terça-feira, 5 de junho de 2012

A Sutileza da Velhice





A Sutileza da Velhice


Ele estava lá na academia de ginástica que frequento seu nome ainda não sei, sua idade deve ser para mais de oitenta anos. Olhei para ele quando ele falou que tinha que ir devagar aos exercícios de musculação, um pouco por dia, porque senão não dava para aguentar...  Foi nesse momento que comecei a filosofar sobre a velhice percebendo que como nós tornamos delicados, frágeis... Tudo vai se esvaindo do nosso corpo, tudo vai dizendo adeus a essa vida.
Ele se encaminhou para um aparelho de musculação estava vestido com uma bermuda jeans bege um pouco acima do joelho e uma camiseta branca. Notei seus passos incertos, o cuidado  ao caminhar para não cair de “maduro” no chão, sua pele fina da velhice, tão frágil que qualquer batida nelas é motivo para ficarem hematomas. A pele torna-se tão delicada que resseca fácil e acaba até provocando coceira. Ele virou-se e sentou-se no aparelho de ginástica com todo cuidado. Notei seu rosto, a pálpebra caída, a pele flácida, frágil, as rugas que o tempo fez marcar em nossos rostos ou com risos ou lágrimas, mas elas são a prova de que se viveu... Foi então que comecei a pensar nas tão temidas rugas! Olhei para outras pessoas na academia, todos tinham suas rugas e eu não conseguia achar nenhuma ruga feia. Porque as rugas são feias? Comecei a pensar que acharia mais feio um velhinho sem ruga nenhuma... As rugas me pareceram bonitas e achei a velhice tão sutil!
A velhice é para desacelerar, a velhice é a vida se transformando em frágil, delicada. A velhice é o caminho que todos iremos percorrer... Porque não fazer desse caminho, um caminho lindo, assim como a juventude? Não lindo e cheio de vigor, de força igual à época em que somos jovens, mas sim, leve, sutil, com passos lentos e memória curta.
Assim como damos valor às crianças devemos dar igual valor aos velhinhos. Não são só lindas as crianças! Os velhinhos também são engraçados, às vezes cismam de contar piadas, eles terminam de contar aquela piada sem graça, sem graça, e a gente faz o maior sacrifício para dar risada. Outras vezes, contam toda a história de suas vidas, tão bonito!
A velhice é um diamante lapidado pelo tempo! A velhice é tudo que fomos e somos! Ser velho é ser mais sábio, é ter mais discernimento, mais sabedoria... Querendo ou não vamos aprendendo com a vida, haverá tempo para tudo, e ser velho é ter todo esse tempo no seu cérebro, na sua memória.
Minha avozinha era tão velhinha e frágil morreu aos oitenta e nove anos de idade, mas sua memória estava íntegra. Naquele cérebro senil havia experiências de décadas. Quando lhe contávamos alguma coisa ela dizia: “É a vida minha filha, é a vida!”. Agora penso nessas palavras é digo a mesma coisa: “-É a vida, é a vida...”
   

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