quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O meu amigo morador de rua!







O meu amigo morador de rua!


Eu não sei o nome do meu amigo morador de rua, mas está lá, na rua por onde passo todo os dias. Não seu passado, não sei o que faz, não sei dos seus hábitos, se é alcoólatra, usuário de drogas,ou tabagista. Ele me parece um senhor normal, de seus sessenta anos de idade. Só sei que me faz feliz quando saiu do seu trabalho com estas palavras: "- Até logo doutora! Bom descanso!". Fala isso com um sorriso no rosto, com tamanha sinceridade que meu coração sente gratidão.
Fico aí entre a cruz e a espada, ao mesmo tempo feliz ao mesmo tempo triste. Eu teria o direito de ficar triste por vê-lo assim, numa cada improvisada que cabe somente o seu corpo ora deitado, ora sentado, cuja porta é um arranjo de caixas de papelão? Não, não posso ficar triste, a felicidade não é analisada desse jeito, talvez ele seja mais feliz que eu...
Ele não me parece triste, ele sabe ser amável comigo, ele faz alguém feliz nesse mundo: "eu"!.
Às vezes passo despercebida, porque a casa dele apesar de ser na rua é escondida, ele diz: "- Doutora, bom final de semana! Descansa!". Eu digo, "obrigada" e fico com o coração na mal. Já cheguei a falar algumas coisas, nada profundo, tenho medo de ficar triste, já que a tristeza me acompanha deste que meu amigo partiu desse mundo. E agora que estou melhor, tenho medo da tristeza...
Tem dias, aqueles de frio com vento gelado, que a casinha que cabe seu corpo está fechada com a porta de papelão. Eu não sei como ele está lá dentro e como vai passar toda a noite e madrugada, eu rezo e peço a Deus que ele sobreviva! E então, no dia seguinte ou num dia em que eu esteja passando distraída ele me fale "Tchau doutora, boa noite, bom descanso"...


 

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