Clarice Lispector
Adoro consultar as frases da Clarice Lispector no Facebook. Identifico-me com ela, por isso fui querer saber da vida dela. Procurei e encontrei sua biografia, não é uma história de "mar e rosas", muito longe disso, uma história sofrida, com muito aprendizado, deve ter tido seus momentos de felicidade como todo mundo, mas longe de ser uma vida de felicidades. Não acredito nas pessoas que dizem que são felizes, que vivem uma felicidade sem fim, todos os dias de suas vidas... Mentira! Pura Mentira! E ainda colocam no facebook que estão num mar de rosas, devem estar é num mar de espinhos, porque quem está feliz não fica anunciando aos quatro ventos... Porque felicidade é igual a um beija-flor beijando uma flor, se fizer muito barulho ele foge... Quem está feliz nem diz para não espantar a felicidade, para não atiçar os olhos dos invejosos. Felicidade continua não existe! Quem diz para mim que vive vinte e quatro horas por dia feliz é o mesmo que dizer que não dorme nunca, que toca uma sonata sem fim... Felicidade sem fim é hipocrisia! Se Deus quisesse que fossemos felizes o tempo inteiro, não teria inventado a tristeza, a doença, a saudade, a morte, a pobreza e etc. A Clarice soube bem o que é felicidade, amizade, tristeza, saudade, sentimento de culpa, separação, saúde, doença, aceitação, loucura, guerra, morte, e viveu o amor de mãe, o amor não correspondido, o amor da amizade, o amor ao próximo e o amor pelo país em que viveu. Ela nasceu em 10 de dezembro de 1920 na Ucrânia. Se estivesse viva, hoje teria 90 anos, mas morreu um dia antes de completar 57 anos de idade em 9 de dezembro de 1977 no Rio de Janeiro, vítima de um câncer inoperável de ovário. Até a manhã de seu falecimento, mesmo sobre sedativos, Clarice ainda ditava frases para a amiga Olga Borelli. Era de origem judaica, chamava-se Haia Pinkhasovna Lispector. Chegou ao Brasil com a família devido à perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa quando tinha dois meses de idade. Sempre que questionada sobre sua nacionalidade, Clarice afirmava não ter nenhuma ligação com a Ucrânia. Dizia: - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil. Por iniciativa do seu pai seu nome foi mudado para Clarice. Quando tinha nove anos de idade, sua mãe morreu após vários anos sofrendo com as consequências da sífilis, supostamente contraída por conta de um estupro sofrido durante a Guerra Civil Russa, enquanto a família ainda estava na Ucrânia. Clarice sofreu com a morte da mãe, e muitos de seus textos refletem o que sentia e figuras de milagres que salvariam sua mãe.
Quando tinha 15 anos, seu pai se decidiu mudar de Recife para o Rio de Janeiro. Clarice estudou em uma escola primária na Tijuca, até ir para o curso preparatório para a Faculdade de Direito. Foi aceita para a Escola de Direito na então Universidade do Brasil em 1939. Clarice se viu frustrada com muitas das teorias ensinadas no curso, e descobriu um escape: a literatura. Em 25 de maio de 1940, com apenas 19 anos, publicou seu primeiro conto "Triunfo" na Revista Pan.
Após uma cirurgia simples para a retirada de vesícula biliar, seu pai Pedro, morre de complicações do procedimento. Clarice fica arrasada com as circunstâncias da morte tão inesperada, e como consequência Clarice se afasta da religião judaica. Quando trabalhava na Agência Nacional, responsável por distribuir notícias aos jornais e emissoras de rádio da época, conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou e não foi correspondida, pois Lúcio era homossexual e de quem se tornou amiga íntima.
Em 1943, no mesmo ano de sua formatura, casou-se com o colega de turma Maury Gurgel Valente, futuro pai de seus dois filhos. Maury foi aprovado no concurso de admissão na carreira diplomática, e passou a fazer parte do quadro do Ministério das Relações Exteriores. Em sua primeira viagem como esposa de diplomata, Clarice morou na Itália onde serviu durante a Segunda Guerra Mundial como assistente voluntária junto ao corpo de enfermagem da Força Expedicionária Brasileira. Ela também morou em países como Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, países para onde Maury foi escalado. Apesar disso, sempre falou em suas cartas a amigos e irmãs como sentia falta do Brasil.
Em 10 de agosto de 1948, nasce seu primeiro filho, Pedro, em Berna na Suíça. Quando criança Pedro se destacava por sua facilidade de aprendizado, porém na adolescência ao foi diagnosticado com esquizofrenia devido à sua falta de atenção e agitação. Clarice se sentia de certa forma culpada pela doença do filho, e teve dificuldades para lidar com a situação.
Em 10 de fevereiro de1953, nasce Paulo, o segundo filho de Clarice e Maury, em Washington, nos Estados Unidos.
Em 1959 se separou do marido que ficou na Europa e voltou permanentemente ao Rio de Janeiro com seus filhos, morando no Leme.
Provoca um incêndio ao dormir com um cigarro acesso em 14 de Setembro de1966, seu quarto fica destruído e a escritora é hospitalizada entre a vida e a morte por três dias. Sua mão direita é quase amputada devido aos ferimentos, e depois de passado o risco de morte, ainda ficou hospitalizada por dois meses. A obra de Clarice ultrapassa qualquer tentativa de classificação, assim como sua vida ultrapassa qualquer vida simplesmente vivida. Por isso quando Clarice diz alguma coisa, vem do fundo da alma de quem realmente viveu as alegrias e agruras da vida. As palavras de Clarice são as próprias batidas de seu coração...
Nenhum comentário:
Postar um comentário