quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Semelhanças




Semelhanças


Não precisaria nem de teste de DNA para confirmar tal paternidade. É só olhar para o pai dele que consigo ver claramente as semelhanças entre os dois...
Meu amigo brincou comigo e eu acreditei! Eu já estava acostumada com as brincadeiras, mas dessa vez ele brincou sério... Disse que era adotado, que ele e a irmã dele haviam sido adotados juntos. Eu duvidei, insisti perguntando várias vezes se isso era verdade, ele, seriamente dizia que sim! O tempo passou, um dia, quando estávamos conversando sobre um assunto similar, perguntei novamente se ele havia sido adotado, não, não havia, era brincadeira... Ele olhou para mim e deu risada...
Agora, olhando bem de perto para o pai dele, posso ver tamanha semelhança... O formato do rosto é muito parecido, as rugas praticamente tem a mesma disposição... A sobrancelha tem o mesmo formato, o cabelo parece ser da mesma espessura, o nariz lembra o dele, mas aí, deve ter tido uma mistura com o formato do nariz da mãe... Os olhos tem o mesmo formato, são pequenos, porém castanhos, diferente dos dele, azuis que herdou da avó materna.
Olhei para as mãos do pai dele, havia alguma semelhança, porém não eram iguais... Posso fechar os olhos  e descrever as mãos dele e seus gestos... Engraçado, isso é algo que reparo em um homem, as mãos...
Agora lembro uma frase de uma música que a cantora brasileira Ana Carolina canta: "O meu amor conhece cada gesto seu..." Sim, o meu amor conhecia cada gesto dele... Acho essa frase divina: "O meu amor conhece cada gesto seu...", muito mais bonito que dizer "eu te amo", "I love you"...
É assim, confirmei que ele não era adotado... Era só uma brincadeira... Se eu pudesse ligava para ele e dizia: "- Seu bobo, você não é adotado coisa nenhuma!" Ele olharia para mim e daria uma gargalhada, e então, nós dois cairíamos numa infinita gargalhada...   

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Tonico e os amendoins!



O Tonico e os amendoins...




O Tonico era um velhinho muito simpático, pai da Júlia, minha madrinha de batismo. Ele tinha estatura mediana, era gordinho, quase careca, tinha um chapéu de palha e suspensórios para segurar as calças sociais. 
O Tonico foi personagem da minha infância e da minha irmã... Ele morava sozinho. Às vezes, para afastar a solidão, ele comprava amendoins ainda na casca, torrava no forno e vinha andando à pé uns dois kilômetros até nossa casa. Quando chegava com os amendoins quentinhos, a alegria era nossa, espalhávamos os amendoins na mesa, ele pedia uma pinguinha para comer com os amendoins, minha mãe fazia café e começava a conversa. Ele contava suas histórias, em já não as lembro, dávamos risadas, era uma alegria, ao entardecer, o Tônico pegava seu chapéu e punha pés ao caminho, para vir o caminho era descida, mas para voltar era uma íngreme subida... E então, ficávamos vendo do quintal da nossa casa, que ficava na Rua Porto Seguro número trinta e nove, o Tônico subir a ladeira com seu chapéu de palha, sapato,  calça e camisa branca estilo social, até desaparecer dos novos olhos...
Ontem o Tonico foi citado aqui no nosso almoço de domingo. Minha irmã lembrou-se do Tonico com carinho, eu também... Mas, havia um fato que me fazia esquecer o Tonico por todo esse tempo, ele tinha feito algo que eu não havia gostado e acho que coloquei as memórias do Tônico, bem no fundo das gavetas do meu cérebro, aquelas que a gente não quer usar... Eu, minha irmã e minha mãe adoravam gatos, e sempre tinha um em casa... O que aconteceu foi que nossa gata deu cria, não sei quantos eram os gatinhos. Em uma dessas tardes que o Tonico veio, minha mãe se queixou para o Tônico falando que não sabia o que fazer com os gatinhos e não tinha para quem os dar. O Tonico, para resolver o problema, disse que tinha donos para os gatos e os levou em um saco de papelão. Eu não vi, mas minha mãe conta que ficou olhando do nosso quintal o Tonico ir embora com o saco de gatos na mão, ao passar ao lado de um riozinho que havia e ainda há no caminho, ele jogou o saco de gatos para dentro do rio. Então, minha mãe contou para mim, e o lindo velhinho Tonico derreteu-se na minha imaginação como um lindo sorvete que seguramos na mão e então, sem querer, ele começa a derreter, derreter, derrete, e se espatifa pelo chão...
Ontem, quando falávamos do Tonico, lembrei-me da história dos gatos e falei: "- Mas mãe, o Tônico não jogou nos gatinhos no rio?" Ela ficou sem graça, talvez hoje, não teria falado isso para mim... Então ela disse: "- Ah não sei... Deixa para lá... Ninguém é perfeito...".
Depois de muitos anos, perdoei o Tonico... Talvez ele tenha se arrependido do que fez... Talvez ele tenha feito isso pela minha mãe que estava desesperada com os gatos... Não sei, deixa para lá, não poderemos nunca saber o que se passou na cabeça do Tonico, porque ele já partiu dessa vida... Mas agora, vou lembrar apenas do Tonico e os amendoins...   

      

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O Amor!



O Amor!


Não, não tente engaiolar o amor! Resumindo o que o sábio escritor Rubem Alves diz: "- O amor é um pássaro encantado todo colorido, livre, solto, tente o prender e ele perderá toda sua cor... "Palavras podem ser prometidas, sentimentos jamais..." É o amor é livre! Tente o segurar, e o perderá para sempre...”.
Citando Carlos Drummond de Andrade: "O amor é estado de graça"
O amor é uma verdade sublime! Ele perdoa sim, quando se sabe que não se teve a intenção de magoar, não foi de propósito... Magoei-te sem saber que o faria... Não houve intenção... Porém, se o amor souber que tudo havia sido premeditado, que se magoou porque quis, porque já havia consciência disso, o amor se desfaz em um segundo como uma bolha de sabão... É como no filme "O Labirinto", o rei dos duendes, Jareth, tentou aprisionar sua amada por causa do seu amor. Porém, Sarah, mesmo o amando,  ao perceber que ele poderia machucá-la com seu amor, porque a queria em suas mãos,ela partiu, percebeu que não era amor sublime, era contrato com condições, a magia acabou...  .
Posso ter amado algumas vezes, mas se em algum momento fui magoada com consciência, o amor desaparece...
Terminando, como diz Rubem Alves: "O amor é um pássaro pousado em nossa mão que pode voar a qualquer momento". 



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Tudo se transforma...





