorrir, ela me mostrou a foto do moço no telefone celular sorrindo... O botijão de gás tinha sido eliminado, e ela evoluiu muito bem, sem nenhum déficit motor pós- cirurgia. No final da consulta, pediu-me se podia cantar uma música que ela havia feito sobre Jesus. Pelo que entendi, ela pegou uma música que o padre Marcelo Rossi costuma cantar e incrementou com seu coração e sua experiência pós-cirúrgica... Ela cantou, e foi tão bonito como nunca havia visto igual. Falei para ela gravar e colocar no “you tube” que ela ficaria famosa... É a vida é assim, para o paciente leigo um milagre, para a neurociência tudo explicado cientificamente... Explicável ou não, para ela foi um milagre, deu tudo certo na cirurgia e agora pode ver seu filho que não sorria, sorrindo...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Papai Noel existe?



Papai Noel existe?



Papai Noel existe? Sim, ele existe! Para mim ele sempre existiu e continuará existindo... Papai Noel foi inspirado na história de um homem bom! Era um velhinho que viveu na antiguidade, seu nome era Nicolau. Ele costumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha e daí correu o mundo inteiro.
O homem imaginou, sonhou, fantasiou e transformou a história em conto. Conforme a lenda, Papai Noel mora no Extremo Norte, numa terra de neve eterna. Na versão americana, ele mora em sua casa no Polo Norte, enquanto na versão britânica frequentemente se diz que ele reside nas montanhas de Korvatunturi na Lapônia, Finlândia. Papai Noel vive com sua esposa e oito ou nove renas voadoras para puxar o trenó. Outra lenda popular diz que ele faz uma lista de crianças ao redor do mundo, classificando-as de acordo com seu comportamento, e que entrega presentes, como brinquedos ou doces, a todos os garotos e garotas bem comportados no mundo, na noite da véspera de Natal. 
Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova Iorque ajudou a dar força a lenda do Papai Noel  lançando em 1822 o poema Uma visita de São Nicolau, escrito para seus seis filhos. Nesse poema, Moore divulgava a versão de que ele viajava num trenó puxado por renas. Ele também ajudou a popularizar outras características do bom velhinho, como o fato dele entrar pela chaminé.
A última e mais importante característica incluída na figura do Pai Natal é sua blusa vermelha e branca. Antigamente, ele usava cores que tendiam mais para o marrom. Seu atual visual foi obra do cartunista  Thomas Nast, na revista  Harper's Weeklys, em 1886, na edição especial de Natal.
O engraçado é que algumas pessoas começaram a implicar com o Papai Noel dizendo que ele veio concorrer com Jesus. Não acho certo pensar assim, se ele era um homem bom, que fez caridade e transmitiu o amor só pode ser amigo de Jesus. Agora se o "homem" enfeitou a história, o problema não é do Papai Noel e sim dos homens. Para mim, Papai Noel existe, e é todo ser humano que gosta de fazer caridade numa época tal especial, onde os bons sentimentos se afloram nos corações das pessoas boas. É muito fácil julgar e ficar sentando no seu sofá criticando... Você já fez sua caridade para este Natal? Já plantou o bem, o amor, o perdão, a compaixão? Você pode dar muito amor ao seu irmão, não necessariamente presentes comprados em lojas... Um abraço num momento difícil para alguém pode ser o maior presente de Natal do mundo. Infelizmente o que eu pediria para o Papai Noel ele jamais poderia me dar e, portanto não desejo nada, nem um bem material, absolutamente nada! Ele não pode trazer a pessoa que amo, meu melhor amigo, companheiro, para eu desejar Feliz Natal como sempre fiz... Vou olhar para o céu e fazer isso em pensamento. E vou agradecer à Deus por existirem ainda muitos homens bons, que na nossa imaginação não passam de muitos Papais Noéis, mas que existem sim, no coração  de quem ama o próximo e não se importa de vir do Polo Norte para expressar a mensagem que Jesus nós ensinou: Amai vós uns aos outros como eu vós amei...  O Papai Noel entendeu a mensagem de Jesus, e o ser humano a enfeitou...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Paciente Dezoito!


Nunca é tarde!



Chamei minha paciente. Entrou uma senhora, com oitenta anos de idade. Ela estava bem, tem nevralgia do trigêmeo, mas está controlada com a medicação. Como não tinha nada para se queixar, ela começou a falar de coisa boa. Foi um papo divertido, como diria o cantor Roberto Carlos, um "papo firme". Ela tinha tatuagens pelo corpo todo, particularmente não gosto muito de tatuagens, mas as delas estavam bonitas. Achei estranho, uma velhinha de oitenta anos toda tatuada... Lembrei que um dia em que estávamos comentando sobre tatuagens e velhice no cabeleireiro. Algumas pessoas diziam que não achavam legal fazer tatuagem quando jovem, porque na velhice a tatuagem com pele enrugada ficaria feia, mas nela estava bonito... Contei a história para ela, e pedi para ela mostrar as tatuagens. Ela então as mostrou, tinha no peito, nos ombros, nos braços, nas pernas, nas coxas, pareciam-me bonitas. Eram flores, corações, borboletas todas coloridas, com sinceridade as elogiei! Não era verdade que tatuagem em idoso ficava feio. Então perguntei: "- A senhora tem essas tatuagens há muito tempo?" Ela respondeu: "-Imagina doutora, são recentes de um ano para cá..." Eu fiquei espantada e então ela continuou... "- Quando eu estava casada eu nem sorria, meu marido não me deixava fazer nada... Agora eu sou outra pessoa..." Então perguntei: "- É o seu marido?" Ela disse: "- Morreu! Fiquei cinquenta e um anos com ele, quarenta e oito de casamento e três de namoro. E então, ele morreu e eu fui viver minha vida... Comecei a andar de moto com meu filho, começamos a ir para todo lugar com os motoqueiros, e comecei a ir para as baladas. Fiquei conhecida doutora, e ganhei um concurso da melhor vovó em um programa de televisão. Agora eles me chamam para tudo, festas, eventos, bailes, passeios de motos, baladas e nós vamos... Outro dia minha vizinha me chamou e mostrou que eu estava na internet. Sabe doutora eu não tenho computador, então nem sabia, porque não sei mexer com essa tecnologia" Eu falei para ela que o próximo passo é comprar um computador e aprender computação, mas agora fico pensando, acho que é melhor ela ficar passeando por aí mesmo, do que em casa no computador. Ela continuou: "- Faz pouco tempo que eu dou risada... Eles gostam de mim, eu sou alegre, só falo coisas boas, mas eu não era assim não... Faz pouco tempo...".
Olhei para ela, tinha as suas unhas pintadas de amarelas, os sapatos floridos de bico fino, salto alto, eram lindos, nunca vi igual... Os cabelos eram pintados de loiro, vestido preto, brincos coloridos, um deles bem grande vinha até o ombro, batom cor de rosa. Não, ela não tinha nenhum sintoma de doença de Alzheimer, nem de demência senil, estava com as funções cognitivas normais... Ela só tinha descoberto que é possível ser feliz sozinha! Ela havia descoberto a felicidade...
   

Palhaços!






Palhaços


Os palhaços estavam revoltados. É que tem gente implicando com eles. O pessoal não percebe mais é tudo uma brincadeira. Por isso é que os palhaços estão lutando, lutando para continuarem na moda. Vejo isso pelo meu filho de quatro anos que não está interessado em palhaços, o amigo dele pensa que palhaço é um alienígena, até tem medo...
Eu gosto de palhaço, sou da época dos circos de verdade! Não circos totalmente produzidos etc. O terreno do circo que eu ia quando criança transformou-se em uma igreja fantasmagórica, enorme, toda imponente, luxuosa... Não acredito que Deus esteja trancado lá... Acho mesmo que ele estava no circo trazendo alegria para as pessoas... Sempre que passo lá e olho para dentro e vejo milhares de assentos, mas nunca tem ninguém, muito diferente do circo que havia lá com a arquibancada lotada... Não entendo como a Prefeitura  aprovou esse projeto! E o pior, bem na frente de um monumento lindo da cidade, um casal e no meio uma criança, todos de mãos dadas, uma família em harmonia! Desde criança quando passava por lá achava lindo, lindo, lindo esse monumento! Acho até hoje, mais ficou meio escondido por causa daquela igreja imensa, desproposita, com certeza que não foram pessoas que nasceram na minha cidade que fizeram esse projeto descabido!
E os palhaços se revoltam, porque não podem fazer brincadeira, tudo que você fala, ou faça pode ser prova contra você, dizem os advogados... E depois ainda dizem que vivemos numa democracia...
Fiquei sabendo de uma irmã de uma amiga que passou em um concurso público para defender os presos que não têm como pagar advogado. Ela contou que tem gente lá preso há dez anos porque roubou um bombom para acalmar a fome... E tem gente aqui fora, que rouba muito mais que um bombom, e se necessário manda matar, e anda por aí de terno e gravata e de carrão importando...
As pessoas andam todas irritadiças, podem fazer piadas dos outros, mas quando a carapuça serve para elas, aí pronto, a brincadeira acabou! 
Palhaço é palhaço, faz brincadeira com tudo, às vezes a gente ri, outras vezes não... Ai que saudades do circo, ai que saudades do monumento da minha cidade que mostra uma família caminhando... Ele era o monumento mais alto daquele pedaço, agora ficou escondido, quase imperceptível por causa da igreja enorme que pegou o lugar do meu circo e parque de diversões... Para onde estamos caminhando? 


