segunda-feira, 6 de julho de 2015

Do desejo




Do desejo

E por que haverias de querer minha alma na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas, obscenas,
porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo, prazer, lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando aquele outro.
E te repito:
por que haverias de querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo.
Obriga-me.

Hilda Hilst

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