Transformação


Segundo Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Ninguém morre se transforma! Você ver o ar? Mas sabe que ele existe e sem ele é impossível vivermos... Você vê o amor? Não, não vê, mas consegue senti-lo dentro de você...
Doces lembranças não podem pegá-la com as mãos, mas podemos fechar os olhos e senti-la... 
Você, imenso amor, dissolvido dentro de mim, nunca morre e eu, transformo-me...
Não seria eu, sem você existir... Você é parte de mim, e eu sou parte de você... Se você não existisse, eu não seria a pessoa que sou hoje, seria outra, não sei quem seria não posso dizer...
Os olhares que trocamos não podem ser medidos em profundidade... Não existem medidas de olhar... Não dá para dizer quão intenso foi aquele nosso olhar, não existe medida física, mas a alma sabe, o que um olhar pode significar...
Eu sou eu, porque você existe em mim, você me transformou, tornou-se você em mim...
Quando chamo por você em meu pensamento ninguém mais ouve, mas em você, mil vezes escuta a minha voz... A ninguém é dado compreender, pois não é visível, não é palpável, é nada para a compreensão humana...
Tudo é apenas especulação... O amor não se segura com as mãos! O verdadeiro amor mora na água das almas... Você nunca irá segurar o mar, você nunca irá parar o rio com as mãos... O que é livre não se segura, se solta...   
    

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Nós


Nós


Tínhamos um mundo particular, diferente de tudo que possa existir... Ríamos muito, o mundo não existia, e se percebíamos que ele estava ao nosso lado, fazíamos piada com ele... Não, o mundo não era capaz de nos deixar triste... Fosse como fosse, estivéssemos ferrados ou não, só havia uma expressão: "- Que lástima"!
O mundo é um grande sonho, irreal, injusto ou justo, chato ou não, mas de fato uma piada! É melhor rir mesmo,  e fazer "tchau" para o desconhecido na rua... Tudo que seja pateticamente palhaço, que nos faça rir do fundo da alma... Aquela alegria que não tem razão para ser, porque apenas é e só é preciso sonhar, sonhar e sonhar...
Se você estiver ao meu lado me faça rir como um bebê ri achando graça do nada... 
Não quero nada, não quero presente, não quero dinheiro, quero só seu sorriso junto com o meu, sua forma de dizer: "- Eles não sabem de nada! Eles não sabem se perder no espaço! Eles não sabem silenciar! Eles não sabem ficar sem falar nada! Eles não sabem achar graça do absurdo...  Eles são tão básicos que não têm graça nenhuma...
Vamos deixar para pensar amanhã, hoje só vamos curtir o vento batendo no nosso rosto e dar risada...
Como dizia nossa amiga Mitsue que perdeu seu apartamento incendiado um dia antes de fechar negócio para vendê-lo: "Ainda bem que o apartamento estava vazio"...
Não estamos nem aí! Somos livres! Lindos, inteligentes, livres e alegres!

Não se engane



Não se engane!

Não se engane,
Não deixe a vida te enganar,
Respire o ar
Expire o ar

Dessa vida nada levamos
Tudo ficará por aqui
Viva dignamente
Não se deixe ir com a vaidade

Não conte vantagens
Não desfaça de seu irmão
Porque dessa vida
Você não irá levar nenhum pão

Quando a alma partir
Não levará nada com ela
Será você e suas atitudes
Você e Deus e uma janela...

Se for agir,
Que seja com o coração,
Mas se não tiver amor,
Cesse com uma oração...

Não se deixe enganar,
Não viva na ilusão,
Quando você achar que sabe muito,
Vem logo um tropeção

É preciso aprender
Que tudo está em movimento
O tempo passa para todos
 E todos viverão alegrias e sofrimentos

Não se julgue o mais sábio e feliz
Seja humilde em seu modo de se expressar
Pois nunca sabemos
Quando a vida irá nos enganar

Estamos todos aqui
Embaixo do mesmo céu
Nunca penses que estas acima
De um céu que não é seu

Quando aprendermos a dar importância
Apenas as coisas mais sublimes da vida
Veremos que sentir
Nunca terá uma medida

Enfim, deixe para lá,
Todo mal que te rodeia,
Pense só no bem...
Em nada mais que te chateia...

Pensamentos bonitos,
Todos de amor e coloridos,
É o escudo para o mal,
Para todos os que nos querem feridos...

A vida pode não parecer justa
Não se assuste não se espante,
Tudo muda tudo passa,
Tudo gira como uma roda gigante

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Homem Kit Básico




Homem Camiseta Branca Básica



O homem básico é uma tristeza! Para muitas mulheres o paraíso! É fácil os distinguir por aí... Preste atenção, o sonho deles é ter uma churrasqueira, de preferência em frente a uma piscina. Na geladeira, latas e latas de cerveja, de sobremesa sorvetão... À tarde, é só descansar na rede ou em uma cama...
Eles acham que são importantes, como vi na peça em que o ator Hugo Possolo representa um homem kit básico... Na sexta a noite eles passeiam dirigindo como super heróis seus carrinhos de supermercando, levando suas picanhas, farofa, cerveja e potes de sorvete. Sentem-se realizados, trabalho feito, contas pagas, até um dinheirinho para a caridade foi dado... Sentem-se no céu!
Nos pés um chinelão, para vestir um bermudão caindo na cintura para mostrar a cueca, de preferência sem camisa  para mostrar o barrigão e a  virilha. E assim, está pronto o super-homem do século XXI! Nada de muito pensante... A coisa é simples: uma churrasqueira, cerveja, piscina, chinelo e bermuda. É somente!
Você já teve um namorado que vai para a praia no verão com camiseta de manga longa e cola para não pegar sol? Você já teve um namorado que fica na praia o tempo todo de tênis e meia? Você já teve um namorado que não leva nada para praia e você tem que ir só de biquíni, sem chinelo, nem carteira, nem chapéu, nada? Você já teve um namorado que bebe Uísque no abacaxi na praia? Você já teve um namorado que curte a praia lendo revista Veja antiga? Você já teve um namorado morrendo de sede na praia, mas que não compra nada porque não pode? Não? Não? Então você só teve homem kit básico...   