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Monopolizando Deus



Monopolizando Deus



Acho muito estranho quando um grupo de pessoas, seja lá de qual religião, tenta monopolizar Deus. E então, se fecham em recintos, e acham que o Deus deles é o melhor, é o verdadeiro... Não, o Deus que está na casa do lado, não é bom... Como pode tanta pretensão de achar que se pode pegar Deus só para si, dizer que este é o Deus verdadeiro, impor regras em nome de Deus e se sentir superior? Isso é pura vaidade humana! Deus não está aqui ou ali, Deus está em toda parte! Não se prende Deus em templos seja lá de qualquer espécie... O seu Deus não é melhor que o meu Deus, porque você se apoderou dele, monopolizando-o e fazendo-o ser conforme a sua vontade, a vontade humana. O seu Deus, é o mesmo Deus da criança que nasce na Etiópia e que passa fome, não tem teto, não conhece nada sobre os dogmas das religiões criadas pelo homem. O seu Deus é o mesmo Deus do indiozinho que nasceu na Amazônia, com as tradições e costumes da cultura indígena, porque essa é a realidade dele. Ele ama a Deus como ele pode amar, e acredito que Deus entenderá esse amor, seja de que forma possa vir, mas que seja o amor incondicional mais puro e verdadeiro.
Jesus não deixou escrito sequer uma letra, falava em parábolas, ele só pediu uma coisa: "- Amai vós uns aos outros como eu vós amei”! Que ama o outro ser humano como seu irmão, com certeza não irá fazer o que não gostaria que fizessem a ele próprio. Quando formos tomar uma atitude seja lá qual for, devemos perguntar a nós mesmo: "- Eu gostaria que fizessem isso comigo"? Se a responda for "não", não faça independente de que isso possa acarretar para você. Se você não quiser ser humilhado não humilhe, se não quiser ser traído, não traía, se não quiser ser roubado, não roube, se não quer ser tratado com injustiça, seja justo, se quer a verdade não minta se não quer a corrupção, não seja corrupto, se não quer a doença, não a promova com substâncias deletérias ao ser humano, se não quer a miséria, não promova a luxúria, se quer viver num planeta mais saudável, não polua, se não quer desunião, não seja você o causador da mesma, se não quer ser julgado, não julgue, se quer ser perdoado, perdoe... Quando for injusto de qualquer forma com você não revide, seja um exemplo do amor maior.  É só amar, Deus é amor, só isso... Enquanto não aprendermos que ninguém é melhor que ninguém, que não iremos levar nada desse mundo, a não ser o próprio amor que plantamos e colhemos que está em nossa alma o mundo não vai melhorar. Não monopolizem Deus, com certeza, ele não gostaria que fizessem isso, ame, apenas ame...  


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Egoísmo!




Egoísmo


Às vezes sem perceber somos egoístas. É difícil admitir, porque a maioria das pessoas quer ser perfeitas. Admitir um ponto negativo de nossa personalidade mexe com nossa vaidade! Fato é que eu estava achando que a dor da perda de uma pessoa querida doía mais em mim do que em qualquer outra pessoa que também o queria bem. Fiquei presa na minha dor, como se ela fosse a maior do mundo, esqueci-me que outras pessoas também a sentia na mesma intensidade que eu... Nós, seres humanos, somos todos diferentes, tanto na aparência física, na personalidade, na forma de sentirmos e expressarmos nossos sentimentos. Deus, nunca criou pessoas iguais, nunca existiu uma séria de robôs humanos... Eu jamais vou saber o que passa no coração do outro. Não pode julgar ninguém. O nossos episódios de egoísmo nos fecha em nós mesmos. Não conseguimos ver mais nada porque estávamos olhando para dentro de nós sempre... Como "eu me sinto", "o que o outro fez para mim", "o meu trabalho", "o meu dinheiro", "a minha vida", "a minha dor", "a minha alegria". Devemos fazer o exercício de pensarmos de uma forma imparcial. É necessário sairmos de nós mesmo e analisarmos a situação das nossas vidas, não só pensando em nós, mas nos envolvidos também... Tudo muda de figura, porque não estamos pensando de forma egoísta, só em nós mesmo, o quanto podemos estar feridos, mas também temos que ver o quanto ferimos outras pessoas e não temos a dignidade de admitirmos, talvez porque estamos pensando só em nós mesmos, no nosso sofrimento... Devemos pensar de uma forma mais abrangente, não de forma egoísta. Devemos amar mais nossos irmãos, sem julgá-los... Estamos aqui na terra para isso, para aprender a amar o próximo de forma incondicional, para evoluirmos, para aprendermos com nossos erros, para domesticar nossa vaidade, nossos desejos que às vezes prejudica os outros... Nós, individualmente, não somos os seres mais importantes do mundo. Deveríamos pensar que nós, todos juntos, poderíamos fazer um mundo mais humano, menos competitivo, egoísta... Deveríamos pensar, como pode pessoas na Etiópia passando forme e nós comendo exageradamente? Como pode uma pessoa andar descalço e outros com um armário cheio de sapatos? Não, eu não posso só pensar em mim... Deveria existir uma forma de acabar com essa desigualdade, esse preconceito, essa ganância pela riqueza, pela fama... O amor ao próximo deveria vir em primeiro lugar. Devemos amar os outros como amamos a nós mesmo... Nunca devemos criar situações para afastar pessoas e sim uni-las, mesmo que isso signifique  renúncia para mim. Jesus vive até hoje no coração de todos os que o conhecem porque ele amou o próximo como a ele mesmo. Ele não julgou, não causou separações, intrigas... Ele simplesmente nunca foi egoísta, ele nunca pensou só nele em primeiro lugar... Ele soube amar todos os irmãos. Que bom que ele está nascendo novamente neste Natal... Há sempre como aprender quando tentamos, nos esforçamos... É um grande exercício... Eu ainda acredito em um mundo com mais amor, menos egoísmo... Devemos viver como desejamos, se isto não estiver prejudicando nosso irmão...

Paciente Dezessete


Fases da Vida



Dona Maria entrou no consultório, sempre acompanhada de seu esposo. É um casal simpático, ela oitenta e dois anos de idade, ele oitenta e três, e ambos sessenta e dois anos de convivência. Dona Maria estava bem, não tinha nada a fazer, tinha melhorado da memória, da depressão, do AVC e então, seu esposo começou a falar do tempo... Não, não era se fazia frio ou calor, chuva ou sol como os ingleses costumam falar, ele dizia do tempo de vida de ambos. Ele disse algo interessante: "- É doutora com oitenta anos de idade já pudemos viver todas as fases da vida... Foram fases de felicidade, fases em que tudo transcorria de forma igual, sem muitas alegrias ou tristezas e fases de tristeza". É assim que a vida é feita, momentos felizes, momentos tristes e apenas momentos, ele estava certo! Quem viver até oitenta anos vai saber diferenciar bem essas três fases, e vai entender que a vida é assim. Ninguém tem felicidade sem fim, a própria vida não nos permite!  Ninguém tem que ser feliz o tempo inteiro. A felicidade permanente é irreal, pelo menos no mundo em que vivemos... Ele disse que essas fases vão se repetindo  em ciclos ao longo da vida, é verdade! O sofrimento, a tristeza, faz parte dessa jornada na terra. Cada vez que passamos por estas três fases vamos amadurecendo, vamos-nos consolidando como seres humanos, e vamos-nos tornando inteiros, alma somente... No final seremos uma unidade só, saberemos que somos tudo ao mesmo tempo.  É bonito ver o ciclo da vida se completar... É um grande aprendizado para entendermos o que significa a alma e a expressão de Deus...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Paciente Dezesseis!

s


Um homem bom!



