quinta-feira, 31 de maio de 2012

A acompanhante de paciente!





A acompanhante!

Não posso reclamar da paciente, o problema era a acompanhante. Não bastasse toda a minha boa vontade de estar atendendo “milhares” de pacientes num só período e como dizia minha mãe “fazendo das tripas coração”, eis que estou concentrada consultando uma moça de vinte e cinco anos que queria entender porque “ela” tinha que ter epilepsia, por quê? Eu tentava explicar que não havia motivo, pois já havia feito toda investigação neurológica, mas ela tinha e ponto final. Realmente um momento chato para o médico, você tem isso porque tem e ponto final!  E sempre vem aquela pergunta: “- Porque eu?”. E sempre vem aquela resposta: “- Porque Deus quis”!  E porque Deus quis, que uns tivessem epilepsia e outros não? Por quê? Tudo o que possamos falar parece ser inútil para uma adolescente com uma doença assim, mas foi nessa hora que alguém bateu na porta com força, parecia um terremoto. Eu percebi que não eram as meninas da recepção porque elas batem devagar e longo abrem a porta para entrar com as fichas ou dar algum recado. Ninguém entrou... A paciente que já estava saindo, pois a consulta havia acabado abriu a porta e não havia ninguém... Eu não podia perder esse momento, quem era essa pessoa que baterá na porta daquele jeito? Eu falei para paciente perguntar quem havia na porta, depois de muita insistência uma senhora de seus cinquenta e cinco anos resolveu responder: “- Fui eu porque estava demorando muito e minha mãe está com fome!”.  Foi então que entendi, a mulher estava batendo na porta para outra paciente sair da sala, despachar-se porque ela queria entrar...  Mandei a acompanhante ir falar na recepção para ver se a mãe dela tinha prioridade de passar na frente e chamei a outra paciente. Quando a outra paciente entrou para minha surpresa ela falou: “- Engraçado doutora, tem gente que chegou agora e já quer ser atendido...”. Dito e feito conforme fui chamando os pacientes na ordem, a mãe dela era um dos últimos pacientes... Ninguém veio da recepção pedir para eu passar aquela paciente na frente de todos os outros...  Imagina chegar para consulta médica às duas horas da tarde com fome? Era o desrespeito explícito! Fiquei chocada o que está acontecendo com a humanidade? Percebo todos os dias que as pessoas andam estressadas a ponto extremo! Eu me pergunto: “- Onde vamos parar com essa vida moderna toda agitada onde a ansiedade, o nervosismo, a intolerância, o egoísmo andam reinando pelas ruas”?

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