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Questões





Questões


Tenho inveja das pessoas que passam nesta vida sem questionar sobre nada... Apenas vivem... Meu cérebro nasceu pensante, para tudo quer um porque, quer uma explicação...
Tem pessoas por aí tão contentes, não querem saber de nada, vão vivendo, vivendo... Por isso que o escritor Fernando Pessoa disse: "- Pensar é estar doente dos olhos..." Seria tão fácil ver, aceitar e pronto! Mas não, nasci assim ou aprendi desse jeito...
Dizem que não podemos questionar os desígnios de Deus, mas porque "não", se nascemos com neurônios que querem pensar? E como o filósofo Platão diz: "- Uma vida não questionada não merece ser vivida." Concordo com ele, mas pensar cansa! Agora, lembrei-me daquele provérbio popular: "De pensar morreu um burro”! Será que quem pensa demais é burro? Ou é burro quem não pensa?
Fico pensando na evolução da humanidade, e de quanto os cérebros inquietamente pensantes contribuíram para melhorar os dias de hoje... Ou pioraram?
Por exemplo, a incidência da doença de Parkinson é maior na população rural, nas pessoas que bebem água de poços, pois essa água estaria contaminada com pesticidas e herbicidas usados na agricultura... Atualmente corremos atrás de uma cura da doença de Parkinson, mas será que fomos nós que a criamos? Estamos andando em círculos? Estamos iguais aos cães que às vezes se põe a correr para pegar seu próprio rabo?
Nunca vi tanto câncer de mama como nos dias de hoje. Será que são consequências das pílulas de anticoncepcionais usadas para menopausa? Estávamos tentando solucionar um problema e arrumamos outro? Ao mesmo tempo em que cientistas correm atrás para a cura do câncer, nossas substâncias são criadas e ingeridas de alguma forma por nós causando câncer... Que idiotice será essa? Olha só o que já ouvi dizer que produz células cancerígenas:
1- Água mineral de garrafa, se possuir muito nitrato, esta substância que pode causar câncer de estômago.  Esse componente aumenta quando as fontes são exploradas excessivamente pelo  homem... Quer dizer, criaram-se garrafas plásticas de água mineral para não se beber água da torneira, e agora ela própria é um vilão contra nossa saúde? Então, seria melhor voltarmos a beber água da torneira? Sendo assim, ninguém precisava gastar dinheiro com água mineral e também não poluiríamos o meio ambiente com garrafas plásticas... Mas agora como se pode dizer isso: "- Gente, não precisa comprar mais água de garrafa podem beber água da torneira mesmo que é mais saudável”! E a indústria de garrafas plásticas? E as distribuidoras de água mineral? Faliriam todas? Nesse mundo capitalista pelo jeito é melhor deixar quieto...
2- O nosso famoso churrasco, a fumaça do carvão na carne também produz uma substância que pode provocar câncer de intestino... Seria fácil, era só dizer: - Gente churrasco faz mal, plantem suas couves no quintal, ou na varanda do apartamento e comam isso... É claro que não é algo tão simplista assim, mas o que seria das fábricas que fazem acessórios para churrascos? E a fábrica de carvão? A criação de gado, a venda das carnes? Todos iriam falir também...
3- Foram analisados não sei quantas marcas de batons no EUA, várias apresentam excesso de chumbo na sua composição... Vamos parar de usar batons? Não era bonito e ainda hidratavam os lábios?
4- Os protetores solares também apresentam substâncias toxicas... Minha irmã que é pediatra disse que estão aparecendo muitas crianças com raquitismo porque não tomam mais sol, ou se tomam, usam proteção solar altíssima... Estamos evitando o sol com proteção cancerígena, para evitar o câncer que o sol provoca... Dá para entender?5- Os refrigerantes sem açúcar possuem ciclamato, também uma substância cancerígena... Porque consumimos refrigerantes se eles não servem para nada? Era mais simples beber água, ou sucos naturais...
Bom, esses são alguns exemplos... Afinal, do que precisamos para sermos felizes? Para onde estamos indo?  É preciso andar para frente ou voltar para trás? Para onde caminha a humanidade?


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Carnaval da minha infância!


O Carnaval



Não, não posso esquecer o carnaval da minha infância! Quanta alegria, quanta festa! As crianças ficavam em alvoroço para começar a brincadeira! Era uma festa bonita de alegria e inocência... Não gosto quando ouço falar mal do carnaval, porque o meu carnaval de infância e adolescência era muito legal... É gostoso cantar, brincar, fantasiar-se quando se pode... É um brinde a felicidade! Alguém triste sai para comemorar o carnaval? Não creio...
Comprávamos aquelas bisnagas de plástico para jogar água nos carros que passavam na rua. Era uma festa, ficávamos na calçada, o carro passava e espirrávamos água na janela. Todo mundo já sabia, que era brincadeira de criança, brincadeira de carnaval. O mundo mudou, as bisnagas sumiram, a criminalidade aumentou os pais não deixam mais as crianças sozinhas na calçada jogando água nos carros com bisnaga... Além do mais, hoje em dia, podem colocar outro líquido na bisnaga que não seja água... Estragaram a brincadeira!
Ainda vejo por aí os confetes e as serpentinas! Que delícia jogar confete pelo ar! Quando eu era pequena fazia confete com furador de papel, quando minha mãe não tinha dinheiro para comprá-los... Era tão bom jogar todas aquelas bolinhas de papel coloridas para o alto e ficar embaixo para elas caírem em cima de nós, ficavam todas grudadas no cabelo... A serpentina, aquela fita enorme de papel enrolada, era lançada para longe e significava um voo de alegria...  
As fantasias todas engraçadas... Podíamos nestes dias escolher o que nossa imaginação gostava de ser: um palhaço, um Pierro apaixonado, uma columbina, um pirata, um policial, um médico, uma enfermeira, um bicho, sair de pijama, um faraó, um cowboy, um índio, um bebê com fralda e chupeta, o super-homem, a mulher maravilha, a Pedrita, o Bam-Bam, o Peter Pan, uma múmia, um fantasma... Não importava tudo estava valendo, bastava imaginar... 
Porém, as pessoas acabaram ultrapassando os limites e a liberdade virou libertinagem... É triste para o carnaval! Exageraram na bebida, tiraram a roupa, fizeram xixi dentro das bisnagas de água, dirigiram sem prudência e acabaram confundindo tudo, pelo menos aqui no Brasil...  Nunca passei um carnaval na Europa, mas sei que não é assim...
Acho que deveríamos arrumar nosso carnaval... É só questão de consciência do que é bom e do que faz mal... Vamos beber com moderação! Vamos dirigir com cuidado! Vamos brincar com inocência! Não vamos estragar o carnaval!
Hoje vou comprar confete e serpentina! 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Cinco anos!



Cinco anos...



Há cinco anos neste dia, por volta das dez horas da manhã nascia meu pequeno, meu filho, meu amor... O obstetra o tirou e o jogou em cima do meu peito... Eu não o esperava de forma tão repentina... Pensei que o pediatra ia pegá-lo, limpá-lo e depois trariam para mim, mas meu médico logo o colocou nos meus braços... Eu chorava de tamanha emoção, e ao mesmo tempo, segurava aquele bebê tão pequeno com medo que ele caísse...  Depois, levaram-no para os cuidados. A enfermeira voltou com ele nos braços, mostrando-me que o levaria para o berçário. Nesta hora ele foi fotografado, eu olhando para ele de longe, ele nos braços da enfermeira chorando, indo para longe de mim...
Ele adora olhar essas fotos, mas fica triste quando vê essa foto da enfermeira o levando embora para o berçário... Sempre pergunta se o trouxeram de volta, eu digo:  "- Claro que sim! E você voltou todo lindo num macacão e com fraldinha da turma da Mônica para os meus braços..." Ele fica todo feliz...
Quando estava grávida sonhei com ele. Fui até dentro de mim mesma e o vi com olhos azuis... Já sabia que ele teria olhos azuis. Dito e feito, seus olhos já eram inconfundivelmente azuis da cor do mar... 
Passou-se cinco anos que dedicadamente cuidei do meu filhote dia e noite... 
Hoje ele faz cinco aninhos, e está muito feliz! Quer bexigas aqui em casa e um bolo de chocolate...   
Meu filho cresceu, é um pequeno Príncipe!     