Chamei meu paciente. Entrou na cadeira de rodas, sendo trazido pela esposa. Um senhor  de mais de oitenta anos com sequela de AVC (acidente vascular cerebral), pouco conseguia falar devido à enfermidade, mas sua esposa falou por ele, com muito carinho... É difícil isso acontecer, o cônjuge entrar empurrando numa cadeira de rodas de seu marido sem reclamar... Foi durante a conversa que percebi a causa da tal harmonia. A esposa me explicou que ele era um homem muito bom. Contou que durante todos esses anos de união ela só presenciou um homem com amor no coração. Ela disse que se cada um tivesse um pouco de amor no coração do jeito que o senhor tinha, o mundo seria bem melhor! Acredito mesmo, porque é raro ver um relato desses. Ela disse que os filhos também gostavam muito do pai, e mesmo ele limitado daquele jeito, faziam de tudo para levá-lo para todo lado junto com eles. Conclui que quem planta sementes de bem um dia mais tarde irá colher também o bem... Sempre haverá um jeito desse bem voltar para nós, mesmo que venha de outro lugar totalmente inusitado.
Ela continuou, porque ele foi um "bom" homem, pai, companheiro e ninguém tem coragem de deixá-lo "mofando" em casa, o levam para todos os eventos, festas etc. E ele adora! Ele nunca gastou o dinheiro com vícios, sempre preferiu gastar em caridade, presentear quem ele ama. Ele sempre dizia, agora pouco por causa do AVC: "- Para que gastar dinheiro com cigarro, bebidas se podemos usar esse dinheiro para fazer um bem, agradar uma pessoa." É verdade, concordei!
Só me assustei quando a mulher disse que ele tinha ganhado um rato de presente em uma festa e queria ter trazido para me mostrar... Fiquei pensando: "- Ai meu Deus, só me faltavam trazer um hamster para eu ver..." Não tenho nada contra os ratos, mas não é meu animal de estimação preferido. Então eu disse: "- Ah, vez bem ele não ter trazido, porque senão eu levaria um susto!" Então a senhora disse: "- Não doutora é um rato de brinquedo!" Ele corre a casa toda e meu marido se diverte... “Você nem imagina como ele gosta de brincar com o ratinho...” Falei: "- Ainda bem, porque pensei que era um rato de verdade... Pode trazer o rato na próxima consulta que a gente brinca com ele..." Esses meus pacientes! Há muito que aprender com eles... 
Ela continuou dizendo que ele a ajudava muito, que ela tinha sido submetida à uma cirurgia, e não precisou de ninguém para os ajudar... Então perguntei: "- Mas, ele não está na cadeira de rodas? Ele anda?  A senhora respondeu: "- Pouco doutora, pouco, sempre escorado em alguma coisa! Mas ele tem outra forma de ajudar, ele me lembra da hora de tomar remédio, quando estou com alguma dor ele faz uma oração para mim, ele sempre tem um sorriso no rosto para me alegrar! Pensei, não é porque uma pessoa está em uma cadeira de rodas, sem falar, que não tem como ela ajudar. Há muitas formas para fazer caridade, para expressar o amor, para ser feliz apesar das dificuldades...
Fiquei emocionada com a história e por isso estou relatando aqui! O amor puro e verdadeiro ainda existe! Quando se tem amor verdadeiro no coração que nasce todo dia, esse amor transborda, não cabe dentro de um só coração, é como mágica se espalha pelo ar...


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Realidade existe?



Realidade Existe?



Não, a realidade não existe! Pode parecer loucura, mas não é... O que eu vejo como realidade, para você pode não ser real, apenas uma ilusão. A sua ilusão pode ser o que tenho como realidade. Somos aproximadamente seis bilhões de habitantes na terra, cada pessoa com milhões de neurônios, portanto milhões de sinapses fazendo ser ou não perceptível, ser ou não entendido como o que é "real" de uma forma geral. Portanto, a realidade é uma condição aproximada de "tudo o que existe". A minha realidade pode ser interpretada de forma diferente da sua realidade. A minha realidade pode não existir para você. A realidade de uma pessoa cega ou surda não é a mesma realidade de uma pessoa que enxerga ou ouve, portanto realidade não existe no singular e sim no plural, realidades...
A ilusão quando existente, é real e verdadeira em si mesma. Acredito que fizemos um resumo do que seria realidade para mais ou menos 6 bilhões de habitantes na terra, é simplificamos...  Como eu vejo o mundo, não é a mesma maneira de como você o  vê, o meu mundo nunca será igual ao seu... Eu posso concluir que você está pensando algo, mas você pode estar pensando de um jeito totalmente diferente. E o que penso ser uma ilusão, o que não significa que não seja real, pois a ilusão é uma verdade em si mesmo, pode existir só para mim, para você não! Seria a realidade uma ilusão? Teríamos uma realidade aproximada, muito distante de ser verdadeira?


Silêncio






Silêncio



Ai silêncio amigo meu onde você está? Não podemos nem mais ouvir os grilos cantando a noite... Não sei o que usaremos de inspiração para fazermos poesia no futuro. Será que dá para fazer poesia com um caminhão velho soltando fumaça e buzinando na rua? Com o trânsito caótico às seis horas da tarde em São Paulo? O barulho da buzina, da ambulância, da furadeira, da motocicleta, da batedeira, da britadeira, da televisão, da máquina de lavar roupa, da máquina de secar roupas, dos brinquedos eletrônicos das crianças, do secador de cabelos, da máquina de barbear, etc. Parece que não temos mais um minuto de silêncio! Aquele silêncio de uma noite calma no campo... Ah, deve haver esse silêncio, mas estou no lugar errado... Porque só escuto barulhos, e mais barulhos da cidade grande! A vida urbana não é brincadeira, e o engraçado e que não tem o que fazer, ou melhor, parece não ter... Existirá um caminho para a paz nas grandes metrópoles? O trânsito está cada vez pior e continuamos ficando duas horas dentro do carro para chegar a algum lugar. A poluição continua alta e nós continuamos respirando esse ar, e assim vamos, o tempo passando a gente correndo de um lado para outro e nem temos um minuto de silêncio! Quando parece que tudo vai acalmar já no final do dia, o telefone começa a tocar... É incrível  quando toca o telefone fixo, o celular, o interfone e o skype ao mesmo tempo, parece impossível, mas acontece e como acontece! Não podemos nem nos ouvir internamente, porque é muito barulho, poluição sonora! Nem na praia podemos escutar o barulho das ondas do mar porque o quiosque está tocando house música sem parar! Minha irmã ficou indignada, foi lá no quiosque pedir para baixar o som ou variar o estilo musical, colocar um pouco de MPB etc. Nada feito! O dono do quiosque disse que os DJs estavam contratados para tocar até às cinco horas da tarde, que era patrocínio de uma emissora de rádio que fazia propaganda do quiosque na rádio, e que ele tinha mil seguidores no facebook por causa do estilo musical. O dono do quiosque perguntou para minha irmã: "- Você bebe?" Ela respondeu: "Não!" Ele disse: "- Então é esse o problema, você tem que voltar a bebe”r! Então minha irmã disse: "- Como voltar a beber se eu nunca bebi”! Ela voltou para debaixo do guarda sol e continuou ouvindo house, nada de barulho das ondas do mar isso é coisa do passado... Tudo isto me assusta um pouco, o que será da gente no futuro? Para onde caminha a humanidade? Só pensamos em evoluir  para o mundo mágico dos Jetsons, aquele desenho antigo que mostrava o uma cidade do futuro... Será que estamos no caminho certo? Será que não estamos destruindo ao invés de construir? Acredito que agora que descobriu um planeta novo na zona habitável, similar a terra; acho que no futuro começaremos a pensar em nos mudar de planeta, porque o barulho aqui na terra vai acabar nos deixando surdos e loucos...


domingo, 11 de dezembro de 2011

Paciente Quinze

A velhinha criança!


A velhinha criança!



