quinta-feira, 15 de março de 2012

Paciente Vinte e Nove!




O Lenço Milagroso


Chamei o próximo paciente. Um homem em torno de sessenta anos entrou no consultório, chamava-se Manuel. Perguntei se ele estava bem e ele disse que sim! Fiquei feliz! Ele continuou dizendo que melhoraria a cada dia. Estava otimista, e isso era bom... Pensei em falar o menos possível, em hipótese alguma queria estragar essa energia positiva que pairava no ar. Apenas disse: "- Que bom seu Manuel, que bom..." Comecei a fazer as receitas antes que ele se lembrasse de algum problema: uma dorzinha na coluna, de uma tontura, de um dia que ele se esqueceu de alguma coisa, de um feijão estragado que comeu e etc.
De repente, ele começou a falar bem alto: "- Doutora, eu preciso te dizer algo" Pensei comigo: "- Eu sabia! Estava muito bom para ser verdade... Ele se lembrou de algum problema...!" Mas não eram nada de doenças, queixas, lamúrias... Eu havia me enganado... Ele disse eufórico: "- Doutora, eu trouxe um lenço milagroso para você! Esse lenço foi bento e trazido de longe com toda a fé para você! E começou a procurar o lencinho nos bolsos da calça... Finalmente o encontrou e todo feliz esticou as mãos que seguravam o objeto precioso na minha direção. Eu peguei o pequeno lenço e agradeci o presente muito feliz. E então ele continuou: "- Doutora, não importa sua religião, isso não tem importância, o importante é ter fé"! Eu disse para ele: "Concordo seu Manuel, religiões existem muitas, mas Deus é um só”! Ele continuou: "- Doutora, esse lenço benzido em nome de Deus pode realizar qualquer milagre, porque para Deus nada é impossível." Há muitos médicos em São Paulo mandando os pacientes procurarem esse lencinho. Esse lenço já curou câncer, já ressuscitou pessoas que tinham acabado de morrer, já alcançou muitas graças". Respondi: "- Fico muito agradecida de receber um presente tão especial... Muito obrigada! Vou trazê-lo sempre comigo”.  
O paciente pegou as receitas e saiu muito feliz! Depois que acabaram as consultas, uma amiga enfermeira passou em frente a sala... Eu chamei-a entusiasmada: "- Nenê! Nenê! Dona nenê! Entra aqui na sala, ganhei um lenço milagroso”! Ela disse: "- Jura doutora, cadê esse lenço"? Eu falei: "Espera aí, espera aí, vou pegar o lencinho para você segurar nele um pouquinho”... Abri a bolsa peguei o lenço e dei para ela segurar... Ela segurou o lenço toda contente e eu também... Ficamos alegres e esperançosas com o lenço milagroso... 
Sai do trabalho com vontade de tomar um sorvete. Fui até a banca de jornal e pedi um Molico de frutas amarelas... Nunca comi um sorvete tão gostoso, e olha que eu não gosto muito de sorvetes... Entrei no carro com meu sorvete e fui dirigindo e tomando o sorvete, dirigindo e tomando o sorvete... Cada vez o sorvete ficava mais delicioso... Quando o sorvete acabou, olhei para o palito, o palito era premiado! Dei uma grande risada, um momento de felicidade, um palito de sorvete premiado! Hoje foi um dia com momentos felizes! 
Um dia ainda conto o milagre do lenço...  


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