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A Poderosa!



A poderosa voltou!



A poderosado(nome de um ex-namorado)@hotmail.com voltou mandar mensagens para meu e-mail... Agora ela ou ele, não sei, cismou que os meus peitos estão caídos! Olha a preocupação! O pior é que mandou uma fotografia anexada que foi tirada de mim sem eu perceber em uma festa! Achei muito legal ver uma foto assim inusitada, nem percebi quando fotografaram... Eu sabia que o vestido iria dar o que falar, deu! É um vestido de uma marca espanhola, todo colorido, e com decote... Tentei colocar uma blusinha por baixo, mas ficou feio... A tal da poderosa achou a fotografia não sei de onde, e aproveitou para mandar dizendo que os meus peitos estavam caídos e que eu deveria colocar silicone... 
Ontem, eu e minha amiga Catharina fomos tomar café no pão de açúcar e estávamos conversando sobre budismo, filosofia... E então ela perguntou: "- Mas..., você tem alguma novidade?" Eu falei: "Não, não tenho!" Lembrei-me da história da "poderosa" e contei para ela... Então começamos a rir, rir, rir... Não tínhamos nem palavras! Saímos de um assunto tão sério e filosófico para peitos e silicones!
Primeiro, meus peitos estão como Deus quer que eles estejam... Por isso, não estou nem um pingo preocupada com isso! Se eles estão caídos, ou em pé (não sabia que peitos tinham pés), não estou nem um pouco preocupada... Queria que meu amigo Flavio estivesse aqui para lhe contar a história, acho que morreríamos de dar risadas... Saudades dele...
Segundo, sou totalmente contra silicone para estética... Lembrei-me de um Fado que a Ana Moura canta que conta quando os portugueses chegaram ao Brasil, e viram as índias com os seios pendurados, sem roupas... Quem está certa, a cultura indígena, ou a fábrica de silicone que visa apenas o dinheiro e fabrica um monte de próteses com material cancerígeno? Ainda bem que não me incluo nas mulheres siliconadas acho mesmo ridículo, prefiro mesmo ficarem os peitos caídos igual os das índias...
Socorro! Às vezes fico pensando que tem cérebro feito de silicone e não de neurônios! Eu queria tanto que as pessoas pensassem mais além do que podem ver... Os peitos são como devem ser dependendo da idade da pessoa... 

Paciente vinte e sete!



"Encostamento"


Chamei o paciente, ele queria um "encostamento"... Fiquei alguns segundos pensando: "- Encostamento”, “encostamento...”. Até que "caiu a ficha"... O pessoal mais jovem não vai saber o que é essa expressão "caiu à ficha", é que antes os telefones públicos, orelhões, usavam ficha... Quando a ficha caía à ligação se estabelecia e começávamos a falar... Agora já é com cartão, e agora, como quase todo mundo tem telefone celular, os orelhões estão fora de moda... Falando em orelhão agora me lembrei de uma história cômica se não fosse trágica... Estava eu e um ex-namorado no meu carro na Avenida Paulista. Ele dirigia, conversamos, e então ele falou uma barbaridade que já nem lembro qual era...  Ao contrário de eu o expulsar para fora do meu carro, o farol parou, eu abri a porta e sai do carro e fui embora pelas ruas... Só que estava nervosa e na pressa não peguei minha bolsa.  Ele foi embora com o meu carro e minha bolsa para Santo André... Eu comecei a andar pela rua para pegar um metrô, taxi ou ônibus para voltar para casa... Porque apesar do "cara" ter levado meu carro embora, eu não o queria ver nem "pintado" na minha frente... Quando percebi estava sem a bolsa e sem nenhum dinheiro! Ela tinha ido junto com o meu carro e meu celular também... Procurei por dinheiro nos bolsos, nenhum real! Nenhuma moeda! Fui então recorrer ao velho e amigo "orelhão"... Liguei a cobrar para meu celular, para ver se aquele homem atendia o meu celular já que a bolsa estava no meu carro. Então lembrei que havia deixado o celular no silencioso para evitar confusões porque o cara tinha ciúmes de tudo... Em vão, o celular dele eu não sabia o número décor, na minha casa não tinha ninguém... Então passaram duas moças que viram que eu estava desesperada e perguntaram se eu queria ajuda e me deram um cartão telefônico... Esperei um pouco e liguei para a casa dos pais dele onde ele morava... Lá estava ele, foi para a casinha com meu carro... Então falei: "- Querido, pode voltar de novo para São Paulo e trazer meu carro de volta"! Ele voltou, eu fui embora de carro e ele de metrô e trem... 
Voltando ao paciente, ele queria um encostamento no INSS. Ele não tinha nada de grave! Estava andando, cabelo cortado e oxigenado, bermuda com estampa de guerra, tênis no pé e queria um afastamento! Tinha uma alteração na tomografia de crânio, mas nada que o impedisse de trabalhar... Engraçado, tem deficiente físico por aí lutando por um emprego, gente que não tem mãos e pinta quadros com os pés, gente que não tem nem mãos e nem pés e pintam quadros com um pincel preso na boca... E esse moço que tem uma leve dor de cabeça vem procurar por "encostamento"... Eu disse:
"- Moço faça de novo os exames e vamos ver o que dá".
Eu, como neurologista, às vezes fico impressionada com o que essas "cabeças" andam pensando por aí... Socorro!     


Paciente vinte e seis!