É uma criança pequena, só que tem oitenta e quatro anos de idade. Ela entrou no consultório com suas duas filhas e a bisneta, e seu diagnóstico é demência. Não, não é doença de Alzheimer, é demência vascular, quando o cérebro sofre várias isquemias que culminam num quadro de demência. Parecia uma velhinha simpática, calma, um doce... Para mim sim, mas quando a filha começou a falar da velhinha fiquei até assustada...  Era cômico se não fosse trágico... A senhora de oitenta e quatro anos de idade havia virado uma criança de uns dois ou três anos. Estava aprontando à beça na casa onde mora com uma das filhas. A  filha então começou a contar e desabafar... Disse que tinha trazido a irmã para ela ouvir o que a mãe andava fazendo, e tudo o que ela estava passando para cuidar da velhinha com demência. Imagino realmente que não deve ser fácil de cuidar de alguém com demência, tem que ter muita paciência, ser uma pessoa calma, acredito até que é melhor levar tudo na brincadeira, como se aquela velhinha ou velhinho realmente fossem uma criança e não soubessem o que estão aprontando... Então a filha começou: "- Doutora, ela vai ao banheiro e pega o papel de lixo sujo para se limpar! Pega o papel do cesto de lixo! Às vezes vamos ao banheiro lavar as mãos e então, não percebemos e enxugamos as mãos e quando damos conta a toalha estava toda borrada, ela se limpou com a toalha... Aí doutora, nem sei se posso continuar a falar, mas não posso mentir, outras vezes ela vem com as fezes na mão e quer saber o que fazer..." Nossa, fiquei imaginando a situação, realmente nada fácil... E às vezes, reclamamos da vida por besteira. Eu olhava para as quatro gerações, a filha que é a cuidadora estava desesperada, a outra filha preocupada, às vezes dava uma risada, porque realmente era engraçado, senão fosse trágico como eu disse... A velhinha não falava nada, nada, nada... E a bisneta da velhinha no colo da filha cuidadora toda agitada. Estava lá eu para resolver o problema. Bom, a primeira coisa que pensei foi nas fraldas geriátricas e logo dei a sugestão, a filha disse que era isso mesmo que ela queria fazer, mas que não tinha dinheiro para comprar as fraldas então, queria que eu desse um relatório solicitando à unidade básica de saúde fraldas para a velhinha, e assim o fiz também prescrevendo toda a medicação...  Mas a filha precisava desabafar e continuou a falar: "- Doutora eu que estou tratando depressão tomando várias medicações, chega à noite eu tomo um remédio para apagar e dormir..." A sorte era que a velhinha dormia bem! Sempre tem um lado positivo, graças à Deus! Isso vejo sempre, enquanto outros com demência passam a noite inteira acordados, falando ou andando pela casa, essa dorme... Mostrei o lado positivo para a filha. Sim, ela concordou e continuou: "- Doutora, ela enxágua a boca na pia da cozinha, temos que ficar correndo atrás dela porque na casa tem escada e ela sai correndo e sobe e desce escada, e temos medo que ela caia e quebre um algum osso. Outro dia, eu tive que sair, e deixei-a trancada em casa, quando voltei, ela tinha tomado banho sozinha, coisa que ela não faz, se trocado sozinha, coisa que ela não faz... Será que ela está fazendo isso para me provocar?" Eu disse: "- Não senhora, não. Vamos começar a medicação e ver se ela melhora..." Uma esperança havia sido lançada no ar: talvez iniciando a medicação "ela melhore..." Ficamos todos felizes, com a "esperança", pois realmente, a esperança é a última que morre...  

sábado, 10 de dezembro de 2011

Paciente Quatorze





São Paulo, 30 de Março de 2004.


Jonathan


Poderia ter sido um dia comum como todos os outros em que vivemos sem dar muita atenção para o que está acontecendo. Já estava cansada, tinha levantado cedo, enfrentado um trânsito terrível e nem sequer almoçado, pois o tempo era pouco para tudo o que eu tinha que fazer, e os pacientes estavam a minha espera. Nada de diferente se não fosse um menininho de quatro anos, falar alto todo orgulhoso assim que me viu chegando à minha sala entorpecida pela rotina: - É a minha Doutora, é a minha Doutora! Olhei para aquele menininho e aquelas palavras tocaram imediatamente o meu coração, meu dia estava salvo! Jonathan é um menino muito esperto, apesar de ter tido paralisia cerebral isto é, falta de oxigênio no cérebro durante o parto, suas pernas não se desenvolveram adequadamente e precisam de cuidados especiais. Um desses cuidados é um tipo de injeção, toxina botulínica, que é aplicada nos músculos das pernas para melhorar a espasticidade e facilitar a deambulação. O Jonathan, já havia tomado essas injeções, e é claro, como qualquer injeção doeu muito, mas ele estava ali, firme, sem medo, esperando sua médica. Entrou na minha sala me saudando, mesmo sem sua mãe dizer nada, com uma vivacidade tão grande que me surpreendeu! Como uma criança pode nos trazer tanta felicidade! Elas são tão puras de coração, com sentimentos verdadeiros, se estão tristes estão tristes, se estão alegres, estão alegres, se não gostam de alguma coisa choram ou fazem birra, tão diferentes de nós que temos que ficar controlando nossos sentimentos a toda hora, ou às vezes, temos que fingir ou esconder nossos sentimentos. Elas são verdadeiras, e logo percebi que o Jonathan estava muito feliz e ansioso para me ver, apesar de eu ter lhe causado dor, mas quando sabemos que a dor é para o nosso bem a aguentamos firme... Ele sabia que a dor que eu lhe causara e para essa finalidade, ele estava louco para correr e jogar futebol como os outros meninos. Então, logo falei: - Você não vai me dar um abraço! Ele veio com os seus pequeninos braços abertos e me abraçou fortemente. Eu senti o mundo naquele abraço. Como foi bom sentir aquele braço, era um abraço verdadeiro, puro. Ele logo começou a andar para mostrar como tinha melhorado, e realmente era verdade! Acho que não existe nada mais gratificante na vida de um médico, quando ele vê seu paciente melhorar, o que na neurologia nem sempre é possível, pois a maioria das doenças não tem cura, só controle, e às vezes nem isso... Acredito até que uma vida inteira valha por esses momentos. Este menino só tem quatro anos, o que ele mais quer é correr, pular, jogar bola, pular corda, eu já fui criança e sei disso, para ele é bem mais difícil e ele sabe disso, tem crianças que nascem com outras preocupações, e a vida não é só brincar, e o Jonathan é uma delas. Ele sabe que tem muitas coisas a serem feitas nas suas pernas, e que ele também precisa colaborar. Eu também, quando era criança, fui muito doente, tinha bronquite, e às vezes, ficava sem ar e então corria para o pronto socorro fazer inalações, tomar injeções, remédios... Cheguei consultar muitos médicos. A responsabilidade era grande para todos a fins de melhorar minha doença. Desde então, sentia-me adulta, decidi ser médica com cinco anos e nunca mudei de ideia. O mais engraçado é como minha bronquite foi curada. Um dia a caminho das vacinas contra alergia eu disse para eu mesma: “- É a última vez quê venho tomar essas vacinas, cansei!” Eu tinha doze anos de idade e bronquite desde os dois, nunca mais voltei lá e nunca mais tive crises de bronquite. Podemos curar nossas doenças? Acredito que algumas sim, quando estamos fortemente decididos a nós livrar delas...  Senti o Jonathan firme, decidido, um menino de quatro anos! O Jonathan vai ficar bem, tenho certeza...  

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

É possível perdoar?



Perdão


É possível perdoar? Sim é possível, mas como diz o escritor Flavio Gikovate: "- Perdoar não significa esquecer as mágoas..." Eu perdoo todos os que me fizeram mal de alguma forma, mas não posso esquecer as mágoas, pois por enquanto não estou com doença de Alzheimer... Se Jesus perdoou seus inimigos, quem sou eu para não perdoa os meus? Perdoo sim, todos eles... Por isso temos que tomar cuidado com nossos atos e palavras porque uma vez lançadas, jamais serão apagadas...
Fico pensando, será que precisaremos ficar com doença de Alzheimer para esquecer todas as nossas mágoas? Será que pessoas muito magoadas tem maior predisposição de desenvolver a doença de Alzheimer? Não sei se existe algum estudo científico sobre isso, mas era algo que deveria ser levado em consideração... Outro dia atendi uma paciente com doença de Alzheimer que não reconhecia o marido, ele nunca havia existido... Achei muito peculiar, esquecer que foi casada? Esquecer-se do marido? Os filhos ficam assustados, e meus pacientes com Alzheimer ficam em silêncio olhando para mim querendo que eu os entenda pelo olhar... Como nunca estão sozinhos, raramente falam alguma coisa, quando falam alguns dão uma resposta inusitada ou evasiva querendo dizer: "- Não estou preocupado (a) com a situação, estou na boa...”.
Pena que ainda não inventaram um remédio, ou uma máquina em que as zonas de memória das mágoas do cérebro fossem marcadas e então, eliminadas... Já andei lendo sobre isso, e parece que já estão desenvolvendo uma medicação capaz disso... Eu acho ótimo, pois estou mesmo querendo eliminar algumas mágoas... É possível esquecer alguém que inventa uma mentira, e ainda o leva para o tribunal como réu? Acho isso uma das piores mágoas... Por isso minha prima advogada sempre fala para seus clientes e amigos: "- Não seja o primeiro a entrar na justiça quando se pode evitar, converse pessoalmente, pois a pessoa nunca irá esquecer e nem te perdoar..." Verdade, mas agora eu digo, perdoar eu perdoo, mas não tenho como esquecer..." Foi um ano da minha vida que perdi com essa história de justiça. Gastei meu tempo pensando nisso, perdi a paz, perdi o sossego... Poderia ter tido um ano tranquilo, criando meu filho pequeno sossegada, curtindo meu amigo com conversas boas, risadas, como sempre fazíamos, mas não, tínhamos que ficar discutindo assuntos chatos de justiça porque ele tivera a mesma experiência e entendia de tudo e queria me ajudar... Hoje ele não existe mais, morreu! Eu queria tanto uns minutinhos para rir e falar coisas boas com ele, mas não tenho, e o tempo que tive o perdi... Depois de tudo que ele passou, sabe qual foi o conselho que ele me deu? "- Não perca seu tempo com raiva e vingança" Não vou perder mesmo! Pois ele perdeu, e isso o levou a falecer com cinquenta e um anos de idade com infarto fulminante do miocárdio.
Também fico pensando, temos que perdoar mesmo que a pessoa não peça perdão? Melhor sim, para ficarmos com o coração leve e consciência tranquila...
Às vezes fico pensando que as pessoas que nos magoaram nem saibam disso, e talvez ainda achem que somos nós que devíamos pedir perdão... Sim, eu já magoei pessoas e humildemente pedi perdão. Porque é tão difícil reconhecer e aceitar o próprio erro? Ficamos nos justificando e achando que estamos sempre certos? Ou então, vamos a uma missa, ou em um culto e pedimos um perdão geral para Deus e pensamos que isso é suficiente? Acredito que Deus não seja "bobo" e que ele irá dizer: "-Vá e peça perdão primeiro para teu irmão!".
É realmente "perdão" é uma palavra difícil... 


