sexta-feira, 16 de junho de 2017

De Janeiro a Janeiro

Sonhei com você!







Depois de muito tempo, esta noite, eu sonhei com você!
Eu sempre amo sonhar com você, pois é a única forma de nós vermos. Mas você veio e disse: "- O nosso tempo acabou, agora é o tempo deles."
Como no mundo dos sonhos tudo acontece de modo abstrato, sem pés, nem cabeça, eu não conseguia ficar triste com essas palavras e olhava para você com um sorriso. E então, sai de mim mesma, e me vi, como nunca havia me visto antes. Eu estava tão linda, e os meus olhos olhando para você eram de tamanha meiguice e serenidade, que naquele momento nada me entristeceria, mesmo sabendo que o nosso tempo acabou e que agora era o tempo deles. Eu não conseguia entender quem eram eles, talvez nossos filhos... Então vi como olha o amor, eu vi o amor através de mim, e pude perceber como ele é lindo, sereno e feliz!
Eu segurava um bebê nas mãos, de uns nove meses de idade, uma menina, vestida de macacão cor de rosa, e eu estava tão feliz que a sua frase pouco importava para mim... Nós não tivemos meninas, mas queríamos uma menina, e eu só sei que essa menina anda pelos meus sonhos... 
Eu sei que nosso tempo acabou por hora, pois sei que tudo seria diferente se você estivesse aqui, e percebi que realmente não tem mais jeito...
Eu ainda acredito que haverá um tempo para nós dois, e esse tempo está por aí, jogado no espaço...
Eu tenho visto muita coisa, mas há tempos não via a face do amor...

By Lilian Regina Gonçalves
16/06/2017


quarta-feira, 19 de abril de 2017

Mundo





Não, não estou entendendo o que está acontecendo por aqui, nesse planeta Terra. Só posso dizer, como médica, que nós estamos no caminho errado. Fazer "guerra" no século XXI é mostrar que como homens não evoluímos nada... Eu fico triste, fico triste de verdade, porque enquanto estou tentando melhorar um braço ou uma perna de uma criança com Paralisia Cerebral, tem um louco atirando bombas em cima de crianças, idosos, pessoas que têm um coração... Eu poderia dizer que estou fazendo a minha parte e dar costas para isso, mas não consigo! Desanimo-me com com a história atual da humanidade. Ainda mais quando seu filho de dez anos começa a chorar sem parar, e fica uma hora para dizer para mim o que está acontecendo, e vejo que nos seus olhos o choro não é falsa, a dor no peito dele é muita. E depois de muito tempo consigo que ele fale o motivo, já pensando em tudo que há de ruim nesse mundo, e ele diz que os mocinhos da banda coreana (Coréia do Sul) que ele gosta vão para a guerra! Ai eu fico pensando, a Coreia do Sul já está em guerra, que guerra é essa? Já estamos em guerra? Então, eu tento acalmá-lo dizendo que vai ficar tudo bem, que os mocinhos não vão morrer, nesse ato imbecil, mas ele chora... Ele não consegue entender que história é essa, de guerra, de morrer na guerra. Vejo nos olhinhos dele, vermelhos de chorar, que a dor na alma dele é séria. Pergunto-lhe, onde ele havia ouvido isso, qual site, e descubro que serviço militar obrigatório de quando os rapazes fazem dezoito anos. Disse-lhe que aqui também tem o serviço militar e que os homens tem que se alistar com dezoito anos, ele fica em choque! Não sabia! E vejo a pureza de uma criança! Ele ficou indignado, perplexo, como se isso fosse um absurdo de existir, e deve ser, porque as crianças são puras, ninguém pintaram seus sentidos... Pensei no poema de Fernando Pessoa que temos que ir tirando as tintas que pintaram (o mundo, os adultos, a escola, a mídia) os nossos sentidos, é como se fosse uma casa com sua pintura original, e vem um e pinta de uma cor, vem outro e pinta de outra cor, e assim sucessivamente... Quando chega num determinado tempo da vida, nem sabemos mais qual era nossa pintura original; e então, para os que despertam, só nos restam ir raspando as "tintas" com a qual  pintaram  nossos sentidos... É triste...       

