Confissões de Rachel
Doutora,
A vida nunca me deu nada,
Que não fosse roubar depois,
Vim ao mundo pelada e chorando,
Sem saber se teria os braços dos dois...
Poderia ser amada ou desprezada,
O que sabia eu?
Se eu seria envolta em um cobertor,
Ou jogada num quanto ao céu?
De destino dúbio,
Tive casa, berço e coberto,
Fui feliz nesta casa,
Era meu mundo que um dia se retirou...
E nessa época da infância,
A vida me deu a bronquite,
Que fazia dos meus dias,
Ás vezes com ar, às vezes sem ar, uma esquisitice..
Da infância colorida,
Onde quase sempre tudo era alegria
De lá pouca coisa restou,
Era a vida que pouco a pouco repartia,
Levei comigo cicatrizes no joelho,
Saudades de um passarinho roubado,
Do meu gato desaparecido, da minha gata atropelada,
Das minhas amigas que tive que deixar meio abandonadas...
A vida muda rápido!
Dá e nós tira,
Tira e nós dá, brinca de io-io,
E se transforma numa sátira...
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNPYPSmVRG5eSl2urPCB8R3JEmBTPBlYGE1V3nslNZ-UNqzeAwpopwSAIrI0UqA7_CgRt1xc4WgNtTGogyqt7y7DKm2rCY5GN5mvY6W9Wqvo8-KGd4UbLtYQkeGpd-gi_ppdQpSkYcZGc/s320/untitled.png)
É isso que a vida é
Uma peça de teatro,
Oscilando no vai e vem do "é"....
E no meio do caminho,
Dá-nos um amor verdadeiro,
De cheiro, riso e alegria,
Para depois nos tirar por inteiro...
Da juventude,
Dos lindos e fartos cabelos castanhos,
Põe nos depois brancos e cinzas,
Poucos e frágeis,
Com os anos a vida nos dá sabedoria,
Mas não se anime minha filha,
Logo, logo vem a morte...
E nós atira para uma ilha...
Nenhum comentário:
Postar um comentário