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pedestres





Pedestres


Achei ótima a campanha "Pedestre, eu cuido". Sim, temos quer dar preferência ao pedestre quando ele estiver na faixa de segurança para atravessar na rua. Porém, as novas medidas devem ser mais bem explicadas, tanto para os pedestres como para os condutores de automóveis. O que tenho visto é que os pedestres agora querem atravessar na faixa, mesmo quando o sinal de pedestre está vermelho. Assim não dá! Lugares onde há faróis e faixas de pedestre tem que ser respeitado o sinal. Esses dias o farol estava verde para mim, e vermelho para o pedestre e um moço se lançou na faixa achando que podia, eu até buzinei mostrei o farol de pedestres vermelhos, mas ele nem entendeu...
Também acho que as faixas devem ser pintadas novamente, e já vi que pelo menos na minha cidade já estão fazendo isso, pois tem muita faixa quase apagada. Outra coisa é, tem algumas faixas que devem ser eliminadas, pois estão em lugares totalmente equivocados para a atualização campanha. Antes a faixa podia estar lá no meio de uma avenida movimentada até com corredor de trólebus, para quando surgisse uma oportunidade o pedestre atravessasse, outra coisa é o pedestre se atirar na faixa de repente achando que pode passar a qualquer hora.
Também acho errada essa história de levantar o braço para passar. Agora vamos ter que levantar braços, pernas para mostrar que queremos atravessar? Tem gente tímida por aí, que tem vergonha de ficar se mostrando na faixa de pedestres com movimentos exagerados. O motorista viu o pedestre, ele para e deixa-o passar e pronto!
Vejo muito motorista que nem sabe da campanha, ou quando lembra a faixa já passou, por isso acho que tudo isto deveria ser bem divulgado com panfletos, via televisão e internet.
Estou vendo pedestres na faixa, esperando, esperando, e os carros passando e passando, porque não sabem ou se esquecem. É claro que precisamos de um tempo para nos acostumar com a nova rotina, mas nestas circunstâncias o pedestre tem que "plantar bananeira" ou dançar  o frevo para chamar atenção do motorista e o mesmo pararem para ele atravessar.
Outra situação que ando vendo por aí, é que tem pedestre que acha que agora pode atravessar em qualquer lugar, até mesmo onde não há faixas. Esses são aqueles que chamamos de "abusadores do poder", e como tem gente assim por aí... 
Gostei da ideia! Na Europa há anos é assim... Realmente temos que copiar as coisas boas dos outros países, e porque demorar tanto tempo para trazer o que é bom para cá?
Vamos nos mexer! Vamos melhorar nosso país! Ele merece e nós também! Evolução para um mundo melhor para todos!


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Casa


A Casa

Saudades da minha casa
Onde lá não tinha muro
Seu número era trinta e nove
Na rua Porto Seguro

Era uma casa especial
Foi lá que eu cresci
Vivendo momentos felizes
Onde jamais eu os vivi

A paz reinava sempre
E todas as manhãs nascidas
Pareciam uma  manhã ensolarada
Mesmo que a chuva aparecia

Nossa casa era simples
Mas grande de felicidade
Todos que no bairro moravam
Tinham a mesma idade

Todos os vizinhos eram amigos
Não havia confusão
Era uma grande família
Num mesmo quarteirão

Na manhã de domingo
Nossa vizinha Luiza aparecia
Entrava sem bater na porta
Trazendo-nos alegria

Vinha comer os pedaços de pizza
Que da noite do sábado haviam sobrado
Ela não os deixava esquentar
Porque gostava de comê-los gelado

Nossa casa dava para duas ruas
Uma de cada lado
Não havia nas portas e portões
Nem trincas nem cadeados

O banheiro era lindo
Como nunca vi igual
Seus azulejos eram pretos e amarelos
Muito diferente do normal

Tínhamos um único quarto
Eu e minha irmãzinha
Em cada cama um lençol diferente
Da turma da Mônica e do Cebolinha

O quintal era grande
E seu o chão era feito
Com pedacinhos de lajotas
Todas espalhadas de qualquer jeito

Era uma casa especial
Onde vivemos grandes momentos
Uma das paredes de fora era feita
De várias pedrinhas marrons grudadas no cimento

O que separava a garagem do quintal
Eram quatro colunas finas de concreto
Pintadas de cores diferentes
Onde o desigual parecia certo...

Havia canteiros espalhados
Com rosas amarelas
e outras flores cresciam
De forma tão singela

Essa casa agora existe
Apenas na nossa lembrança
Nunca deixando nos esquecer,
Que somos uma eterna criança...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Infância




Infância

Saudades da minha infância
Onde meus dias eram tardes de verão
Minha vida era movida
Por uma linda canção


Pé descalço na calçada
A vida era diferente
Corria solta por todo lado
Via-se feliz muita gente

A noite continuávamos
A nossa brincadeira
Como que se lua
Fosse nossa companheira

Os brinquedos eram poucos
Muitas vezes feitos por nós,
A simplicidade reinava
E dificilmente nos sentíamos sós!

À noite após o jantar
A família na mesa reunida,
Rezamos agradecendo
Por mais um dia de vida!

Nas nossas orações
Estavam todas as pessoas queridas,
Mesmo aqueles ausentes
Mas sempre presentes nas nossas vidas

Ai que saudades da minha infância
Minha infância querida
Onde os pensamentos da gente,
Eram sempre bexigas coloridas...

O tempo passou e trouxe
Outra uma nova realidade,
O mundo dos adultos nem sempre é,
A mais pura verdade.

Tento livra-me dos pensamentos
Do mundo que hoje conheço,
E só posso mesmo dizer,
Que a infância não tem preço...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Paciente Treze



A blusa de lã azul



Peguei a ficha na mão, vi que a paciente tinha mais de oitenta anos, chamei-a, mas ela não veio, no lugar entra a filha: - Doutora, minha mãe está bem, eu só vim mesmo para pegar as receitas para o Alzheimer... É engraçado, sempre quando atendo meus pacientes com Alzheimer tenho a impressão que o Alzheimer é amigo deles... Também sempre quando ouço que está tudo bem, fico quieta, porque sei que se perguntar  alguma coisa com certeza tudo não estará mais tão bem assim e surgirá uma queixa, um probleminha...
O silêncio reinava no consultório, eu estava fazendo as receitas e receitas, e preenchendo formulários e formulários... Quando a filha da paciente falou: - Doutora tem um problema... Eu pensei claro, sempre haverá um problema... É só pensarmos e pensarmos que vamos o encontrar, mas à vezes é preciso silenciar, colocar para "trás das costas" e continuar o caminho... Então, eu disse que ela podia falar: - Doutora, minha mãe "cismou" com uma blusa azul de lã feita a mão, bem velhinha... Ela só quer vestir essa, a blusa está velhinha, mas eu lavo, está sempre limpinha, mas comprei até uma lã igualzinha à da blusa velha e estou fazendo outra nova... Eu disse: - Vamos ver se ela vai aceitar a blusa nova... E continuei: - Não vejo nenhum problema nisso, deixa-a vestir a blusa preferida dela, vai ver que a faz lembrar bons momentos, quem sabe é a cor que lembra o mar ou o céu, um balão... Não importa se está velha, furada, coloque outra blusa por baixo, e essa por cima. Mesmo que a blusa vire um pedaço de lã, transforme-a em um cachecol, e quando se gastar a tal ponto que não se parece nada, faça um enfeite de cabelo. Ela concordou, e eu disse que isso não a impedia de fazer uma blusa nova, mas querer que uma velhinha de mais de oitenta anos não vista sua blusa predileta é triste...
Então fiquei pensando, vai chegar um dia, em que seu guarda roupas, cheio de roupas, e as lojas mais famosas do mundo, cheia de novas roupas, e sua conta bancária cheia de dinheiro não irão significar mais nada, porque você irá querer vestir aquela blusa velhinha que te faz lembrar coisas boas de um passado, um passado vivido, meio esquecido, mas de alguma forma lembrado, num fio azul de lã...  A vida é assim, às vezes o muito no futuro significará nada, e aquela blusa velha esquecida no teu armário significará tudo... A vida está sempre nos pregando uma peça...


