Tempo para nós!
Chega ao consultório uma filha com sua mãe bem velhinha. Pergunto para a paciente: - Boa tarde, qual é o problema da senhora? Então, a filha fala pela paciente: - Dra. Ela está muito esquecida, não se lembra de mais nada, não reconhece as pessoas, médicos já falaram que ela está com Alzheimer. Então, olhei para a velhinha e com ternura nos olhos e do fundo coração ela respondeu: - "É doutora, agora eu decidi viver só para mim..." Fiquei admirada, nunca ouvi uma resposta assim. Será que precisamos ficar com Alzheimer para podermos viver só para nós? Esquecer mesmo de tudo, coisas que em sã consciência não poderíamos esquecer? Será que essa velhinha estava mesmo doente? Ela pareceu-me muito feliz de ter se esquecido de tudo e de estar vivendo para ela. O Alzheimer não era uma doença, era uma solução para estar em paz com ela mesma, sem ter que dar satisfações para os outros, para se livrar das preocupações que às vezes atormentam nossa vida. Minha vontade foi falar: "- Muito bem, se a senhora está feliz e os outros é que estão incomodados, a senhora está de alta”. É claro, que não pude fazer isso, e a filha saiu com uma receita de medicação para Alzheimer para mãe. Ainda bem, que a medicação nem sempre faz efeito...
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