segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Confissões de Rachel







Confissões de Rachel


Doutora,

A vida nunca me deu nada,
Que não fosse roubar depois,
Vim ao mundo pelada e chorando,
Sem saber se teria os braços dos dois...

Poderia ser amada ou desprezada,
O que sabia eu?
Se eu seria envolta em um cobertor,
Ou jogada num quanto ao céu?

De destino dúbio,
Tive casa, berço e coberto,
Fui feliz nesta casa,
Era meu mundo que um dia se retirou...

E nessa época da infância,
A vida me deu a bronquite,
Que fazia dos meus dias,
Ás vezes com ar, às vezes sem ar, uma esquisitice..

Da infância colorida,
Onde quase sempre tudo era alegria
De lá pouca coisa restou,
Era a vida que pouco a pouco repartia,

Levei comigo cicatrizes no joelho,
Saudades de um passarinho roubado,
Do meu gato desaparecido, da minha gata atropelada,
Das minhas amigas que tive que deixar meio abandonadas...

A vida muda rápido!
Dá e nós tira,
Tira e nós dá, brinca de io-io,
E se transforma numa sátira...

Um palco de maluquices,
É isso que a vida é
Uma peça de teatro,
Oscilando no vai e vem do "é"....

E no meio do caminho,
Dá-nos um amor verdadeiro,
De cheiro, riso e alegria,
Para depois nos tirar por inteiro...

Da juventude,
Dos lindos e fartos cabelos castanhos,
Põe nos depois brancos e cinzas,
Poucos e frágeis,

Com os anos a vida nos dá sabedoria,
Mas não se anime minha filha,
Logo, logo vem a morte...
E nós atira para uma ilha...





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