terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O Choro do meu filho...








O Choro do meu filho...


          Já era tarde da noite, talvez umas vinte e três horas. Eu estava no meu quarto, para variar, lendo meus livros, no caso "Deus, Mensagem ao Mundo de Neale D. Walch", em que ele diz que as pessoas não entenderam nada do que Deus disse... Foi quando escutei meu filho chorando, chorando bem alto. Não, não era um choro de birra, não era um choro por causa de um brinquedo quebrado, por ter se machucado de leve; era um choro profundo, aqueles vindo da alma, daqueles que não facilmente controlados... Ouvia-se o choro incessantemente, e era um choro dolorido. E eu, com aquela preguiça de levantar da cama e não ser nada relevante, já que eu deito e levanto mil vezes porque esqueço de alguma coisa... Gritei do quarto: "- Lucas, Lucas, o que foi?". Não obtive resposta, e o choro continuava... Para ver como estão as coisas ultimamente, resolvi ligar para o celular dele, do quarto para a sala ou cozinha, não atendeu... Não teve outro jeito, eu tive que levantar...
          Eu vim pelo corredor, que dá no quarto dele, sala e cozinha, quando o encontro sentado no colo da avó e chorando copiosamente, na cozinha em frente a televisão. Então perguntei "- Gente, o que está acontecendo aqui?". O choro era sério... Minha mãe (avó), estão respondeu: "- O Lucas está chorando por causa do avião que caiu e matou todos aqueles jogadores chapecoenses...". Eu disse: "- Para Lucas, já foi...", Ele respondeu: "E se você eu mãe, que estivesse no avião, você não iria chorar?
          O choro era verdadeiro, via-se que vinha do fundo da alma, cheio de dor, um menino de nove anos chorando tristemente... E não só chorava pelas vítimas, mas pelos familiares que ficaram, pelas crianças... Olhei para televisão, falava-se sobre isso na SIC, TV Portuguesa. Antes tinha percebido que ele tinha assistido vídeos no youtube sobre a tragédia... Realmente é algo para se chorar, um acidente estúpido, por falta de gasolina... Fico pensando o que os outros países pensam da gente...
Não sabia como consolar o meu filho... Pensei rapidamente, o que vou falar? Que sabe um dia os encontramos... Então, veio-me a coisa mais boba que se pode vir na cabeça: "- Para de chorar Lucas!              Eles estão todos lá no céu agora! Estão todos bem! Você está chorando à toa, como se eu acreditasse nisso... Mas veio como um supetão, as palavras saíram sem eu querer da minha boca, que até mesmo fiquei surpresa com o que disse... Deitei na cama, e fiquei pensando, será um condicionamento imposto pela sociedade desde os primórdios da nossa existência terrestre, pensar assim? Teremos que raspar as camadas de tinta que nos foram pintados os nossos sentidos? Será que aqueles que partiram estão todos no céu? É tudo uma ilusão? O que mais poderia falar para o menino? Ele se acalmou, pensou que estão todos lá, jogando futebol no céu... Eu, já não sei de nada... "Só sei que nada sei" (Sócrates)... É duro crescer...

Lilian Regina Gonçalves
06/12/2016


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