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Onde está você?




Eu sabia...

Eu sabia que você não me deixaria sozinha,
Eu sabia que quando eu precisasse você iria até o fim,
Eu nunca duvidei dos seus sentimentos,
Eu simplesmente sabia que você faria tudo por mim...

Você fez o possível e impossível,
Atirou-se mar adentro para me salvar,
Arriscou sua vida por mim,
Mas você conseguiu chegar,

Não foi fácil eu sei,
Mas você estava presente,
No momento em que,
Eu já me via ausente...

Eu sabia que você viria,
Com suas palavras me acolher,
E a minha vida mudaria,
Depois de aquele amanhecer,

Então posso dizer-te,
Que nossas vidas não foram em vão,
Estivemos sempre presente,
Dentro da mesma canção...

Só posso dizer,

Que eu sabia como ainda sei,
Que você nunca me deixará,
E para sempre com a gente
Este amor sobreviverá.

Nossas vidas seguem juntas,
Na mesma direção,
Estaremos sempre lado a lado
Vivendo essa paixão!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sinceridade



Sinceridade


Não aguentei e caí numa gargalhada... Foi meu dermatologista o autor dessa hilariante gargalhada,  aquela que vem do fundo da alma... No meio da consulta, ele contou que mandou um paciente dele passear no zoológico! E então perguntei: - Nossa! Para o zoológico? Ele respondeu: -Sim, para ele aprender com os bichos como que a gente tem que se cuidar... Porque que o leão está lá, todo bonito, juba penteada? Pensa que foi alguém que foi lá penteá-lo? Não! E os patos, com as asas lustradas, lindas brilhantes? Não foi nenhum cabelereiro que arrumou... E os elefantes, quando está muito calor jogam uma camada de lama nas costas para se protegerem do sol e do calor! Por isso que não troco de dermatologista, não troco mesmo! Fiquei sabendo de uma dermatologista que olha para você é fala: - A testa é quinhentos reais, ao redor dos olhos seiscentos reais, o face toda sai por volta de três mil reais... Ah, e não esqueça de pegar todos os cremes indicados para você na recepção com a secretária... Ele não está interessado em ganhar dinheiro as custas de ninguém. Ele é sincero! Talvez porque ele faça dermatologia oncológica, e que para ele uma ruga na testa não siginifica nada comparada à um melanoma. Para ele, a natureza e dignidade fala mais alto... Ele até faz estética mas sabe o limite entre o bom senso e o exagero, o ridículo... Como fala o escritor e psicoterapeuta Flavio Gikovate, é claro que a aparência física é importante, devemos sim nos cuidar, ter boa alimentação, praticar atividade física, mas envelhecer também é preciso! Ele, disse: " -Imagina só, "novo", "novo", "novo", cheio de plásticas e etc, chega aos setenta anos com aparência de trinta anos de idade e morre! Não é natural! É preciso nos deixarem envelhecer! Concordo! Por isso, sinceridade, honestidade e bom senso andam juntos! Gosto dos profissionais médicos que mantém a ética médica, que vêm o paciente de dentro para fora, e não se fora para dentro ou como fonte de renda. O verdadeiro médico não vê a medicina como um negócio. O verdadeiro médico é aquele que vê a medicina em primeiro lugar como um exercício de amor ao próximo...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Agrotóxicos




Agrotóxico e Saúde


Li uma reportagem na internet sobre o aumento de câncer na infância, jovens e adolescentes. No artigo, o oncologista explicava que uma das causas desse aumento era devido aos agrotóxicos nas verduras e legumes, e que o Brasil era estava na lista de um dos maiores importadores de agrotóxicos. Também falava que a quantidade de agrotóxico era maior do que  a permitida nos alimentos. O que eu, como médica, possível pensar de uma coisa dessas? Triste, terrível, sabe porquê? Porque estão brincando com a saúde e com a vida! Um médico luta tanto para salvar uma vida e tem gente por aí que anda colocando agrotóxico a mais nas frutas e verduras para os outros comerem, e sabe porquê? Por ganância! O dinheiro fala mais alto quando se trata de ter uma ótima colheita por fora, mais cheia de veneno por dentro... Para mim isso é um crime! É engraçado, quem mata com uma arma de fogo vai preso, para cadeia, eessas pessoas que matam indiretamente? Só enriquecem? Cadê o respeito pela vida, cadê o amor pelo irmão? Que nada ninguém fala mais sobre isso, o importante é a conta bancária crescer, crescer, não importa como... Não estou achando nada bom o caminho que a humanidade está escolhendo seguir... Concordo, devemos evoluir, mas  até que ponto isto não será prejudicial à nós mesmos? Acho mesmo que devíamos pensar mais, dar valor as coisas básicas da vida para depois avançármos...  Saúde, é algo que devemos preservar. Um médico estuda a vida inteira na intenção de zelar, promover e restaurar a saúde das pessoas, e então vem "não sem quem", que manda "não sei quem", jogar um monte de agrotóxicos nas frutas e verduras para os outros consumirem! Faça-me um favor isso não é dignidade!  Quem sabe disso e se omite é um assassino! Vamos na feira, e lá estão eles, os pimentões lindos, cheios de agrotóxicos, as cenouras grandes cor de laranja vivo, cheias de agrotóxico. Para não falar do brócolis, do alface, da couve, couve-flor é um veneno só! Falam que é melhor comer produtos orgânicos. Deve ser os que vendem as frutas e legumes com agrotóxicos comem, porque para uma pessoa de classe média e baixa comprar fica difícil pagar cinco reais por três inhames pequenos ou cinco reais por três espigas de milho pequenas. Tenho vontade de gritar, mas para quem? Ei, parem de colocar agrotóxicos nos alimentos só para terem produtividade, venderem e ganharem dinheiro!!! Ei, parem de causar doenças, enquanto a gente aqui, médicos, lutamos para as combater! Sinto-me ofendida no fundo da minha alma! Será que dá para parar? Se agrotóxico é prejudicial para saúde, todo mundo vai comer orgânico e ponto final! Proibam a venda de agrotóxico! Mandem as pessoas plantarem couve-flor na varanda do apartamento, feijão e tomate no quintal, em qualquer lugar mas por favor, preservem a saúde! Já bastam as doenças que não podemos evitar... Quando vamos evoluir o suficiente para aceitarmos que o fim é igual para todos? Não adianta levar dinheiro e jóias  para o caixão! Todo mundo vai virar osso, pó para os cremados , seja lá como for, tudo é questão de tempo, para uns mais, para outros menos. Meu sonho é que as pessoas se amem, não façam para os outros o que elas não gostariam que fizessem para si. Como o mundo seria melhor! Quando vamos evoluir? Não tecnologicamente, economicamente, mas moralmente? Para onde caminha a humanidade? Alguns lutando para achar a cura para o câncer, outros o promovendo? Não posso acreditar que vivo num mundo assim... Cadê o "SER" humano? Precisamos evoluir como seres humanos, é só isso que sei... Quem faz coisa errada, mente e sabe, está se beneficiando... Quem são essas pessoas? Quem está brincando com a saúde dos outros, quem quer se beneficiar? Vamos parar para pensar... Vamos deixar de ser o "bobo" da corte... O futuro agradece e nossas crianças também!

domingo, 27 de novembro de 2011

O tempo existe?



