terça-feira, 22 de abril de 2014

Dois Minutos



Dois Minutos


Foram dois minutos para que toda mágica acontecesse. A situação era incerta, não se viam há mais de vinte anos, mas estavam dispostos a se reencontrar. Raquel não poderia saber o que sentiria, como reagiria, o que falaria, o que aconteceria quando o visse. Estável imóvel em frente à mesa com seu café com leite delicadamente numa pequena xícara, em segundos ele chegaria... 
Foi então que ela o avistou de longe, procurando-a e gritou seu nome, ele virou rapidamente e veio em sua direção. Naquele exato momento se olharam e instantaneamente se abraçaram, por alguns quarenta segundos, nunca haviam se abraçaram até então, durante toda a vida... Ele sentou, e ambos sorriram um para o outro, num reencontro fora dos planos, inacreditavelmente imprevisto nos últimos vinte e seis anos de nossas existências. 
Não precisava de muitas palavras, mas neste ímpeto de emoção, brincadeira do destino, magia da lua, sorriso nos rostos, brilho nos olhos de ambos e das estrelas, em menos de dois minutos ele segurou o rosto de Raquel e lhe deu um beijo. E a felicidade se deu, se entregou àquele dois minutos para tornar a "cena" viva por  toda a eternidade.  E não dá para não dizer que não se foi feliz. Porque a vida é assim, brincalhona, às vezes te dá momentos de tristezas, mas às vezes te dá gostas de felicidades, que se pode dizer que valeu à pena ter vivido por aqueles dois minutos, dois minutos de eterna felicidade.
É a vida... 


"Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."

Fernando Pessoa




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