domingo, 1 de fevereiro de 2015

A bicicleta!










A Bicicleta!


É incrível como a bicicleta faz parte da minha vida. Sim, a bicicleta, aquela magrela de duas rodas. Desde criança amava uma bicicleta, quando bem pequena, talvez uns cinco anos via no bairro em que morava um senhor deficiente sentado numa bicicleta grande. É claro, era uma bicicleta especial, mas para mim o máximo, tinha rodinhas, era um "Porche" para, mim.
Não deu outra, o jeito era pedir uma bicicleta para o Papai Noel. Eu foi até meus pais e disse: "- Eu quero uma bicicleta grande, grande, com rodas grandes igual ao velho do bairro!". Meus pais, para fazer a minha vontade, compraram uma bicicleta grande! Na data certa, a bicicleta estava lá, debaixo da árvore natalina! Como era de se prever, a bicicleta era grande demais para a garotinha, quando o pedal atingia o seu estado mais baixo, meu pé não alcançava... Mas eu estava feliz do mesmo jeito, não era igual ao do senhor paralítico do bairro, mas estava ótima!
Eis que o desastre aconteceu! Eu com a minha bicicleta nova, maior do que eu própria, andando no quintal de casa, em uma descida, não consegui controlar o bicicletão e fomos nós duas dar com a "fuça" no muro! Nada de grave, uma unha de uns dos dedos da mão roxa e depois uma unha caída e esperar nascer outra unha...
Conclusão: "A bicicleta era grande demais para mim!". Esperaria o próximo Natal para ganhar outra bicicleta, agora normal, da Caloi, afinal quem não se lembra daquelas frases : "Não esqueça da minha Caloi", "Eu quero a minha Caloi". Mas era verdade, Natal seguinte, estava minha companheira debaixo da árvore de Natal. Uma Caloi média, igual meu filho tem agora, cor bordo metálica. Era linda, nunca tinha visto e vi até hoje uma bicicleta de cor tão bonita!
E fiquei com a Caloi bordo até tirar as rodinhas laterais e quando cresci, ganhei uma Caloi maior azul marinho muito linda também, a qual cuidava com muito zelo. Eu limpava a bicicleta, ia na loja de acessórios de bicicleta, comprava mini canudinhos de plásticos coloridos para enfeitar as rodas, buzina etc... O melhor de tudo, é que naquela época, podíamos andar à vontade, na calçada, na rua, tínhamos "passe-livre", sem ladrões, sem perigos, o que podia acontecer eram joelhos ralados, e raramente uma queda mais grave... Que boa era aquela época, muito diferente dessa...
Cresci! A bicicleta azul marinho já não servia mais, apesar de todo amor que sentia por ela, dei-a para outra criança e nunca mais tive bicicleta... Os estudos aumentaram, a vontade de ser médica era prioridade, tinha que estudar para passar no vestibular, e muito... E também já não se convinha andar de bicicleta por aí, os tempos tinham mudado, você sai com uma bicicleta voltava com as mãos a abanar... O pior era no Guarujá, na prais, quer melhor lugar para se andar de bicicleta? Nada feito, todos que tentaram, tiveram suas bicicletas roubadas por ladrões, e depois víamos eles na boa andando com nossas bicicletas e nós, morrendo de vontade de dar uma pedalada...
O tempo, passou, passou muito mesmo, pelo menos uns quinze anos sem bicicletas. Eu estava com um namorado passeando de carro, e falávamos de sonho, e eu disse que meu sonho era comprar uma bicicleta... O cara riu, desfez-se do meu sonho, achou o sonho "simples" demais para ser verdade... Fiquei transtornada, o que ele queria que eu dissesse? Que meu sonho era ter um Porche? Conclusão: O namorado monstrinho, mauricinho, no seu Corola prateado terminou o namoro por causa do meu singelo sonho... Só de saber que muitas crianças gostariam de ter uma bicicleta e nunca terão, dá vontade de ir lá e dar um soco na cara daquela branquelo metido a riquenho...
Eu continue sem bicicleta, até hoje... Mas olhando pela janela do apartamento aqui de casa, vi que hoje foi estreada a ciclovia  hoje em Santo André/São Paulo. Pelo jeito o governo do PT levou bem à sério a história das ciclovias, minha irmã arquiteta achou o máximo! Ela que mora perto da Paulista não está se incomodando com aquelas obras para construir a ciclovia, aquele trânsito todo parado, aquela "muvuca" toda. Eu, como médica, já fico meio receosa, porque já vi notícias de ciclistas atropelados, braços ceifados. Ela diz que a ideia é ótima, para mim, tudo bem, se for segura... mas acho melhor ainda andar de bicicleta na praia, coisa que é impossível fazer, aliás nunca fiz por causa dos tais ladrões...
Hoje, olhando pela janela aqui do sétimo andar deste prédio penso: "- Será que vou ter que comprar uma bicicleta?". Eu quero a minha Caloi!


LRG
    

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