As pernas


Chamei o seu Deocleciano. Ele entrou na sala, sentou na cadeira e disse: "- Doutora, eu vim pegar receita". Eu disse: "- Ah... Tá... Qual é sua receita?" Ele respondeu: "- Aquele remédio lá doutora, aquele, "ga ga ga..." Completei: "- Gabapentina"? Ele continuou: "- Sim doutora, esse mesmo..."  Perguntei: "- Mas, o senhor melhorou das pernas? Ele respondeu: "- Ah não doutora, não...”!
Seu Deocleciano tem polineuropatia diabética e sensação estranha na perna, já prescrevi todos os medicamentos possíveis e nada de melhorar...
E então, ele veio com novas queixas: "- Doutora, a noite é que as pernas pioram, os dedos do pé se movimentam e agora estou tento até pesadelo... Respondi: "- Nossa seu Deocleciano, pesadelos"? Ele continuou:“ - Sim doutora, essa noite tinham duas pessoas brigando para ficarem com as minhas pernas. Discutiam quem iria ficar com a perna boa e quem iria ficar com a perna ruim. E eu, desesperado no meio dessa discussão!” Realmente era um pesadelo, cada coisa que sonhamos! Fica até difícil de explicar nossos sonhos, Freud e Jung, tentaram, mas cada um diz uma coisa... E quando tentamos explicar o invisível fica difícil chegar a uma conclusão... Depois, seu Deocleciano, acordou assustado, e disse para si mesmo: "- Quem são essas duas "entidades" disputando as minhas pernas"? Caímos na gargalhada, era inevitável!
Ele para mudar um pouco de assunto disse: "- Doutora, eu fiz o macarrão que você me ensinou..." Pensei comigo, eu, ensinando paciente fazer macarrão? Sou péssima na cozinha, tudo que faço sai queimado, engordurado, uma tragédia! As únicas coisas que sei fazer é: cocada, brigadeiro, berinjela no forno e arroz. Não vou pegar ninguém pelo "estômago", como faz a mulherada por aí... Conversando com ele em outra consulta. Ele havia dito que adorava cozinhar. Lembrei que tinha falado de uma fotografia que vi no facebook de salsicha com macarrão. Pelo que entendi, corta-se a salsicha em rodelas e colocamos os palitos de spaghetti na salsicha de um lado até outro ao outro, levamos tudo para cozinha, o spaghetti junto com a salsicha e fica uma obra de arte... Ele prometeu fazer o "prato" e fez... Voltou contando, mas disse que foi difícil de acertar... Perguntou se eu já havia feito o macarrão... Eu disse: "- Eu? Eu? Claro que não seu Deocleciano! Por isso mandei o senhor fazer, para ver se dava certo"! “É doutora, você me pegou, é mais fácil cozinhar os dois separados e depois  jogar por cima o molho com salsicha”! Eu disse: "- Com certeza! Agora vamos voltar para suas pernas que já estão até te tirando o sono”... E pensei, será que ele tem duas doenças associadas, polineuropatia diabética e  SPI (síndrome das pernas inquietas)? Tudo é possível na medicina... Prescrevi a medicação para SPI, e aguardo seu retorno com novas notícias... Espero que ele melhore que suas pernas o deixem em paz e que ele possa dormir sossegado...   




quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Paciente Vinte e Cinco!



O ombro que sangrava...


Alguns pacientes chegam falando de tudo menos do problema neurológico. É o joelho que dói, a perna que incha, a pele que coça, o olho que embaça, problema na urina, dor na barriga, o peito que dói, o estômago que queima, falta de ar, impotência etc. Eu sempre escuto e vejo se há alguma relação com a neurologia, se não há, peço desculpas e falo que não é da minha área de especialidade. Às vezes, se posso resolver o problema com os meus conhecimentos da residência da especialidade de clínica médica, revolvo! Faço tudo para melhorar a saúde do paciente, mas dessa vez, nunca tinha ouvido falar em tal queixa... Eu só iria fazer aplicação de toxina botulínica na face da paciente devido a movimentos involuntários dos olhos que teimam fechar, a doença se chama blefaroespasmo. Porém, havia outro problema, e esse eu nunca tinha escutado: "- Doutora, você pode me explicar porque no meu ombro quando está muito calor ao invés de sair suor sai sangue? Já fui ao banheiro, secar o suor dos ombros  e o papel fica todo cheio de sangue..." Então logo falei: " - Dona Mariquinha, desculpe mas não posso de responder, nunca ouvi tal queixa em minha vida... Nem sei o que dizer, mas não acredito estar relacionado com a neurologia... A paciente já estava sentada na maca, e então, dirigi-me até ela para ver o suor vermelho... Quando me aproximei, vi que sua blusa tinha gotas de sangue, dela ter enxugado o suor sangrento no banheiro... Olhei para o ombro direito da paciente, e realmente ela suava sangue... Ao invés da pele suada com todo aquele calor, havia pequenas gotinhas de suor com sangue no ombro da paciente... Pensei até que fossem aquela bolinhas de sangue que se formam na nossa pele; mas não, o suor ou sangue, não sei, brotava... Perguntei: "- Mas quando começou a aparecer isso"? Ela disse: "Agora doutora, com esse calor do verão..." Tentava pensar em todas doenças que conhecia para chegar à uma conclusão, pensei num problema de coagulação, mas ela havia feito os exames de rotina e estava tudo normal... Falei: "- Desculpe, a senhora terá que procurar um dermatologista! Ela disse: "- É doutora, já está marcado, mas eu queria que a senhora me dissesse o que é..." Forcei de novo minha mente para ver se chegava a alguma conclusão... Então perguntei: "- A senhora tem alguma outra doença?" Ela respondeu: "Ah doutora, tenho lúpus, mas o médico disse que ele está dormindo..." O lúpus é uma doença autoimune, de causa desconhecida, do tecido conjuntivo que pode afetar qualquer parte do corpo. Pensei comigo: "- Só pode ser ele! O lúpus! As especialidades que cuidam do Lúpus é a dermatologia, quando restrito à pele, e a reumatologia quando atinge outras áreas do corpo. Disse: "- Dona Mariquinha, como a senhora tem lúpus e nem me fala nada"? Ela respondeu: "- Doutora, mas a reumatologista disse que ele estava dormindo..."!
Bom, não sei se o Lúpus está acordado ou dormindo, mas acredito que o vilão dessa história é "ele"... Agora porque fazemos anticorpos contra nós mesmo não sei... Será que uma forma de o corpo dizer: "-  Não estou gostando nada disso, é melhor eu me defender contra mim mesmo e acabar logo com isso." Não sei dizer sobre esse sintoma, mas a reumatologia deve saber muito mais do que eu... Só lembro que meus professores falavam: "no lúpus tudo pode"...
Vou esperar a dona Mariquinha com novas notícias e espero que se o lúpus "acordou", ela o tenha posto para dormir novamente...    Cada coisa que acontece na vida da gente...

