A palavra "saudade".
Sempre ouvi dizer que não existe tradução
para a palavra "saudade" em inglês. Pelo que procurei não existe
literalmente a tradução da palavra, mas sim "formas" de dizer a
palavra saudade ou saudades.
Antigamente eu achava um absurdo não existir
tradução para essa palavra, puro engano, hoje sei que essa palavra não
pode ser traduzida. E se ela existe na língua portuguesa, simplesmente
deve ser um presente, pois saudade não pode ser definida por uma palavra!
Saudade é algo tão profundo que só quem a sentiu no fundo do âmago de sua
alma sabe que ela não pode ser explicada e nem traduzida.
A saudade bate no seu coração, chega dar uma
dorzinha lá no fundo dele, parece até que conseguimos a detectar num lugar que
imaginamos no coração. Porque a localizamos no coração? Porque não dizemos:
"-Ai que saudades que chega doer meu cérebro?". É engraçada, ela se
localiza no peito, no coração... É nosso coração que sofre!
Fico pensando, se a palavra "saudade"
não existisse na língua portuguesa, não haveria o FADO. Eu tenho escutado
muito o Fado, porque ele consegue traduzir um pouco dessa saudade que invade o
meu peito e se aloja no meu coração. Parece que não estou só
quando o escuto e então, sinto que há outras pessoas que falam a
mesma língua que eu...
Agora falando em "coração", lembrei-me
de uma aula na faculdade de medicina. A aula era de patologia, o professor se
chamava Mario Veloni, ele era um excelente professor, muito exigente, bravo e
às vezes cômico. O humor dele era trágico e tinha que ser para nos passar
firmeza... A medicina tinha até uma música que cantávamos sempre, e uma parte
se dirigia ao mestre Veloni, eu não sei se ainda cantam essa música, mas dizia:
"Já dizia o mestre Veloni, quem tem "saco" põe na mesa para
bater, se for "roxo" ele não vai doer...". A palavra
"saco" aqui, se referia a uma parte da genitália
masculina... Para mim a mensagem era a seguinte: "vocês iram
precisar de muita determinação nessa jornada, muita força, muita coragem, terão
que sentir dor, sem a sentir...".
Voltando para a aula de patologia, estávamos
todos no laboratório de anatomia, para a aula pratica. Na sala
havia umas quatro ou cinco bancadas, em cada bancada, talvez houvesse
cinco microscópios, ficávamos em pares, eu não lembro exatamente. Ele dividia
entre nós lâminas com alguma parte de nosso corpo com alguma alteração para
ermos no microscópio, outras vezes, distribuía "peças" anatômicas
(alguma parte do nosso corpo). Essa aula que me lembro de bem era aula sobre
patologias do coração. Ele estava lá na frente e falava, falava sobre o
coração. Depois com certeza receberíamos o coração para analisá-lo e verificar
as mudanças causadas pela doença. Nesse dia ele inovou! Tinha um coração
humano na mão e explicava, explicava sobre ele. Quando terminou falou:
"Agora vou passar o coração para vocês verem!". Pensávamos que ele
iria pegar o coração e entrega-lo nas mãos de algum aluno... Eis que a
loucura surgiu em seus neurônios, e ele disse em fração de segundos:
"- Agora peguem o coração!". E o atirou pelos ares na minha direção!
A sorte foi que em frações de segundos levantei as mãos e consegui agarrar o
coração com as mãos bem na frente do meu rosto! Naquele momento pensei:
"- Nossa é preciso ter "saco roxo" mesmo!".
Que saudades no meu coração...
Coisa típica de um dos melhores professores que tivemos a honra de conhecer. Ao Professor Mário Veloni meus eternos agradecimentos (Alfésio).
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