A casa
Que dia lindo! Como é bom acordar aqui, nesse pedacinho do céu! Realmente é uma casa muito engraçada. Não é aquela igual a letra de música "A casa" de Vinícius de Moraes:
"Era uma casa muito engraçada
não tinha teto não tinha nada
ninguém podia entrar nela não
porque na casa não tinha chão
ninguém podia dormir na rede
porque na casa não tinha parede
ninguém podia fazer xixi
porque pinico não tinha ali
Era uma casa muito engraçada
não tinha teto não tinha nada
ninguém podia entrar nela não
porque na casa não tinha chão
ninguém podia dormir na rede
porque na casa não tinha parede
ninguém podia fazer xixi
porque pinico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
na rua dos bobos número zero
Mas era feita com muito esmero
na rua dos bobos número zero"
Acho que essa casa simbologicamente é assim, igual a casa do Vinícius, transmite tem muito esmero...
Fica aqui num cantinho do mundo, onde a paz ainda reina. Hoje é sábado, são quase onze da manhã, não escuto nenhum barulho, um silêncio total! Não que seja uma casa isolada no meio do mato. Fica numa rua, cheia de apartamentos. Na verdade essa casa é um apartamento, no quarto andar. Realmente é uma casa suspensa no ar, não estamos no chão, na terra... Estamos aqui em cima! Pela janela vejo o céu e o silêncio continua... Já vez sol, agora as nuvens cinzentas chegaram e a chuva fina também... Vou até a janela para ver o que está acontecendo lá embaixo. Vejo a chuva caindo, ouço-a cair no chão: "pic, pic, pic", um avião passando e ouço seu barulho rasgando o céu e só... O bairro é antigo, cheio de velhinhos, eles andam de pijama na rua... Isso mesmo, e porque não? Aqui tem velhinho sim! O mundo é de todos! Um cachorro na janela como se fosse gente com as patas para fora apreciando a vista... Vários gatos passeiam soltos no clima da rua, não há estresse, tudo está em harmonia... Eles também moram aqui nessa rua. Eles são de cor preta e cinza. O silêncio continua, o sol voltou... A casa está aqui, não é uma casa nova, é uma casa antiga, tem histórias para contar, mas não sabemos quais... Podemos imaginar qualquer uma... Aqui, as pessoas deixam um pouco delas dentro da casa. Fica sempre alguma coisa. Há enfeites de barcos de madeira feitos à mão, provavelmente pessoas que gostam do mar como eu moraram aqui. Ficou até os sapatos, número pequeno... Quatros espalhados são bonitos! Ontem choveu, tinha um guarda-chuva pendurado na dispensa, andamos com ele por todo lugar. De quem será o guarda-chuva? Não sei? Por onde já terá andado? Não sei, mas passeou com a gente ontem por toda cidade...
A vida é linda mesmo! Quando se tem um minuto de silêncio, um pouquinho de paz para poder olhar o céu e escutar a chuva caindo no chão...
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