Paciente Vinte e Quatro






Kit de Kinder Ovo


Dona Elizabeth não pode vir, ficou fazendo fisioterapia. Eu me lembro dela nas primeiras consultas, estava na cadeira de rodas e não andava, o diagnóstico era doença de Parkinson. Comecei o tratamento e ela ficou boa. Segundo a filha, arrumou até um paquera nas sessões de fisioterapia, mas ela, muito séria disse: "- Imagina doutora, eu sou casada! Agora um homem me paquerando? Eu já tenho 72 anos!" A filha fala do paquera, mas é para brincar com a mãe, para dizer que ela melhorou e está sendo paquerada... Então a Dona Elizabeth fala: "- Filha para com isso, e seu pai descobre uma coisa dessas”?
A filha da paciente é muito organizada, traz todas as receitas separadas, ela diz que são os "kits de receitas." Ontem, ela contou que conseguiu controlar a pressão arterial da mãe... Disse que a pressão da senhora era sempre desregulada, então, ela criou o kit kinder ovo. Eu não entendi muito bem, mas ela disse que na próxima consulta irá trazer o kit. Ela usa os recipientes plásticos do kinder ovo, para armazenar os comprimidos da mãe. São vários "kinder" ovos, ela cola uma etiqueta em cada um com o horário da medicação, e coloca os comprimidos daquele horário dentro do ovinho. Então, tem o kinder ovo das 08h00min, 12h00min, até o fim do dia... A filha vai todo o dia à casa da mãe, e ela coloca os comprimidos seus horários  nos respectivos "kinder" ovos. Existem também duas maletas, uma pequena com os ovos para quando sai de casa por algumas horas, e outra maleta grande onde ficam todos os "kinder" ovos e que ica em casa... Só da minha prescrição toma cinco medicamentos diferentes no total de quinze comprimidos em vários horários, fora os medicamentos para diabetes, hipertensão arterial sistêmica (HAS) etc.
Depois dessa ideia, a paciente nunca mais se esqueceu de tomar as medicações e, portanto sua hipertensão controlou...
Realmente há um jeito para tudo quando se tem boa vontade e imaginação!


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Tia Má



A Tia Má


Não, não era tia Maria, Marlene, Márcia... Também não era minha tia, era a tia da minha melhor amiga quando era criança, só que era uma tinha "má".
Eu era pequena, talvez uns oito anos,  eu adorava andar de patins e era boa nisso... Andava para frente, de ré, com um pé só, rodava com patins... E junto comigo vinham minhas amigas...
Minha irmã ganhou os patins, mas logo caiu, bateu o nariz, saiu muito sangue do nariz e ficou muito inchado, ela desistiu... Eu andava bem, em qualquer lugar, no quintal, calçada, num salão... Ás vezes no sábado à tarde, a criançada usava o salão da igreja para andar de patins, porque lá o chão era muito lisinho. Brincávamos daquela brincadeira de colocar várias cadeiras uma do lado da outra, e todos andavam de patins ao som de uma música ao redor das cadeiras, e então, alguém desligava a música, e quem ficasse sem cadeira era eliminado do jogo. Outras vezes, íamos à frente da igreja onde o chão era bem liso e andávamos, andávamos de patins... Naquela época os patins eram de quatro rodas, abertos, o meu era verde o da minha irmã, preto. Como é bom recordar essa época...
 A tal da "tia má" era tia da minha amiga. Ela era da religião Testemunha de Jeová e vendo as crianças felizes brincando em frente à Igreja que era católica, chamou-me de lado e disse "- Seus patins vão pegar fogo em frente a sua igreja." Na hora levei um susto, lembro-me dela até hoje com aquele olhar  malvado. Eu assustada perguntei: "- Fogo?! Como assim fogo?" Então ela respondeu: "- Sua igreja é do mal, vocês todos vão para o inferno morrer queimados!" Sai desesperada correndo para casa. Jamais tinha visto e nem ouvido algo tão assustador. Imagina uma criança, pura, sem malícias, criada pelos pais católicos, cujos pais já eram católicos e toda ascendência, numa aldeiazinha no meio da Serra em Portugal, Fui criada desde então na Igreja Católica, ouvindo falar que Deus é amor, paz, e que ama seus filhos. Agora, eu ouvir que ia morrer queimada junto com meus patins e a Igreja?
Cheguei a casa chorando e contei o acontecido para minha mãe. Ela tentou me acalmar, tentou me explicar que existiam várias igrejas, mas eu não conseguia entender... Porque, se Deus era um só, cheio de amor... Que confusão era essa? Eu estava apenas brincando e ia morrer queimada por Deus... 
Agora entendo porque Jesus gostava das crianças, porque ainda não lhes havia pintando o sentido com maldade, preconceito, desamor, medo... Não, não podia ser que a igreja dela estivesse certa, isso era a maior prova de desacato das leis de Deus...
Hoje tenho compaixão da "tia má", mas nunca esqueço aquela voz no meu ouvido... Tenho certeza que Deus não gostou nada disso... Ele nunca iria atormentar as criançinhas...  Quando as pessoas vão aprender que Deus é amor incondicional? Se sua religião ensina algo longe disso, esqueça não é Deus... 
Depois de muitos anos fiquei sabendo que essa pessoa não é mais Testemunha de Jeová, e nem sei se é de outra religião... Fico triste com as palavras e sermões inventados, que os homens proferem em nome de Deus através da própria imaginação... Só o amor a Deus, a si mesmo e ao próximo podem nos salvar...   
    

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Papa João Paulo II




O Papa


Ele estava muito irritado. Eu, sentada no sofá da casa dele, via ele de pé em frente à televisão mudando freneticamente os canais pelo controle remoto. Ele queria encontrar um canal que não falasse da morte do Papa João Paulo II, mas o fato é que isso era impossível, todos os canais noticiavam a morte do Papa João Paulo II, o João de Deus...
O ano era 2005, o mês abril, o dia dois... Ele não se conformava porque todos os canais noticiavam a morte do papa... Eu quietinha no sofá, esperava ele mudar todos os canais; e ele, com cara de deboche ele falava: "- Esse Karol Wojtyla!" Eu estava assustada, mas não sabia que a morte de alguém incomodaria tanto de forma negativa um ser humano na face da terra... Ás vezes ele olhava para mim como se eu fosse algum parente do papa... Eu, quieta, observava todo aquele desafronto calada... Só porque sou católica naquele dia pensei que ia apanhar, porque o papa João Paulo II havia falecido... O homem que só fez o bem, só pregou o amor, que se doou, que nunca exigiu luxo estava lá sendo condenado por um namorado meu... E eu, por ser católica, estava sendo flagelada, por um protestante que achava que o Hitler era bom e o Karol Wojtyla mau...
Quando nos conhecemos, fomos a um barzinho, e conversávamos animadamente. Já não me lembro de toda conversa, mas surgiu no assunto o nazista Adolf Hitler. Ele virou-se para mim e perguntou: "-Você gosta do Hitler?" E eu, ironicamente respondi: "Ah, claro que eu gosto" Ele deu um pulo da cadeira e disse: "-Yes!" Eu falei: "- O que? Claro que não..." Ele ficou desapontado... Eu achei estranho, mas pensei que fosse uma brincadeira, não era... Ele gostava mesmo do Hitler...
 Ele, protestante, achava-se o dono da verdade... Porque ele podia achar "Martinho Lutero" o máximo, e ignorar totalmente João Paulo II. Quem está com a razão? Poderá Deus condenar um homem que só faz o bem, por ele ser católico, e exaltar um homem mau que diz que tem a verdade em suas mãos por não ser católico? Era muita prepotência, mas eu queria observar queria ver até onde a mente humana é levada por teorias infundadas no tempo.
Quem tem a razão?   Deus! Quem está certo? Deus! Um bom homem sabe qual  caminho do bem, porque ele o sente em seu coração, não precisa procurar nenhuma religião para lhe dizer: "- Olha, esse é o mal... Exaltando apenas seu julgamento e agindo de forma totalmente desumana aos olhos de Deus..." Mas ele estava lá, na minha frente, um ser insolente, meu namorado, que até então não havia feito um milésimo  de boas ações em comparação com o que aquele homem fez pela humanidade, julgava-se no direito de dizer alguma coisa, um ser que sonegava imposto de renda, era mau e egoísta, mas se enaltecia por frequentar todos os domingos sua igreja protestante... E ainda falava que o Hitler era bom?  Nosso namoro terminou no dia seguinte à morte do papa João Paulo II...
Hoje terminei de ler um livro escrito por um correspondente alemão do Vaticano sobre o papa João Paulo II... Ele acompanhou o papa durante anos, não há nada que o desabone... O meu namoradinho com certeza não gostava do Karol Wojtila, porque ele era contra à Gestapo na Polônia, e mesmo após os alemães terem dominado a Polônia o papa sabia que esses dias estavam contados...
Agora, esse meu ex-namorado, dou graças à Deus por ter aparecido na minha vida para saber qual estrada devo evitar...
Fico feliz porque por algumas horas pude me sentir como parente desse homem iluminado por Deus... Aliás, por sermos todos filhos de Deus, sou parente dele sim!