Tempo


Separamos, passado, presente e futuro, pensamos que são tempos distintos, separados entre si. Erramos! Vivemos passado, presente e futuro ao mesmo tempo... O tempo é um só! O que eu sou agora, sou na verdade o que o passado me tornou, é um passado presente... O que sou hoje nada mais é de tudo que vivi no passado. Então sou passado e presente ao mesmo tempo, e o que será daqui um minuto, depende do que estou vivendo agora no presente, na verdade já estou escolhendo o futuro, seria um futuro presente. Se decido agora que mudarei para Tocantins, já estou vivendo o futuro no presente, na verdade já sei pelo menos cinquenta por cento de como será minha vida. Tenho dentro de mim o passado, o presente e o futuro. Nã dá para apagar o passado, porque ele é presente. Não dá para dizer que o futuro está longe, porque o vivo a cada minuto, e este,torna-se passado.
O passado, presente e futuro não existem. Existe mesmo uma unidade. Novas tecnologias de neuroimagem mostram que pessoas que vivem numa metrópole tem a região do córtex cingulado e a amígdala cerebral afetados. Estas áreas no cérebro são responsáveis pelo estresse e centro emocional respectivamente. Isto prova que o que sou no presente, nada mais é das experiências que vivi no passado. A mudança está registrada no meu cérebro. Na verdade meu cérebro é o passado que se transformou em presente, e daqui um segundo, o presente passará a ser passado, mas ao mesmo tempo é o futuro se concretizando. Posso planejar um futuro, mas não posso apagar um passado, porque ele sou eu!O que sei é que vivo o passado, presente e futuro. Eu não estou preocupada com o tempo, porque se ele existe, ele é a minha própria existência... 

sábado, 26 de novembro de 2011

Infinito segundo!





Infinito Segundo


Quero escrever aqui sobre o infinito segundo de felicidade. Como pode "um segundo" ser infinito? Sim pode! E aqui, tudo se transforma pela química da vida... Um segundo pode ser infinito, e quem experimentar esse infinito segundo vai saber que valeu a pena viver por um segundo de felicidade... Por esse infinito segundo podemos dizer que a vida pode ser vivida em um segundo.  Não queria viver cem anos sem experimentar um infinito segundo, aquele que marca nossas vidas para sempre, que jamais é esquecido. Fica lá guardado no departamento da memória como um diamante. Quando relembramos esse infinito segundo podemos ativar vários circuitos do cérebro e então, uma corrente de bem estar se propaga por todo nosso corpo, como se fosse um choque elétrico repentino de felicidade... Consigo lembrar agora três infinitos segundos: um beijo que eu não trocaria por nenhum outro na minha vida. Não, não, não foi o primeiro beijo... Foi o beijo que posso dizer que toda minha vida valeu por ter tido ele... Foi o beijo que eu entregaria todo o meu dinheiro para tê-lo de volta... Foi único!
Outro infinito segundo aconteceu na França. Foi amor à primeira vista... Não me esqueço dele nunca, um príncipe na minha vida. Pensando bem, já tive um príncipe na minha vida, ele! Estivemos juntos por algumas horas em uma discoteca. Já faz tanto tempo, mas nunca vou esquecer. Eu brasileira, ele francês, a sorte foi que ambos falavam um pouco de inglês. Juntamos  a língua portuguesa, francesa e inglesa e fizemos nós, a nossa própria língua de comunicação... Porém, só poderia ser um infinito segundo de felicidade, porque o oceano e o tempo nos separaram... Era a pessoa certa, no tempo e lugar errados... Não que a França seja um lugar "errado", pelo contrário a França é maravilhosa, mas longe... Além disso, o tempo era curto, no dia seguinte eu partia...
Outro infinito segundo foi no hospital em que eu era residente de neurologia. Eu tinha feito uma prova do curso de residência de neurologia, e encontrei meu namorado no corredor do hospital me esperando para saber o resultado da prova, se eu tinha ido bem ou não, porque ele sempre estudava comigo. O corredor era longo e quando o avistei de longe, ele estava de braços abertos e vinha ao meu encontro para me abraçar com um sorriso lindo no rosto.
Esses são alguns dos meus infinitos segundos de felicidade... Acredito não ter muitos mais para contar, mas lembrei desses agora... Sim, esses infinitos segundos fazem a vida ser digna de ser vivida, pelo menos para lembrar que esses momentos existirão que jamais serão apagados e para sempre serão guardados...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Paciente treze!



O pão francês


Lembrei-me do escritor e psicanalista Rubem Alves. Ele conta em uma de suas crônicas, que tinha um paciente com mais de oitenta anos, quase morrendo, que ficou com uma vontade louca de comer pastel. Portanto, ele não era mais dono de si, preso em seu leito pela doença, a única forma era pedir para a filha comprar um pastel, mas ela negou! Disse que não poderia comprar o pastel porque o colesterol dele era alto. Acho que ele morreu no dia seguinte com vontade de comer pastel... Ontem, a mesma situação aconteceu comigo... Chamei minha paciente, entrou sendo levada por sua filha em uma cadeira de rodas uma senhora de oitenta e sete anos com Doença de Alzheimer. Era visível que pela sua idade e doença, ela estava bem! Olhava para mim serenamente, quando perguntei se ela estava bem, ela deu um sorriso como criança faz, sem muito dizer... A dose do medicamento para o Alzheimer já estava máxima. Não tinha mais nada a ser feito, mas a filha queria falar algum problema...  Quem não tem problema? Todo mundo os tem de alguma forma mesmo que simples, pelo menos é o que vejo e escuto como médica. Parece que fica chato conversar com alguém e não falar de nenhum problema. Em Londres, para se evitar isso, as pessoas quando se encontram falam do tempo, se vai chover, se não vai, se vai fazer sol... Certo ou não, não sei, acho bom desabafar, por para fora, compartilhar, mas se pensarmos bem, às vezes não temos nenhum problema relevante ao nosso redor, então, porque criá-lo? Foi o que aconteceu quando indaguei a filha da paciente. Sim, havia um problema: - Doutora, minha mãe come muito pão francês! Esse é o problema, preciso de um encaminhamento para a nutricionista! Logo lembrei do paciente do Rubem que queria no fim da vida comer um pastel. Não aguentei falei: - Senhora, se o único prazer dela com oitenta e sete anos é comer pão francês, deixa ela! Então ela disse: - Doutora, mas ela come quatro pães franceses no café da manhã!  Falou em café na manhã, mexeu comigo, também é minha refeição favorita do dia! Imagina se me privassem de alguma coisa do meu café da manhã? Eu não iria gostar... Então falei: - Quatro pães de uma vez realmente é exagero, mas porque você dá quatro pães para ela? Não é ela que pega, nem compra, pois ela está na cadeira de rodas, reduza a quantidade de pães e  pronto! A filha respondeu: É!
Não encaminhei para a nutricionista, não fazia sentido... Porque implicar com o pãozinho que uma velhinha de ointenta e sete anos come com todo prazer no café da manhã? Realmente, às vezes criamos problemas sem sentido, inúteis, que não vão mudar em nada uma situação... Deixa o velhinho comer seu pastel sossegado e a velhinha comer dois pãezinhos no café da manhã! 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Eu sabia...


Eu sabia...

Eu sabia que você não me deixaria sozinha,
Eu sabia que quando eu precisasse você iria até o fim,
Eu nunca duvidei dos seus sentimentos,
Eu simplesmente sabia que você faria tudo por mim...

Você fez o possível e impossível,
Atirou-se mar adentro para me salvar,
Arriscou sua vida por mim,
Mas você conseguiu chegar,

Não foi fácil eu sei,
Mas você estava presente,
No momento em que,
Eu já me via ausente...

Eu sabia que você viria,
Com suas palavras me acolher,
E a minha vida mudaria,
Depois daquele amanhecer,

Então posso dizer-te,
Que nossas vidas não foram em vão,
Estivemos sempre presente,
Dentro da mesma canção...

Só posso dizer,

Que eu sabia como ainda sei,
Que você nunca me deixará,
E para sempre com a gente
Este amor sobreviverá.

Nossas vidas seguem juntas,
Na mesma direção,
Estaremos sempre lado a lado
Vivendo essa paixão!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Paciente Doze