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Joelhos Ralados






           Acho aquela frase de não sei quem é que diz: "- Queria voltar para época em que minha única preocupação eram meus joelhos ralados!". Sim eu queria voltar no tempo, queria voltar para minha rotina de infância. Ir para escola, tomar aquele achocolatado na hora do recreio, o qual nunca, nunca mas tomei igual por não encontrar nada parecido... Arrumar minha bicicleta com buzina, espelhinho, plastiquinhos coloridos nas rodas, e sair andando sem medo de nada pelo bairro até a noite...
          Poderia sair de patins por aí, pelas calçadas, no chão liso em frente à Igreja, no salão da igreja, por aí... Faria muitos papagaios coloridos, perfeitos, com rabiola longa, tão perfeitos que voavam longe, muito longe. Eu sabia tudo de papagaios, os meninos vizinhos da rua haviam me ensinado a fazer um papagaio profissional daqueles que voam longe...
          Ai que saudades, de uma vida que nunca, nunca, nunca, será igual... Eu era feliz, o mundo não havia me pintado os sentidos mais genuínos de um ser humano na infância... Fico pensando nos dias de hoje, naquelas crianças da Síria, da Palestina, dos lugares onde há guerra, que triste terem a infância roubada por adultos doentes. Nem o meu filho teve a infância que tive, e não estamos, ou achamos que não na guerra...
          Eu fico triste, muito triste com esse mundo atual, e ver que o dinheiro, poder, ganância fala mais alto para alguns seres humanos do que a própria vida...
Muita coisa mudou, mas não sei se estamos evoluindo, não sei o que a humanidade está fazendo com o planeta.
          Só tenho a dizer a criança que eu era: " - Sinto muito, as coisas mudaram para pior...".

LRG, 06/04/2017

quinta-feira, 23 de março de 2017

domingo, 12 de março de 2017

A Leitura

         



         



           A leitura é um hábito saudável, necessário e faz parte da nossa vida. Através dela adquirimos a maior parte do nosso conhecimento e cultura. Não há educação e sociedade eficaz sem a prática da leitura. Assim afirma o escritor e psiquiatra português: "- Um povo que lê nunca será um povo escravo. A cultura é uma coisa apavorante para os ditadores". Portanto, além de necessária, a leitura é uma fonte de prazer infindável, pois ler é viajar por lugares imagináveis sem sair do lugar...
          O gosto pela leitura nem sempre nasce com a pessoa e para muitos tem que ser aprendido. As crianças devem ser incentivadas desde pequenas. Os livros infantis variam de acordo com a faixa etária e podem ser muito divertidos. O exemplo dos pais também é muito importante. Já para os adultos é como experimentar uma comida que não se gosta, aos poucos vai se provando e quando percebemos já gostamos da comida. A disciplina também é importante. Deve-se fazer da leitura uma prática regular como escovar os dentes.

          Enfim, ler é viver, reviver, descobrir, imaginar e viajar através do mundo dos livros. Uma mente tocada pelos livros jamais será a mesma. Você pode ser bem sucedido sem a leitura, mas jamais será como um homem banhado com o ouro da leitura.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Não se preocupe!







Não se preocupe,
Você não terá o meu amor,
Ele nunca foi,
E nunca será seu...

O amor não significa prender ou soltar,
O amor é livre,
Não tem rótulo, e nem condições
Ele apenas vive!

Engano seu, que pensa que todas vivem aos seus pés,
O amor não vive na calçada,
O amor vive nas estrelas,
O amor não tem vaidade, não se quer mostrar...

Rasos pensamentos,
Não chegam até mim...
Mentiras, falsidade, jogos, não são comigo,
Emaranha-se, prenda-se nos seus próprios laços...