Paciente vinte e três!




Chá da meia noite!


Chamei minha paciente, mas ela não tinha vindo em seu lugar entra a filha. Perguntei como a velhinha estava e se tinha melhorado da memória, pois seu diagnóstico é Alzheimer...  A filha disse: "- Não doutora, não! E começou a me contar as peripécias da velhinha de oitenta e oito anos. Essa paciente com Alzheimer não era tão quietinha como as outras pacientes que tenho atendido... Ela está em alvoroço! De dia, ela ainda passa bem, mas quando começa a anoitecer ela entra em pânico e fica muito agitada! Fiquei sabendo disso, porque falei que se ela passasse mal teria que ir ao pronto socorro. Além da doença de Alzheimer ela tem diabetes e olhando os exames vi que estava toda descompensada e ainda com infecção urinária. Vi que os exames eram de Janeiros pedidos por outro médico. Perguntei se já tinham tratado a infecção urinária, e então, a filha me respondeu: "Não doutora, não”! A consulta com a clinica é daqui uma semana". Fiquei assustada de saber quantos dias ela estava com a infecção urinária e quantos mais iria ficar se a filha não tivesse trazido os exames que o clínico geral havia pedido... O que podia fazer? Tratar e dizer que se ela não melhorasse era para levá-la ao pronto socorro...
Então, começou a história do chá... Não doutora, ela não quer ir ao pronto socorro por causa do chá, do chá da meia noite... Imaginei que ela costumava tomar chá todos os dias à meia noite. Então perguntei: "- Ela toma chá todo dia à meia noite?" Então a filha respondeu: "- Não doutora, o chá da meia noite nos hospitais". Eu fiquei pensando, em todos os hospitais que trabalhei durante todos esses anos, não vi nenhum servindo chá para os pacientes a meia noite... Respondi: "- Não tem chá da meia noite nos hospitais!" A filha um pouco envergonhada explicou que sua mãe guardava na memória uma lenda que sempre ouviu quando era criança, que a meia noite nos hospitais passa tal "chá" que todos os velhinhos tomam e então, não acordam mais nesta vida...
Fiquei alguns segundos pensando e então entendi... Respondi: "- Eu nunca vi esse "chá", mas se ela não quer ir de noite vai de dia...". 
Depois refletindo consegui entender que todo o pânico da velhinha era proveniente do tal chá... Todos os dias ao anoitecer, ela fica desesperada achando que vai para o hospital e de lá nunca mais voltará para casa... Então, toda noite, durante a madrugada ela começa a gritar e pedir piedade de Deus. A filha, que mora em frente à casa da mãe que passa a noite com uma acompanhante. Ás vezes ela é chamada para ir tranquilizar a mãe, e então ela melhora e mais uma noite se passa... 
Agora, pensando bem acho melhor minha paciente ficar em casa mesmo, e se necessário chamar um médico em casa como faziam antigamente... 
Devemos respeitar nossos pacientes e nesse caso, se a velhinha de oitenta e oito anos não quer ir à noite para o hospital, não deve ir mesmo... O pior é fazê-la entender que isso não acontecerá...
   


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Você!




Você!


Eu sabia você não se esqueceria de mim!
Somos dois num só coração...
Você, eu e uma canção,
Amor que não tem fim...

Você e eu,
Simples  e complexos,
Alegres  e tristes,
Sempre juntos anexos

Você não fica bravo comigo
Conhece meu jeito e meu olhar,
Sabe que somos eternos amigos,
Olhando juntos para o mesmo mar

No meu silêncio,
Sua voz se faz presente,
E juntos num só pensamento
Andamos eternamente

Como é bom ter você comigo,
Mesmo que o meu coração bata acelerado,
Eu tenho sua voz que me acalma
Nesse tom apaixonado

Você está sempre presente,
Na minha vida complicada,
Não deixa nenhum minuto
Sentir-me abandonada...

Nunca me deixe sozinha
É a única coisa que te peço,
Vai e volta rapidinho,
Antes mesmo que eu me despeço...


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Eu Voltei!





