segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A palavra "saudade"

 
 
 
 
A palavra "saudade".
 
Sempre ouvi dizer que não existe tradução para a palavra "saudade" em inglês. Pelo que procurei não existe literalmente a tradução da palavra, mas sim "formas" de dizer a palavra saudade ou saudades.
Antigamente eu achava um absurdo não existir tradução para essa palavra, puro engano, hoje sei que essa palavra não pode ser traduzida. E se ela existe na língua portuguesa, simplesmente deve ser um presente, pois saudade não pode ser definida por uma palavra! Saudade é algo tão profundo que só quem a sentiu no fundo do âmago de sua alma sabe que ela não pode ser explicada e nem traduzida.
A saudade bate no seu coração, chega dar uma dorzinha lá no fundo dele, parece até que conseguimos a detectar num lugar que imaginamos no coração. Porque a localizamos no coração? Porque não dizemos: "-Ai que saudades que chega doer meu cérebro?". É engraçada, ela se localiza no peito, no coração... É nosso coração que sofre!
 
Fico pensando, se a palavra "saudade" não existisse na língua portuguesa, não haveria o FADO. Eu tenho escutado muito o Fado, porque ele consegue traduzir um pouco dessa saudade que invade o meu peito e se aloja no meu coração. Parece que não estou só quando o escuto e então, sinto que há outras pessoas que falam a mesma língua que eu...
Agora falando em "coração", lembrei-me de uma aula na faculdade de medicina. A aula era de patologia, o professor se chamava Mario Veloni, ele era um excelente professor, muito exigente, bravo e às vezes cômico. O humor dele era trágico e tinha que ser para nos passar firmeza... A medicina tinha até uma música que cantávamos sempre, e uma parte se dirigia ao mestre Veloni, eu não sei se ainda cantam essa música, mas dizia: "Já dizia o mestre Veloni, quem tem "saco" põe na mesa para bater, se for "roxo" ele não vai doer...". A palavra "saco" aqui, se referia a uma parte da genitália masculina... Para mim a mensagem era a seguinte: "vocês iram precisar de muita determinação nessa jornada, muita força, muita coragem, terão que sentir dor, sem a sentir...".
 
Voltando para a aula de patologia, estávamos todos no laboratório de anatomia, para a aula pratica. Na sala havia umas quatro ou cinco bancadas, em cada bancada, talvez houvesse cinco microscópios, ficávamos em pares, eu não lembro exatamente. Ele dividia entre nós lâminas com alguma parte de nosso corpo com alguma alteração para ermos no microscópio, outras vezes, distribuía "peças" anatômicas (alguma parte do nosso corpo). Essa aula que me lembro de bem era aula sobre patologias do coração. Ele estava lá na frente e falava, falava sobre o coração. Depois com certeza receberíamos o coração para analisá-lo e verificar as mudanças causadas pela doença. Nesse dia ele inovou! Tinha um coração humano na mão e explicava, explicava sobre ele. Quando terminou falou: "Agora vou passar o coração para vocês verem!". Pensávamos que ele iria pegar o coração e entrega-lo nas mãos de algum aluno... Eis que a loucura surgiu em seus neurônios, e ele disse em fração de segundos: "- Agora peguem o coração!". E o atirou pelos ares na minha direção! A sorte foi que em frações de segundos levantei as mãos e consegui agarrar o coração com as mãos bem na frente do meu rosto! Naquele momento pensei: "- Nossa é preciso ter "saco roxo" mesmo!".
Que saudades no meu coração...
 
 
 

Um comentário:

  1. Coisa típica de um dos melhores professores que tivemos a honra de conhecer. Ao Professor Mário Veloni meus eternos agradecimentos (Alfésio).

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