sexta-feira, 6 de maio de 2022


 Masmorra


Oh Masmorra Velha!

Se eu não te visse  hoje,

Acharia que tudo não passasse de uma ideia...

Mas você está presente...


Não, não é a época dos mouros...

Já está libertado os escravos,

Aos olhos daqueles,

Que não valem um centavo!


Meros andarilhos ricos,

Porque a vida engana,

Vão rindo à toa na passarela

Porque a morte ganha e um dia você estranha...


Vão sem sentido,

Numa dança imunda,

Num vazio sem nada,

Onde a falsidade inunda...


Não se tem mais brio,

Nem caráter, nem compaixão,

Mal sabem eles,

Que acabarão num caixão!


Vão em frente,

Só pensem no hoje,

Vão todos contentes,

Para o mar da desilusão...


 Não chorem depois,

A parte de nós dois,

Que juntos vimos o escárnio,

Diante dos olhos depois...


Ninguém está nem aí, Agora

Chorará o mundo outrora,

Dentro de uma masmorra,

Que agora tu ignoras...


Vai em frente camaleão,

Que muda hoje e sempre,

Conforme a ocasião!

Eu te digo Adeus, vá ser uma serpente! 


Lilian Regina Gonçalves

quarta-feira, 4 de maio de 2022

 Clima do Tempo


O que me importa se hoje chove,

O se amanhã faz sol?  

Minha alma morta não se move,

Está presa a um anzol


E quem lá se vive agora?

No frio do mundo cinzento,

Vivendo só por hora,

Longe do próprio pensamento...


O sol não brilha mais,

Não há vida com paz  lá fora,

É só uma dança triste,

Do que foi e não será jamais...


Vem o sol,

Vem o vento

Vem o frio,

No fio do pensamento...


Nada importa,

Se faz frio ou vento,

Num mundo sem amor ao próximo,

É apenas um tormento!


Será um tornado,

Um caso mal falado,

Uma distorção mundana,

Ou um homem maltratado?


Se há trovões? Existem muitos...

Num mundo frio e desatento,

 De uma alma machucada,

Que só precisa de alento!


Faça sol ou faça chuva,

De que vale as estações?

Num mundo calejado,

Em que quase ninguém move os corações?


Entre chuva, vento ou tempestade,

Aqui se esqueceram da neve

Branca, linda ao cair,

Mas fria e morta  que se escreve...


Oh tempo! Faça o que quiser!

Não importa mais,

Num mundo incapaz de ser justo,

Num clima que não existe mais...


Que importa o mundo lá fora,

 Se o índio já está morto,

Num tempo fora de hora,

Onde o gelo na alma se faz torto!


Oh homens fora da lei!

Que destroem sem tem amor,

Almas geladas longe da paz,

Intrusos para causar dor!


Só espero um monte de passarinhos,

Com alma branca e singela,

Traga bons tempos e carinho,

E transforme tempestade em sol na janela!


Lilian Regina Gonçalves


 

 

 



  


terça-feira, 3 de maio de 2022

Urubus


 Urubus


A paisagem era agradável,

Ao redor da represa a natureza era linda,

Pássaros e flores dançavam de forma amável,

Tudo era perfeito de uma água inda e vinda...


Sabia-se que dali da paisagem 

Só se queria a paz, a paz

Que de lá um dia existiu,

Mas que isso já não era capaz...


O sol se pôs de repente,

Ás águas se tornaram cinzas,

E antes tão transparentes,

Turvas se tornaram infelizmente...


O vento se tornou frio,

Já não se via o fim do horizonte,

E entre a neblina e aquele clima hostil,

Apareceram pássaros negros no céu... 


Apesar de tudo, eles dançavam uma dança,

Seriam lindos se não fossem urubus,

Mas eram lindos naquela andança,

Embora não sabiam que pactuavam com a morte!


Mas não se podia dizer que eram feios,

Eram da natureza, mas causavam medo...

Porque se deliciavam sem freios,

Entre as entranhas dos mortos...


Apesar de só quererem comer para sobreviverem,

Não havia graça no seu voo e nem no pouso,

Ninguém os chamavam de lindos 

Muito menos formosos...


Eram só urubus, apenas riam,

Não sabiam da dor do morto,

Não sabiam da vivacidade dos que lá jaziam,

Eram bandos de olhar torto...


E todos se calaram,

A noite caiu, a névoa surgiu,

Daquilo que já era findo todos choraram,

Mas eles continuaram num grito sombrio e frio...




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