Academia


Parecia que tinha sido ontem que eu tinha estado lá, mas já haviam se passado cinco anos desde a última vez que fui à Academia... Era como se todos esses anos tivessem sido congelados no tempo... Na verdade, parecia que o passado não tivesse existido... Apesar de terem passado cinco anos desde que parei de treinar para ter meu bebê, parecia que o tempo tivessem se encolhido num minuto.
Encontrei o mesmo treinador, só com mais alguns cabelos brancos e aparelho nos dentes. Só isso, de resto parecia que tinha estado lá ontem, ganhado o meu bebê a noite e voltado no dia seguinte, mas não, passaram cinco anos... O pessoal perguntou quantos anos tinha agora o meu filho, e eu disse, cinco, vai fazer cinco dia quinze de Fevereiro... Ficamos alguns minutos calados, pensando nos últimos cinco anos, para mim foram cinco longos anos, mas naquele minuto parecia que tudo tinha acontecido há menos de uma semana... Por isso fico pensando: "- Será que o tempo existe mesmo?" Essa sensação foi muito engraçada, difícil de explicar, mas que todo mundo já deve ter sentido... Ao mesmo tempo me tornou leve, pois sei que passei por  muitas coisas nesses últimos anos, mas tudo passou, e eu estava lá de novo, na esteira, na bicicleta, fazendo musculação... Fiquei feliz!
Esses últimos anos não foram fáceis para mim, mas cada ano foi cheio de aprendizado. Houve momentos muito difíceis, mas momentos de muita alegria. Criar um filho de verdade não é fácil, exige muito de uma pessoa, exige dedicação, tempo e muitas coisas acabam ficando para trás... Acho muito fácil ter filho e colocar na creche para os outros criarem, ou deixar o bebê quase o tempo todo com uma babá... Ser mãe é saber que muitas coisas ficarão para trás, é colocar sua vida em câmera lenta, é abrir mão de muitas coisas, como seu sono, sua carreira profissional, seu lazer, sua vaidade, mas ao mesmo tempo é muito gratificante!
Eu sou feliz porque posso dizer que nestes últimos cinco anos que eu fui mãe de verdade não pela metade, e espero continuar sendo... O que eu faço, eu faço inteiro e não pela metade!  Meu parto foi normal, sem anestesia, meu obstetra chegou uma hora antes do bebê nascer, e depois ele disse, que "eu tive o bebê do jeito que minha avó teve seus filhos". Posso dizer: - Eu sei como um ser humano vem ao mundo de forma natural, em sua devida hora! Meu filho nasceu na hora, dia, mês e ano que deveria nascer! Eu me orgulho  por isso e agradeço à Deus por ter me dado essa experiência de vida, mas eu lutei por isso...
Aprendi que ser mãe solteira não é fácil, e posso ser solidária com todas as mães que passaram por isso, que enfrentaram tudo sozinha... Fiz questão de amamentar meu filho por muito tempo! Fiz questão de ser mãe! E para isso, abdiquei de muita coisa, mas fui muito feliz nestes últimos cinco anos e continuo sendo... Agora, com ele maior, cinco anos, estou podendo voltar a fazer as coisas que amava e não podia... Estou voltando... Não existe nada maior que o amor de uma mãe! Agora entendo porque alguns homens, geralmente presidiários tatuam no próprio corpo: "amor de mãe", porque por mais criminosos que eles sejam, eles mostram que amam suas mães... Eles não são completamente frios, sem amor, existe o amor de mãe...
O amor e o tempo não têm medidas para a alma...
    

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Faça sua dor dançar!



Faça sua dor dançar!


Ouvi essa frase numa música e gostei da ideia! Vou por minha dor para dançar. Seja ela qual for física ou da própria alma vai ter que aprender a dançar... 
Ela  vai dançar tango, samba, sertanejo, valsa, frevo, carnaval etc. E se alguém me perguntar sobre minha dor, digo que ela não está, saiu para dançar! 
E se ela não quiser dançar, vou transformá-la em ouro, vou fazer alquimia... Por isso somos mágicos, somos palhaços, somos alquimistas... Não há nada como a transformação! Foi assim que a humanidade vem caminhando e evoluindo desde o princípio... Como diz o escritor Rubem Alves é assim que o milho transforma-se em pipoca na panela... Ele começa a não aguentar aquele fogo e se transforma em pequenos flocos brancos e macios, a pipoca.  Provavelmente se ela tivesse consciência, estaria pensando: "- Meu Deus, que é isso? Não vou suportar esse calor todo! O que está acontecendo? E como uma mágica "pum", surge uma pipoca. Deve ser por isso que é tão legal fazer pipoca. Qual a criança que não quer ver a pipoca estourar? Ouvir aquele barulhinho na panela, "puc", "puc", "puc", abrir a tampa e vê-las todas branquinhas, e ainda aquela última mais resistente da um pulo na nossa "cara". Milho que não quer dançar, que não quer se transformar, vai para o lixo...
A ostra transforma aquele grão de areia que fica lá dentro dela incomodando em pérola. Ela transforma dor em pérola. 
Transforme sua dor em arte, transforme sua dor em poesia, transforme sua dor em fado, transforme sua dor em caridade, transforme sua dor em um livro, faça dela nascer uma flor! Plante uma semente!
Vamos por nossas dores para dançar...


O Que Você Quer Saber de Verdade

Arnaldo Antunes

Vai sem direção
Vai ser livre
A tristeza não
Não resiste
Solte seus cabelos ao vento
Não olhe pra trás
Ouça o barulhinho que o tempo
No seu peito faz
Faça sua dor dançar
Atenção para escutar
Esse movimento que traz paz
Cada folha que cair
Cada nuvem que passar
Ouve a terra respirar
Pelas portas e janelas das casas
Atenção para escutar
O que você quer saber de verdade
Vai sem direção
Vai ser livre
A tristeza não
Não resiste
Solte seus cabelos ao vento
Não olhe pra trás
Ouça o barulhinho que o tempo
No seu peito faz
FAÇA SUA DOR DANÇAR
Atenção para escutar
Esse movimento que traz paz
Cada folha que cair
Cada nuvem que passar
Ouve a terra respirar
Pelas portas e janelas das casas
Atenção para escutar
O que você quer saber de verdade


Composição: Arnaldo Antunes / Marisa Monte / Carlinhos Brown 

Minha Alma





Minha Alma Quer...


Dançar uma noite inteira sem parar,

Andar ao entardecer na praia,

Comer uma castanha assada,

Ir para o FADO em Lisboa,

Cantar alegremente uma música de pagode,

Tomar um café fresquinho,

Ler um livro legal,

Ter um gatinho de animal de estimação,

Fazer um papagaio como eu fazia quando era criança,

Andar de patins,

Andar de bicicleta,

Dar risada junto com meus amigos,

Dar um mergulho numa piscina,

Pular carnaval ao som das marchinhas antigas,

Jogar serpentina e confete no salão,

Um banho de banheira cheia de espuma,

Dançar um tango,

Rever amigos,

Comprar meias coloridas,

Sentir cheiro de perfume bom,

Ir para Viena na Áustria,

Comprar uma Melissa igual a que eu tinha quando criança,

Reciclar,

Natureza,

Noites com lua e estrelas,

Perder-me por horas dentro de uma livraria,

 Rezar com toda minha fé,

Que a minha cidade seja maravilhosa para se viver,

Ajudar meus pacientes,

Estudar neurofisiologia,

Ir para a Faculdade de Filosofia,

Tomar um café fresquinho,

Comer um kiwi e uma lichia,

Tomar uma champagne em Paris,

Assistir um filme francês,

Passar uma tarde na National Gallery em Londres.

Ver você sorrindo,

Ouvir histórias que os velhinhos contam,

Andar de jet-ski,

Andar de moto,

Passar uma noite num iate em alto mar,

Proclamar a paz e igualdade no mundo,

Dizer não a qualquer tipo de  preconceito,

Dizer não ao fanatismo religioso,

Dizer não ao consumismo desenfreado,

Dizer não para desigualdade social e corrupção,

Políticos honestos,

Promover a cultura e o amor ao próximo,

Ir para o México,

Ser feliz,

Ser triste,

Ser eu,

Viver,

Amar como se não houvesse o amanhã...