sábado, 21 de janeiro de 2012

Visconde de Mauá



Viagem maluca!


Faz uns dez anos, minha melhor amiga na época falou: "- Vamos para Visconde de Mauá no Rio de Janeiro! O Marcão tem um chalé que ele alugou por um ano, vamos todos para lá, nossa turma inteira... Quer ir? Eu nem pensei muito no assunto, mas aceitei... Pensei Rio de Janeiro, calor, cachoeiras, Visconde Mauá... Ok!!! E fomos para uma grande aventura... Eu já nem lembro mais os detalhes dessa viagem, mas como pensei no lugar "além do horizonte" da música do Roberto Carlos, lembrei de uma cachoeira espetacular como jamais vi lá em Visconde de Mauá... Essa viagem valeu pelos minutos que pude contemplar essa maravilha da natureza são nesses momentos que a gente pensa: "- Obrigada meu Deus! Minha vida valeu por essa paisagem! Mas foi difícil chegar até lá...
Fomos em alguns carros, já não lembro quantos, todos felizes da vida... Eu não me preocupei em levar nada, pensei que o Rio de Janeiro fosse calor sempre (puro engano!), nao levei roupas de frio... Achei que era um chalé equipada, mas que fosse uma casinha em cima da montanha sem luz, camas e água quente... Essas histórias ficam gravadas na nossa memória, são inesquecíveis! Hoje dou risada, mas na época queria matar quem tinha inventando essa excursão...
Depois de muito viajar, desviamos para uma estrada de terra até Visconde de Mauá... Eram curvas e estrada que não acabava mais... Até que chegamos próximos ao chalé, só que havia um pequeno problema, o chalé ficava em cima da montanha, nenhum carro conseguia subir porque tinha garoado, a terra está úmida e só carro com roda tração 4X4 conseguiria subir o morro até o chalé... Graças à Deus, um dos carros, por acaso, tinha esse sistema nas rodas. Então, colocamos todas as mochilas, bolsas  neste carro que subiu e levou todas as nossas coisas, e fomos andando a pé até o esperado chalé... Já estava anoitecendo, logo ficou escuro, e surpresa!   Não havia luz no chalé e nem eletricidade, porém depois de uma viagem longa, estávamos lá, em Visconde de Mauá no alto de uma íngreme montanha! Todos exaustos, sem nada para comer, sem luz, sem água para banho, no escuro... Já nao lembro quanto éramos, talvez quinze pessoas ou mais... Como não tinha jeito mesmo, e o único jeito era se virar com o que tínhamos... Acendemos velas ou lareira, quem quis tomou banho de caneca com água gelada que descia da montanha num banheiro escuro... O chalé não tinha camas, deitamos um do lado do outro no sotão com alguns colchonetes num frio terrível... Amanheceu! Todos embora para a cidade, que alegria! A cidade era bonitinha, uma fofura! Lojinhas de artesanato, chocolatinhos artesanais etc... Pensamos até em alugar uma pousada com água quentinha e luz, mas desistimos... Resolvemos ficar no nosso chalé... Triste idéia a noite chegou e o frio também, nada de banho, e água quentinha... Mais uma noite no nosso chalé no meio da montanha... Amanheceu! Iríamos visitar cachoeiras, iria ser um dia daqueles! Fomos de carro até a trilha na cachoeira, depois era só andando mesmo... Andamos no meio do mato, andamos, andamos, andamos, kilometros e kilômetros a fio, quando eu pensei que iria morrer, apareceu uma paisagem maravilhosa, uma cachoeira perdida no meio de uma montanha... Era mesmo linda, alguns mergulharam, outros ficaram olhando a paisagem, foi divino... A demonstração divina da natureza!  mesmo sem comida e fedida eu estava feliz, feliz por ver aquela paisagem...
Voltamos para a cidade. O sol já tinha ido embora, a noite fria se instalava... Não tivemos coragem de voltar para o chalé... Também não queríamos pagar outra pousada sendo que tínhamos o nosso chalé falido no meio da montanha com todas nossas coisas... Por incrível que pareça, encontramos uma saúna, entramos todos com os carros na saúna... Eu nem me lembro como funcionava a saúna, mas alguém fechou a saúna para nosso grupo... Eu não queria saber de nada, só queria um banho quentinho... Foi uma maravilha, ficamos lá tomando banho com nossos trajes de banho, de cachoeira... Não tinha nada de maldade no grupo, estávamos todos muito bem comportados, não tinha bebida, nada disso... Era só nós, nossa boa vontade, a inocência e a natureza... Hoje consigo ver essa viagem de outra forma... Foi bonita essa história! 
Algumas pessoas arriscaram fazer o choque térmico, da saúna ir para o chuveiro frio, mas eu não, queria ficar só na água quentinha...
Quando chegamos em São Paulo eu estava transtornada... Queria xingar quem tinha organizado essa viagem para Visconde de Mauá, mas hoje lembro com tanto carinho... A vida é assim, às vezes de moram anos para você poder dizer: "-É esse momento valeu à pena!" Só hoje depois de quase vinte anos posso dizer isso... Por isso que o escritor Rubem Alves não quer morrer, ele quer viver, e poder olhar tudo de um novo ângulo, que só com o passar dos anos podemos enxegar assim... A vida é mesmo muito além disso tudo! Viver ultrapassa qualquer entendimento!  

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