O presidiário



Estava no hospital dentro de um consultório atendendo um paciente. Era uma terça-feira, nove horas da manhã, é a paz reinava. Tudo parecia tranquilo quando repentinamente um funcionário do hospital abre sem antes bater a porta do consultório. Tinha um "ar" desesperado, estava com pressa, muita pressa, só falou: - Doutora quando o posso trazer? Ele está lá embaixo esperando... Falou de um jeito como se eu já soubesse quem era "ele". Em poucos segundos comecei a pensar: - Quem seria "ele"? Ele? Quem? Será que marquei com alguém e esqueci? Então falei: - Bom dia! Ele quem? O funcionário desesperado suando falou: - Ele o presidiário! Fiquei alguns segundos pensando, primeiro que eu não sabia que tinha um presidiário me esperando... Segundo, devia estar esperando há pelo menos uma hora, porque o hospital pede para o paciente chegar uma hora antes da consulta. O certo seria falar que ele deveria como os outros esperarem a sua vez, mas o desespero do funcionário era tanto que disse: - Pode trazê-lo já! Agora! Cadê ele, que eu já o atendo...   O moço respondeu: - Vou buscá-lo doutora, vou buscá-lo, ele está lá embaixo com todos os policiais... Deduzi que o lá embaixo deveria ser a entrada dos funcionários. Não sei. Ele estava lá, o presidiário, cheio de policiais em volta causando desconforto a toda gente. Não seria eu que iria atrasar a resolução do problema. No hospital, como médico sempre aprendemos, se há algum problema, seja ele qual for, temos que resolver imediatamente, não dá para ficar enrolando... Um dia quando atendi um presidiário no posto de saúde, escutei os outros pacientes reclamando: - Imagina, um preso, bandido, e ainda tem prioridade, passa na nossa frente! Pois é, a vida é assim! Não sou eu que vou mandar ele e cinco policiais armados, e mais os que estão na calçada dando cobertura esperar eu atender dez pacientes para depois o atender. Sinto muito, detesto armas!
Continuei atendendo os pacientes quando bateram na porta,  "ele está aqui", "ele está aqui"! Pedi que a paciente saísse da sala dizendo que eu a atendia depois para atender o presidiário. Ela  saiu rapidamente. O presidiário entrou algemado, com ele um policial com uma arma enorme, nem sei dizer que tipo de arma era aquela, mas media o tamanho equivalente ao tronco do policial, seria uma metralhadora? E outro homem sem nenhum uniforme específico trazendo toda a papelada do presidiário. Era um moço jovem, por volta dos trinta anos de idade, algemado, senti-me um pouco incomodada, mas estava ali, naquele minúsculo consultório, eu o presidiário, o agente e o policial com sua arma enorme e horrível. Quase não cabíamos todos lá. E foi assim que atendi o presidiário como qualquer outro paciente. Porque sou médica, atendo pessoas que são pacientes não  importa quem sejam atendo todos iguais! Não importa a raça, a cor, a classe socioeconômica, a idade, se cheira a perfume ou a xixi. Não faço distinção! Não importa se a consulta é particular, de convênio, do SUS... O que eu tenho a ver com isso? Nada! Só me interessa a pessoa que está na minha frente, com algum problema de saúde, e que precisa de mim, tudo mais é secundário... Eu sei que tinha que ser mais rápida, pois de repente o presidiário podia se rebelar, e seria uma confusão para todos, ou outra pessoa vir resgatá-lo e aí seria pior ainda, tiros para todo lado! Socorro!
Não foi uma situação nada agradável... Fiquei pensando no presidiário, preso naquela cela dia e noite, noite e dia e o tempo passando, passando... Deve ser triste, muito triste viver assim... Não sei o que ele fez, não olhei isso no seu histórico, só li que ele tomava gardenal... Ele tinha crises convulsivas... E fico pensando, até que ponto o cérebro dele é alterado para se transformar em uma pessoa perigosa? Será culpa dele mesmo? Ele será assim por causa da sua disfunção cerebral? Terá levado pancadas na cabeça quando era um menino de rua, por exemplo... Não sei, não posso saber, mas tudo parece ter dois lados e fica difícil julgar... Por isso que a justiça dos homens pode falhar, sim pode, e com certeza muitas vezes falha... Só podemos mesmo acreditar na justiça divina... Talvez Deus, que está presente em todos os lugares, em todos os momentos, que sabe até nossos pensamentos, Ele sim, poderá julgar, o homem fará isso superficialmente, às vezes acertando, às vezes errando...
Pedi os exames, prescrevi os remédios, remarquei a consulta e pedi em pensamento: “- Que Deus vós abençoe...” Chamei o próximo paciente...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pedacinhos



Pedacinhos


Tenho medo de mexer nas minhas coisas, pois encontro pedacinhos dele. Agora mesmo fui arrumar alguns papéis e encontrei e-mails impressos que trocamos há dez anos... Então vem a saudade e invade minha alma, faz doer meu coração, sinto lágrimas escorrerem dos meus olhos... É inevitável não os ler... E por ironia do destino, em nossas conversas eu pergunto o que ele sentiria se eu morresse o que faria, mas não tenho a resposta do e-mail... Acho que ele não respondeu... Porque responderia?  E porque perguntei isso? Guardo tudo de novo  no mesmo momento! Não consigo! Não posso mais sofrer assim... Porque eu imprimi esses e-mails? Por quê? Porque os guardei?  Devia ter feito a pergunta para mim, se ele morresse o que eu faria... Não fiz. Se tivesse feito com certeza  agiria de modo diferente... Não pensei que a morte estava por perto... Não, nunca imaginei viver sem ele... Achava que esse dia estava longe demais, que eu não devia me preocupar que tínhamos a vida inteira pela frente, enganei-me...
Havia uma música que sempre me perseguia, fazia parte da trilha sonora do CD filme "Cidade dos Anjos" com a  Meg Ryan, sempre aparecia tocando em algum lugar onde eu estava, no radio do carro, nos lugares públicos, e em vários outros lugares. A frequência com que a música me perseguia era alta.  Eu até tinha o CD, e ainda o devo ter em algum lugar, mas propositalmente o escondi há alguns anos.
Sempre que a música tocava tinha a impressão que a morte levaria meu amor de forma repentina... Eu tinha medo, desligava o rádio, mudava de estação. Enfim, parecia que era um aviso, mas nunca pensei  nele... Nós estávamos sempre juntos que jamais podia imaginar ele longe de mim, como não imagino. Acho que ele está perto, mas não consigo o ver! Mesmo quando estávamos longe um do outro, estávamos perto, não dá para descrever esse sentimento, é indescritível! 
Ele não precisava dizer nada, eu o conhecia pelo olhar, pela alma... Eu conseguia o ler, sabia seu "código"... Ele falava pouco, mas um olhar dizia tudo! Sinto falta dessa "inabalável" cumplicidade... Tiveram épocas que fomos namorados, fomos amigos, fomos irmãos, mas nesses doze anos nunca houve a época em que não fomos nada um para o outro. E é isso que faz a diferença. Essa presença mesmo na ausência fazia tudo ter mais sentido... A presença se transformava em eternidade, cada sorriso, cada expressão em sua face, movimentos de suas mãos seriam eternos... Isso tudo é difícil de ser descrito com palavras...
A música nunca mais tocou... Já até esqueci qual era a música que me perseguia... Ela já deu seu recado, foi embora...
São tantos pedacinhos dele espalhados ao meu redor, que não posso mexer em nada... A blusa que ele adorava me ver vestida está lá no meu armário, uma camisa cor de rosa, pink. Quando eu a vestia, ele dizia: - Você fica tão bem com essa blusa, com essa cor! Na verdade, não me lembro dele implicando com a minha aparência, e eu vice e versa. Ele estava sempre lindo.  Tínhamos até a mesma ptose palpebral, um olho um pouco mais fechado que o outro... Achávamos graça! Ele só falava que gostava de me ver de minissaia, que eu deveria usar mais minissaias... Assim éramos nós, almas gêmeas...  

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Meu momento...



Meu Momento é um parque de diversões!


Esse  é o meu momento!
Momento para pensar em mim...
Gira mundo gira que eu não vou ligar...
Não pare, porque eu não vou descer...

Se quiser parar pare, eu fico olhando as estrelas,
Se quiser girar, gire, eu vou sentir o vento,
Faça o que quiser, vou ao embalo,
Curtindo o meu momento...

Estou em um parque de diversões,
Dentro da xícara que roda, roda, roda,
Inclino minha cabeça para trás,
Meus cabelos vão com o vento,
Assim como todos meus pensamentos...

Na casa maluca eu entro,
Nada faz sentido,
Mas tudo faz sentido!
É só olhar de cabeça para baixo

Meu momento é tudo ao mesmo tempo,
Como num parque de diversões,
Na roda gigante, estou em cima, estou embaixo.
No trem fantasma estou no meio dos monstros,
No castelo encantado estou no meio das fadas,


Entro na montanha russa,
No topo caio desenfreadamente,
Abro os olhos e tudo passou,
Acabou de repente...

Estou aqui no meu momento,
E só penso o que quero...
As pessoas que amo,
Carrego no pensamento...
As que não amo,
Estão fora do meu parquinho...

No meu momento,
O que importa é o que penso,
Tudo o mais é nada,
No meu pensamento...

O que os outros pensam?
Para mim não faz  sentido
Pois estou mesmo preocupada
Com as coisas que realmente sinto,
E que são boas para mim


Neste momento,
Sentimentos ruins aqui não entram,
Não permito que entrem...
Estão fora, não me interessam,
Saiam logo, saiam depressa...

No picadeiro um palhaço,
Fazendo graça,
Da desgraça uma piada,
Do mundo, uma bola vermelha no seu nariz,
Da confusão, um jato de água,
De uma flor de plástico em seu paletó,
E em sua gravata um falso nó,

Gira mundo gira,
Que o mundo engana,
Faz da vida uma peça de teatro improvisada,
Fazendo o que era tudo ser nada.

O que mesmo importa,
É o meu momento,
E vou transformar todos em bolas de sabão,
Do meu parque de diversão...