Ah tristeza, ver um "ser" assim!
Que pensa que o amor nasce de promessas falsas,
Sentimentos frouxos,
Sorrisos falsos e fala mansa...

E as bocas dizem: - Meu amor!
Mas a maioria sabe que o amor virou expressão,
Que nada significa,
Se não sai do coração...


LRG
23/01/2017

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Lembre-se...

Lembrem-se sempre:
1- A ajuda vem de quem nunca se espera,
2- As pessoas nem sempre são boas,
3- A maioria das pessoas só pensam nelas próprias,
4- Geralmente quem é bom só ferra,
5- Não adianta vangloriar Jesus agora, porque fariam, o mesmo nos dias atuais: colocariam uma coroa de espinhos e o prenderiam na cruz,
6- Nunca confie em ninguém, a não ser você mesmo,
7- A vida é curta demais para uns, e longa demais para outros,
8- A saudade fere dos dois lados,
9- A saúde é o bem mais precioso,
10- O amor nada mais é do que a sinceridade e verdade recíproca,
11- O mundo realmente é injusto,
12- É difícil separar o joio do trigo,
13- Espero que haja um céu e Deus para os bons.
LRG

Demi Lovato - Let It Go (from "Frozen") [Official]

Let it go ( frozen) Letra+Tradução

Síndrome de Asperger

https://vimeo.com/194276412

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Pontada na cabeça







          Hoje a noite eu senti a "pontada" na cabeça que tanto os pacientes falam nas consultas... Não gostei!Também achei que iria morrer assim como eles falam. A pontada era igualzinha a que os pacientes descrevem, ou pelo menos parecida. Era como um arame entrasse atrás da orelha e chegasse ao topo da cabeça e cessasse no globo ocular. Não durou mais que dez segundos e se repetiu. Olhei para a criança que dormia ao meu lado, meu filhinho, que ainda irá fazer dez anos e pedi à Deus que não me levasse agora por ele. Eu não me importaria de morrer ali na madrugada, mas não, não podia deixar o menino órfão. Ele só tem os avós maternos que poderiam cuidar dele, mas já estão velhos e podem morrer também... O que seria do menino? O que a Justiça, que não é nada justa, faria com uma criança de dez anos, o quanto ela sofreria?
          Acho que Deus ouviu-me e as pontadas sumiram, não apareceram mais durante a noite... Fui beber um copo de leite frio para me acalmar das tais pontadas que tanto os pacientes falam, e falam, e falam... Realmente só podemos dizer algo do outro, quero dizer, de outra pessoa, se sentirmos, vivenciarmos, experimentarmos o que ela sentiu... Não sendo assim, só passa de especulações, divagações e dizer palavras falsas e melhor ficar calado. E lembro daquela frase que circula na internet: "Se quiser falar de mim, calce os meus sapatos e dê três voltas pelo mundo inteiro.
          Além do menino que dormia serenamente ao meu lado, pensei nos próprios pacientes, porque essa semana um fato engraçado ocorreu... Insistiram que o consultório, no qual atendo os pacientes, era quente demais para eu ficar sem um ventilador. Falei que atenderia assim mesmo, porque na realidade, não sei porque, o ventilador dava medo, não é a sala que costumo atender, então não o conhecia (o ventilador) que não é patrimônio da Prefeitura, porque está escrito nele próprio, deve ter sido trazido por algum médico. O ventilador deve ter uns 40 anos, velhinho, sem aquela parte protetora da frente, só tem as hélices a girar bem rápido, não posso dizer que não seja bom... O ventilador estava ligado e voltado mim, mirando para minha cabeça, Eu não tinha nem percebido...               Eis, que entrou uma paciente com seu marido, e comecei a consulta. No meio da consulta o marido interrompeu tudo e falou: " - Doutora, desculpe, mas esse ventilador não pode continuar ligado! A hélice pode soltar e matar a senhora! Ele está mirado para sua cabeça.Não queremos que a senhora morra, porque aí quem é que vai cuidar da gente? Não tem ninguém doutora!". Olhei para o ventilador louco, pensei nele como uma arma imprópria, aquela que não é realmente uma arma, mas pode vir a ser... Senti pelos pacientes caso, a hélice soltasse naquela velocidade e ceifasse minha vida... Sei que ninguém é insubstituível, mas realmente neurologista já é coisa rara, ainda mais no SUS na cidade Santo André, São Paulo. Eu não tinha pensado no ventilador, mas concordei com o acompanhante do paciente e falei: " - O senhor pode desliga-lo por favor?" Ele disse: " - Não doutora, essa sala está sem ar, vamos virá-lo para a parede, assim o ar circula pela sala...". Está bem, disse eu e assim foi feito. 
          Quando senti a pontada na cabeça, lembrei desse fato, e de todos os pacientes que necessitam de mim. Também pensei que não os podia deixar, sem neurologista...
Só sei que olho para o mundo e não estou de acordo, como dizia o Dr. Flávio Gikovate, que tem gente que nasce assim, olha para o mundo e não está de acordo, mas irá fazer o quê? Então lembro de um trechinho da poesia que mais gosto de Fernando Pessoa, heterônimo Alberto Caeiro, "O Mundo não se faz para pensarmos nele", eis o trecho:


"O Mundo não se fez para pensarmos nele 
(Pensar é estar doente dos olhos) 
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo..." 

É isso, e para quem quiser ler a poesia inteira:


O Mundo não se Fez para Pensarmos Nele

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema II" 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Janeiro de 2017









          Na verdade, o mês não deveria fazer diferença, mas o mês de Janeiro para mim é um mês estranho. Fico pensando, mil vezes, o que vou fazer da minha vida. Digo o que vou fazer da minha vida além das mil e uma coisas que faço, mas quero encaixar mais coisas...
          Além das coisas que tenho a fazer, como vou arrumar outra? Será que faço um curso de fotografia, de dança, de yoga, de pilates, de crossfit? É um mês perigo para mim...Será que presto um concurso arrumo outro emprego, revalido meu diploma para Portugal e mudo de país, compro uma bicicleta, um patins quatro rodas não todas alinhadas, guardo todo o dinheiro até o último centavo no cofrinho... Será que vou à praia ou não vou a lugar nenhum?  Será que faço aquela lista de tudo que quero e não quero fazer para 2017? Não sei, fico totalmente confusa. A única coisa coisa que tenho certeza é que terei que atender os vinte pacientes e seus acompanhantes esta tarde e quando termino parece que meu cérebro esteve numa frigideira, está totalmente frito. Não digo isso por maldade, amo meus pacientes, cada um deles, queria que Deus lhes devolvesse toda a saúde, que ficassem bons, aliás que nem existisse doença e nem morte, nada disso! Que não existisse nada disso, que fosse tudo tranquilo, mas é assim porque tem que ser... Chego em casa tão cansada, que já não quero pensar em nada...
          A verdade é que, logo às férias da Faculdade de Direito irão acabar, e então, uma parte da vida será estudar e não haverá tempo para mais nada, pois foi uma escolha que fiz há dois anos, e vou continuar até o fim! Que o terceiro ano da faculdade venha! Portanto, eu estarei aqui, mesmo querendo estar em outro lugar. Na verdade, vivemos em dois mundos, o mundo que julgamos real e o mundo da imaginação, nele fechamos e vamos, e fazemos o que quiser...
          Sinto falta dos meus amigos de longe...
          Depois de escrever tudo isso, Janeiro não tem tanta importância, mas ao mesmo tempo tem, continuo a pensar, o que posso fazer de mais, e mais, e mais... Sabendo que há coisas que não poderei fazer jamais, mas tem coisas que ainda posso fazer... O tempo passa tic-tac, tic-tac...


By Lilian Regina Gonçalves
09/01/2017