quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Eles se foram...





Eles se foram...






          Eles se foram, se foram para nunca mais voltar. Partiram para não sei onde e deixaram uma saudades de que fere, maltrata, faz chorar. É saber que não dará mais para vê-los, nem escutar suas histórias, suas explicações, e que essa ausência para sempre. 
Por mais que a morte da minha avó tivesse me abalado, nada foi maior do que a morte do meu melhor amigo, foi como se eu tivesse levado uma facada dentro do coração. Já faz mais de cinco anos do seu "desaparecimento" e a ferida só amenizou...
          Quando o Flávio Aloe faleceu procurei saber onde ele estava de toda maneira, eu tinha que encontrá-lo de qualquer maneira. Como em cinco segundos ele caíra morto de infarto fulminante sem ao menos me dizer: "- Já vou para nunca mais...". 
Eu como neurologista, quero sempre saber o porquê das coisas, sei que não sou Deus e nem sei se ele existe. Fiz todas as perguntar para mim a nível de neurociências, procurei em todos os livros, sites, sobre para onde vai nossa consciência depois que morremos, já que o corpo já sabemos... Li muito sobre Experiência Quase Morte, que era minha esperança que parecia mostrar que íamos para algum lugar, mas a neurociência tinha uma explicação neurofisiológica para tudo, o túnel de Luz, a recepção das pessoas que já tinham ido... Irá impossível combater as explicações da neurociência: "não existe nada".
          Procurei todas os tipos de religião, falei com todos seus representantes, ninguém me convenceu, Eu andava de carro e se via uma igreja com Luz entrava e falava e perguntava... Ouvi de tudo, em alguns momentos acreditei para desacreditar depois... Algumas religiões diziam que ele estava dormindo na terra até o dia do juízo final, outras que ele estava numa das moradas do Pai, outras que ele estava num hospital de recuperação no céu, foram tantas coisas que ouvi que não consegui aceitar nada. O que pude concluir é que para quem tem uma religião e acredita nisso e bem mais fácil viver, mas para mim, para mim? Uma neurologista como acreditar? Eu tenho uma religião, porque o cérebro é preparado para se acreditar em alguém para amenizar a própria morte.
          Muitas coisas aconteceram, busquei até uma psicografia que até me ajudou muito, parecia muito ser palavras dele... Mas a neurociências também comprova todos esses fenômenos como sendo da própria atividade cerebral, temos capacidade de saber o que outra pessoa está pensando. A psicografia nada mais é do que uma pessoa lendo a mente da outra, não era o Flavio, era os meus próprios pensamentos... A única coisa que me acalmou foi um amigo que também neurologista disse para mim: "- Calma Lilian, a Física Quântica  um dia irá explicar...". Parecia plausível a ideia dele! Li um pouco de física quântica mas não entendi muita coisa, mas acho que a resposta estará aí...
Por incrível que parece depois que o Flavio Alóe faleceu, comecei a ir no Divã do Gikovate, Flávio Gikovate, queria perguntar para ele algo sobre isso, um médico, psiquiatra, psicanalista, deveria ter algo para me falar. E foi ele quem realmente me ajudou a aceitar o fato. Com seu jeito preciso, sem muito blá, blá, blá, disse logo: "É uma pena! Mas nunca iremos saber, só saberemos quando realmente passarmos para o lado de lá, e não tem o que fazer...E eu, em particular, não estou nem um pouco interessado em saber o que tem do lado de lá, porque estou muito feliz aqui! Todos iremos saber um dia". E ainda citou o filósofo Sócrates, que preferiu tomar cicuta ao negar seus princípios filosóficos e escapar como um covarde fugitivo. E Sócrates dizia mais ou menos assim: "- Eu não tenho medo da morte, ou ela será um sono profundo da qual nunca mais iria acordar, mas se existir alguma coisa, eu vou encontrar todos os poetas que gosto e será uma festa!
          E foi assim, que o Flávio Gikovate conseguiu por paz no meu coração... Grande homem, sábio, de uma visão ímpar da relações humanas. Eis que o pior aconteceu, este ano, em Abril, se não me engano, descobriu um câncer de pâncreas. Todos os médicos sabem que este câncer é o pior que tem, que em cinco meses a pessoa se vai... Ele estava esperançoso, mas tenho certeza que sabia do que se tratava, mesmo assim seguiu em frente com toda força do mundo, escreveu um livro novo, lançou-o na Livraria Cultura do Conjunto Nacional e foi um sucesso. Eu disse para o Flavio pelo Twitter, que o David Bowie, quando soube de seu câncer fatal, não se esmoreceu, gravou um CD que que foi considerado uma obra de arte "Lazarus", e que ele teria forças e ainda lançaria um novo livro. No final fiquei até chateada de ter dito isso para ele, porque era como que eu estivesse dizendo que não teria jeito o câncer de pâncreas... Ele continuou com o programa no Divã do Gikovate numa menor frequência, mas eu nunca mais tive coragem de o vê-lo. Realmente sou uma pessoa fraca para morte... Já levei muitas broncas por causa disso, foram tantas que já perdi as contas, mas esta sou eu. Saudades dos Flávios! 













2 comentários:

  1. A morte nada mais é do que um minterio
    Pra onde vamos qdo morrermos?não sei,mais tenho a plena certeza de que Deus existe e que tbm existe o outro lado,somos um corpo uma carcaça como se fosse um carro,foi o que Deus deu pra nós. Mais dentro de nós existe a alma essa sim é tudo ,tem tantas pessoas cuidando do corpo mais não cuida da alma ,alma essa que irá progredir por onde quer que vá, e irá se encontrar com aqueles que partiram na nossa frente e que será de grande alegria
    Eu,eu a minha pessoa acredita que seja assim

    ResponderExcluir
  2. Dra.Lilian gostaria de saber se você tem consultório particular

    ResponderExcluir