terça-feira, 10 de julho de 2012

Paciente Trinta e Cinco! Um abraço!




Um abraço!



Filomena entrou no consultório quase não podendo segurar sua cabeça que se mexia de lá para cá e de cá para lá. Fora os movimentos incessantes de sua cabeça que insistia em dizer “não”, “não”, “não” sem ela querer, o seu rosto também se movimentava contra sua vontade. Os olhos abriam e fechava, a testa enrugava sem ela querer, havia movimentos em sua boca fazendo com que sua fala fosse quase incompreensível.  Muitas vezes eu não entendia o que ela dizia, mas eu nada falava, para não chateá-la... E olhando nos seus olhos, com sua fala enrolada, movimentos chatos que não a deixavam em paz, mesmo assim a compreendia profundamente.  Porque eu amei aquela paciente, baixinha, olhos grandes estalados, cabelos ruivos despenteados. O amor que emanava de mim como médica que queria ajudar aquela mulher era imenso. Ela estava nervosa, com medo de injeção, eu dizia que não era nada, era só uma dorzinha e que tudo iria ficar bem.
Comecei as aplicações em sua face, e depois pescoço, mas em cada injeção eu pedia a Deus que ela melhorasse... Ela não conseguia ficar parada, mas nada me intimidava, eu iria fazer os pontos de aplicação com a medicação a fim de que esses movimentos dessem uma trégua para aquele amargurado que mal podia entender porque tais movimentos haviam se instalado em seu corpo...
Quando tudo terminou, eu só pedi a Deus que pelo menos ela melhorasse um pouco... Ela nunca tinha tentado as aplicações...
Então, ela com toda a face cheia de pontinhos de sangue, ela perguntou para mim: “- Doutora, eu posso te dar um abraço?”. Eu sei que ela me podia sujar toda de sangue, mas eu disse: “- Claro que pode!”. E a abracei torcendo para que tudo ficasse bem ou pelo menos um pouco melhor...

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