sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Paciente vinte e sete!



"Encostamento"


Chamei o paciente, ele queria um "encostamento"... Fiquei alguns segundos pensando: "- Encostamento”, “encostamento...”. Até que "caiu a ficha"... O pessoal mais jovem não vai saber o que é essa expressão "caiu à ficha", é que antes os telefones públicos, orelhões, usavam ficha... Quando a ficha caía à ligação se estabelecia e começávamos a falar... Agora já é com cartão, e agora, como quase todo mundo tem telefone celular, os orelhões estão fora de moda... Falando em orelhão agora me lembrei de uma história cômica se não fosse trágica... Estava eu e um ex-namorado no meu carro na Avenida Paulista. Ele dirigia, conversamos, e então ele falou uma barbaridade que já nem lembro qual era...  Ao contrário de eu o expulsar para fora do meu carro, o farol parou, eu abri a porta e sai do carro e fui embora pelas ruas... Só que estava nervosa e na pressa não peguei minha bolsa.  Ele foi embora com o meu carro e minha bolsa para Santo André... Eu comecei a andar pela rua para pegar um metrô, taxi ou ônibus para voltar para casa... Porque apesar do "cara" ter levado meu carro embora, eu não o queria ver nem "pintado" na minha frente... Quando percebi estava sem a bolsa e sem nenhum dinheiro! Ela tinha ido junto com o meu carro e meu celular também... Procurei por dinheiro nos bolsos, nenhum real! Nenhuma moeda! Fui então recorrer ao velho e amigo "orelhão"... Liguei a cobrar para meu celular, para ver se aquele homem atendia o meu celular já que a bolsa estava no meu carro. Então lembrei que havia deixado o celular no silencioso para evitar confusões porque o cara tinha ciúmes de tudo... Em vão, o celular dele eu não sabia o número décor, na minha casa não tinha ninguém... Então passaram duas moças que viram que eu estava desesperada e perguntaram se eu queria ajuda e me deram um cartão telefônico... Esperei um pouco e liguei para a casa dos pais dele onde ele morava... Lá estava ele, foi para a casinha com meu carro... Então falei: "- Querido, pode voltar de novo para São Paulo e trazer meu carro de volta"! Ele voltou, eu fui embora de carro e ele de metrô e trem... 
Voltando ao paciente, ele queria um encostamento no INSS. Ele não tinha nada de grave! Estava andando, cabelo cortado e oxigenado, bermuda com estampa de guerra, tênis no pé e queria um afastamento! Tinha uma alteração na tomografia de crânio, mas nada que o impedisse de trabalhar... Engraçado, tem deficiente físico por aí lutando por um emprego, gente que não tem mãos e pinta quadros com os pés, gente que não tem nem mãos e nem pés e pintam quadros com um pincel preso na boca... E esse moço que tem uma leve dor de cabeça vem procurar por "encostamento"... Eu disse:
"- Moço faça de novo os exames e vamos ver o que dá".
Eu, como neurologista, às vezes fico impressionada com o que essas "cabeças" andam pensando por aí... Socorro!     


Nenhum comentário:

Postar um comentário